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Estado de Minas

Demiss�o de comandantes n�o tira apoio militar a Bolsonaro, dizem cientistas pol�ticos

Com a troca no comando, a BBC News Brasil ouviu estudiosos para entender o movimento dos militares em rela��o ao governo Bolsonaro. 'Os generais deveriam ser transparentes e contar � sociedade o que Bolsonaro pediu a eles a ponto de renunciarem aos cargo', disse um cientista pol�tico � reportagem.


30/03/2021 20:44 - atualizado 30/03/2021 20:44

Mudanças nas Forças Armadas foram anunciadas nesta terça pelo governo Bolsonaro(foto: EPA)
Mudan�as nas For�as Armadas foram anunciadas nesta ter�a pelo governo Bolsonaro (foto: EPA)
A mudan�a no comando das For�as Armadas anunciada nesta nesta ter�a-feira (30/3) foi uma tentativa dos generais de desvincular as institui��es do governo Jair Bolsonaro, mas n�o vai alterar o apoio e a participa��o de militares na gest�o do presidente.

 

A avalia��o � de cientistas pol�ticos e estudiosos das For�as Armadas ouvidos pela BBC News Brasil nesta tarde.

 

As mudan�as ocorrem um dia ap�s a demiss�o do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, substitu�do pelo general Walter Braga Netto, que estava at� ent�o na Casa Civil.

 

Hoje, a pasta anunciou que os comandantes Edson Pujol (Ex�rcito), Ilques Barbosa Junior (Marinha) e Antonio Carlos Bermudez (Aeron�utica) deixaram o comando das institui��es.

 

Nas �ltimas horas, a imprensa relatou que os tr�s generais se reuniram ap�s a demiss�o de Azevedo e decidiram abandonar os cargos em apoio ao colega.

 

Os generais estariam descontentes com supostas tentativas de Bolsonaro de interferir politicamente nas for�as ao exigir um apoio maior dos generais ao governo e a suas frequentes amea�as de ruptura com a democracia.

 

Ao sair, Azevedo afirmou que, no per�odo em que ficou na pasta, preservou "as For�as como institui��es de Estado". A fala foi vista como uma cr�tica �s tentativas de Bolsonaro de "politizar" os quart�is.

 

A sa�da tem sido vista como um ato de protesto pela demiss�o sum�ria de Azevedo. Essa � a primeira vez que os tr�s comandantes das For�as Armadas deixam seus cargos ao mesmo tempo por discord�ncia com o presidente da Rep�blica.

 

Para Juliano Cortinhas, professor de Rela��es Internacionais da Universidade de Bras�lia (UnB), a sa�da dos comandantes n�o deve ser interpretada como um "desembarque" das For�as Armadas do governo Bolsonaro.

 

"N�o � porque os tr�s generais e o ministro Azevedo deixaram seus postos que os 6 mil militares, da ativa e da reserva, v�o deixar seus cargos no governo, seus apartamentos funcionais e o sal�rios que recebem", diz Cortinhas.


Pujol saiu do comando do Exército nessa terça-feira(foto: Getty Images)
Pujol saiu do comando do Ex�rcito nessa ter�a-feira (foto: Getty Images)

"Houve uma diverg�ncia em um ponto, mas o governo vai continuar extremamente militarizado e com o apoio das For�as Armadas que teve desde o in�cio", afirma.

 

Estima-se que cerca de 6 mil militares tenham cargos em diferentes �reas do governo Bolsonaro, como cadeiras em minist�rios e na chefia de empresas estatais.

 

Um dos exemplos mais conhecidos foi Eduardo Pazuello, general da ativa do Ex�rcito, que por dez meses esteve � frente do Minist�rio da Sa�de durante a pandemia de covid-19.

 

Sua gest�o, considerada desastrosa, estimulou o uso de medicamentos sem efic�cia comprovada cientificamente e est� sendo investigada por omiss�o durante a escassez de oxig�nio hospitalar em Manaus, em janeiro deste ano.

 

Pazuello assumiu o cargo sob elogios por sua suposta compet�ncia em log�stica, mas, quando ele deixou a pasta, o Brasil j� registrava mais de 270 mil mortes por covid-19 e a vacina��o contra a doen�a caminhava a passos lentos.

 

Agora, com a mudan�a no comando das tr�s for�as militares, existe o receio que os novos comandantes possam embarcar na ret�rica de ruptura com a democracia que Bolsonaro tem utilizado nos �ltimos anos.

 

Recentemente, o agora ex-comandante Edson Pujol afirmou que o Ex�rcito n�o tem partido pol�tico nem participaria de movimentos de ruptura autorit�ria.

 

Nesta ter�a, o vice-presidente Hamilton Mour�o, general da reserva, afirmou ao G1 que n�o h� chance das For�as Armadas participarem de algum golpe.

 

"A troca nas For�as Armadas demonstra um distanciamento desses generais com o governo, mas n�o � uma crise. O apoio e participa��o dos militares continuam, eles escolheram fazer parte desse jogo, escolheram participar do governo e deram um aval a Bolsonaro. Vivemos um momento muito preocupante em rela��o � democracia", diz Cortinhas.

 

Para Augusto Teixeira Jr. cientista pol�tico da Universidade Federal da Para�ba, as For�as Armadas vivem um momento de contradi��o em rela��o ao governo.

"Ao mesmo tempo em que os generais dizem que as For�as Armadas s�o �rg�os de Estado, e n�o do governo Bolsonaro, milhares de militares ocupam cargos nesse mesmo governo, inclusive em minist�rios importantes. O vice-presidente da Rep�blica, Hamilton Mour�o, � um militar da reserva", diz Teixeira Jr.

 

"A sa�da dos generais gerou um terremoto nas For�as Armadas. Essa contradi��o se esgar�ou, mas n�o acredito que haver� um desembarque do governo. H� um perigo evidente de politiza��o dos quart�is, e essa � uma armadilha dif�cil de sair. O governo Bolsonaro um dia vai acabar, mas as For�as Armadas v�o continuar", diz o cientista pol�tico.

 

O cientista pol�tico Lucas Pereira Rezende, professor da Universidade Federal de Santa Catarina, concorda que uma sa�da dos militares do governo n�o deve ocorrer e tamb�m credita o momento conturbado � escolha das For�as Armadas em apoiar e participar da gest�o bolsonarista.

 

"Esse tipo de crise acontece quando militares decidem entrar na pol�tica. Hoje, muitos militares ganham muito dinheiro com cargos comissionado. Eles n�o v�o largar o governo", diz.

 

Para ele, tanto os tr�s comandantes como o ex-ministro Fernando Azevedo e Silva deveriam ser transparentes ao explicar por que deixaram os cargos. "Se resta alguma honra � farda, os quatro deveriam contar � sociedade os motivos que os levaram a sair de seus cargos. O que de t�o grave Bolsonaro pediu a ponto de eles decidirem sair? A sociedade precisa saber o que aconteceu."


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