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Estado de Minas

Remdesivir: como funciona a droga contra a covid-19 aprovada no Brasil e contraindicada pela OMS

Anvisa liberou o primeiro tratamento espec�fico contra a covid-19 no pa�s. Entenda como o rem�dio age e em que situa��es ser� utilizado.


12/03/2021 21:20 - atualizado 12/03/2021 21:20


A aprovação da Anvisa estabelece que o remdesivir só será prescrito em situações bastante específicas(foto: Getty Images)
A aprova��o da Anvisa estabelece que o remdesivir s� ser� prescrito em situa��es bastante espec�ficas (foto: Getty Images)

Um ano e um dia ap�s o in�cio da pandemia de covid-19, o Brasil aprovou o primeiro medicamento espec�fico contra a doen�a: o remdesivir (tamb�m grafado como rendesivir), desenvolvido pela farmac�utica americana Gilead Sciences.

 

O an�ncio foi feito na manh� desta sexta-feira (12/03) por representantes da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria, a Anvisa.

"O registro do medicamento � fruto da efic�cia, da seguran�a e da qualidade apresentadas. Seu uso ser� restrito aos hospitais, para que os pacientes sejam adequadamente monitorados", explicou Gustavo Mendes, gerente geral de Medicamentos e Produtos Biol�gicos da Anvisa.

 

O f�rmaco, j� aprovado em mais de 50 pa�ses (incluindo Estados Unidos, Canad�, Jap�o e toda a Uni�o Europeia), teve seu uso contraindicado pela Organiza��o Mundial da Sa�de em novembro de 2020.

 

"O remdesivir n�o vai ajudar no controle ou mudar o curso da pandemia. � uma medica��o que pode diminuir um pouco a chance de o paciente grave precisar do respirador, mas nos estudos ela n�o alterou a mortalidade e tem um custo elevad�ssimo", pontua a infectologista Raquel Stucchi, da Universidade Estadual de Campinas.

 

Mas como funciona esse tratamento? E em que casos de covid-19 ele ser� administrado?

Um freio no estrago viral

A droga desenvolvida pela Gilead Sciences pertence � classe dos antivirais, que t�m o objetivo de diminuir ou interromper a replica��o dos v�rus dentro do nosso corpo.

 

"O papel exato que ela faz frente � covid-19 permanece incerto", observa o infectologista Leonardo Weissmann, do Instituto Em�lio Ribas, em S�o Paulo.

 

No in�cio da infec��o, o coronav�rus invade as c�lulas localizadas na boca, no nariz e nos olhos.

 

A partir da�, ele aproveita o maquin�rio celular para criar novas c�pias de si mesmo, que perpetuam esse processo ao se apoderarem de novas c�lulas.

 

Esse ataque avan�a por v�rias partes do organismo e alcan�a �rg�os como os pulm�es e os intestinos.

 

Para completar a bagun�a, ocorre uma rea��o inflamat�ria, que pode lesar outros sistemas e tecidos vitais do corpo.

 

A consequ�ncia dessa agress�o toda s�o os sintomas t�picos da covid-19, como febre, dor muscular, tosse e falta de ar.


O remdesivir foi desenvolvido pela farmacêutica americana Gilead Sciences(foto: Getty Images)
O remdesivir foi desenvolvido pela farmac�utica americana Gilead Sciences (foto: Getty Images)

Na maioria dos casos, o sistema imunol�gico consegue controlar a situa��o ap�s alguns dias.

 

Mas muitos pacientes evoluem mal. Eles precisam ficar internados e recebem doses de oxig�nio e outros cuidados para sobreviver.

 

Uma parcela deles, infelizmente, n�o resiste aos danos e acaba morrendo.

 

O remdesivir atuaria em alguma dessas etapas do processo infeccioso, freando a replica��o do v�rus no organismo humano.

O que a ci�ncia diz?

O remdesivir foi testado num estudo patrocinado pelo Instituto Nacional de Alergia e Doen�as Infecciosas dos Estados Unidos que envolveu 1.048 volunt�rios hospitalizados com covid-19.

 

Entre fevereiro e maio do ano passado, 532 participantes da pesquisa receberam doses do medicamento durante 10 dias.

 

Os outros 516 tomaram placebo, que � uma subst�ncia sem nenhum efeito terap�utico.

Ao observarem como os dois grupos se sa�ram, os cientistas notaram que aqueles que foram tratados se recuperaram ap�s 10 dias, em m�dia.

 

J� na turma do placebo, esse tempo se prolongou para 15 dias.

 

Esses dados foram publicados no dia 5 de novembro no peri�dico cient�fico The New England Journal of Medicine.

 

Duas semanas depois, a OMS divulgou uma atualiza��o em suas diretrizes contraindicando o uso do remdesivir por n�o considerar que ainda havia uma comprova��o cient�fica robusta.

 

"As evid�ncias sugerem uma falta de benef�cios em mortalidade, necessidade de ventila��o mec�nica, tempo de melhora cl�nica e outros desfechos importantes", anunciou a entidade.

 

 

Para Stucchi, a decis�o da OMS tem a ver com os efeitos discretos e o valor elevado do tratamento. "Em termos de custo-benef�cio, o remdesivir n�o se mostrou efetivo ainda", avalia a m�dica.


Quando teve covid-19, o ex-presidente americano Donald Trump usou o remdesivir(foto: EPA/KEN CEDENO)
Quando teve covid-19, o ex-presidente americano Donald Trump usou o remdesivir (foto: EPA/KEN CEDENO)

O pre�o de venda no Brasil ainda n�o est� definido. Mas, nos Estados Unidos, o valor do tratamento completo fica na casa dos US$ 3 mil (cerca de R$ 17 mil).

 

Por meio de nota enviada � imprensa ap�s a aprova��o da Anvisa, a diretora m�dica s�nior da Gilead Sciences no Brasil, Rita Manzano Sarti, comentou a quest�o:

 

"Acreditamos que muitas vidas poder�o ser salvas frente aos benef�cios que o remdesivir pode gerar num momento de pico da pandemia, desafogando o sistema de sa�de e dando oportunidade para mais pacientes serem tratados adequadamente."

 

Durante a coletiva de imprensa, a Anvisa tamb�m deu o seu ponto de vista sobre as avalia��es distintas feitas pelas ag�ncias regulat�rias internacionais e a OMS:

 

"O estudo feito pela OMS avaliou mais a ocorr�ncia de mortalidade e pacientes com perfil um pouco diferente dos avaliados nos outros estudos que consideramos para liberar o rem�dio. O estudo que consideramos v�lido focou na redu��o do tempo de hospitaliza��o dos pacientes, e vimos que houve uma redu��o na hospitaliza��o", defendeu Renata Soares, gerente de avalia��o de seguran�a e efic�cia da Anvisa.

Como ser� seu uso?

A aprova��o da Anvisa estabelece que o remdesivir s� ser� prescrito em situa��es bastante espec�ficas.

 

Ele ser� comercializado na forma de p� concentra��es e, na hora da utiliza��o, precisa passar por um processo de reconstitui��o para virar l�quido e ser injetado.

 

� importante destacar que o f�rmaco n�o estar� dispon�vel nas farm�cias e s� ser� usado em ambiente hospitalar.

 

A terapia est� liberada apenas para uso entre cinco e dez dias em indiv�duos com mais de 12 anos e com um peso superior a 40 quilos.

 

Al�m de covid-19 avan�ada, o paciente eleg�vel para o tratamento dever� apresentar um quadro de pneumonia e necessitar de oxig�nio suplementar n�o invasivo.

Em outras palavras, ele n�o pode estar em ventila��o mec�nica ou oxigena��o por membrana extracorporal (conhecida como ECMO).

Para Weissmann, o medicamento ainda est� cercado de incertezas. "Os dados que temos sugerem que ele reduz o tempo de recupera��o, o que pode ser um benef�cio cl�nico.

 

Entretanto, n�o foi demonstrada claramente uma redu��o da mortalidade", avalia.

 

O uso ou n�o da terapia depender� da avalia��o caso a caso que ser� feita pela equipe de profissionais da sa�de.

Outros tratamentos

Por ora, nenhuma outra droga mostrou ser capaz de prevenir ou tratar especificamente a covid-19.

 

Nos casos mais graves, que exigem hospitaliza��o e intuba��o, os m�dicos costumam utilizar oxig�nio e alguns rem�dios anti-inflamat�rios.

 

Nos quadros leves e moderados, a indica��o � ficar em casa, fazer repouso, tomar bastante �gua e, se necess�rio, usar medica��es que controlem a febre e a dor no corpo.

Caso apare�a falta de ar ou os sintomas piorem, vale procurar a orienta��o de um profissional de sa�de ou um pronto-socorro.

 

Drogas como a hidroxicloroquina, a ivermectina e a azitromicina, que comp�em o chamado "tratamento precoce" ou o "kit-covid", n�o possuem nenhuma efic�cia e s�o contraindicadas pelas mais importantes institui��es de sa�de nacionais e internacionais, por conta do risco de efeitos colaterais s�rios, como arritmia card�aca.


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