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Estado de Minas FAKE NEWS

Covid: Por que ci�ncia diz que ficar em casa reduz transmiss�o, ao contr�rio de tu�te de Eduardo Bolsonaro

O Twitter alertou para poss�vel "publica��o de informa��es enganosas e potencialmente prejudiciais relacionadas � covid-19".


13/04/2021 09:26 - atualizado 13/04/2021 09:41


Eduardo Bolsonaro diz que no lockdown as 'pessoas são condenadas a ficarem confinadas em casa, aumentando a proliferação do vírus'(foto: EPA)
Eduardo Bolsonaro diz que no lockdown as 'pessoas s�o condenadas a ficarem confinadas em casa, aumentando a prolifera��o do v�rus' (foto: EPA)

O Twitter alertou para poss�vel "publica��o de informa��es enganosas e potencialmente prejudiciais relacionadas � covid-19" em um post do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) sobre "lockdown" e distanciamento social publicado na segunda-feira (12/04).

Eduardo Bolsonaro publicou em seu perfil: "Lockdown � o oposto de distanciamento social. No lockdown as pessoas s�o condenadas a ficarem confinadas em casa, aumentando a prolifera��o do v�rus".

Em seguida, o Twitter colocou um aviso no post: "Este tweet violou as regras do Twitter sobre a divulga��o de informa��es enganosas e potencialmente prejudiciais relacionadas ao covid-19. No entanto, o Twitter determinou que pode ser do interesse p�blico que o tweet permane�a acess�vel".

A mensagem de Eduardo Bolsonaro ainda est� no ar, mas � preciso entrar no perfil do deputado e clicar no post marcado pelo Twitter para visualizar o que o deputado escreveu.

As declara��es do deputado v�o contra o que diz a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) sobre lockdowns.


Twitter alertou para 'informações enganosas' em post de Eduardo Bolsonaro(foto: Twitter)
Twitter alertou para 'informa��es enganosas' em post de Eduardo Bolsonaro (foto: Twitter)

O coronav�rus se espalha sobretudo atrav�s de got�culas no ar, quando existe intera��o pr�xima entre pessoas.

Ao confinar as pessoas em suas casas, o lockdown reduz essas intera��es e aglomera��es, diminuindo a dissemina��o do v�rus. Em diversos pa�ses da Europa em que o lockdown foi usado, houve uma dr�stica redu��o no n�mero de casos, hospitaliza��es e mortes.

Tr�s estudos publicados na revista cient�fica The Lancet — um sobre a It�lia, um sobre a Fran�a e outro sobre o Reino Unido — consideraram que os lockdowns adotados nesses tr�s pa�ses forem eficazes para reduzir o n�mero de casos e mortes, bem como de hospitaliza��es.

"Medidas de bloqueio superam restri��es menos rigorosas na redu��o de mortes cumulativas", afirma o estudo sobre o Reino Unido, publicado em dezembro do ano passado.

Existe a possibilidade de pessoas infectadas com o v�rus contaminarem outras em suas pr�prias casas. Essa probabilidade � alta, j� que dentro do �mbito familiar a proximidade � grande e por vezes a ventila��o do ambiente � prec�ria, o que facilita o cont�gio.

No entanto, esse tipo "caseiro" de cont�gio cai drasticamente durante um lockdown, porque as pessoas est�o circulando menos pelas ruas e h� menos gente trazendo o v�rus para dentro de suas casas. Consequentemente a medida ajuda a conter a pandemia, e n�o a expandi-la.

Evitar 5 mil mortes di�rias

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil apontam que um lockdown semelhante ao adotado em outras grandes democracias ao redor do mundo, como ocorre na Europa, � um caminho-chave para que o Brasil consiga evitar alcan�ar a marca de 5.000 mortes di�rias pelo coronav�rus.

Em 19 de maio de 2020, o pa�s atingiu pela primeira vez a marca das mil mortes di�rias. Dez meses depois, o pa�s alcan�ou a casa de 2.000 �bitos por dia. Em apenas tr�s semanas, este n�mero saltou para 3 mil, no in�cio de abril.

Cinco dias depois, em 06/04, um novo recorde entrava para a hist�ria da pandemia: o pa�s perdia em 24 horas um total de 4.165 pessoas para a infec��o pelo coronav�rus.

De acordo com especialistas ouvidos pela reportagem, n�o h� forma de sair da crise sem um lockdown nacional de, no m�nimo, tr�s semanas. Eles explicam que, com menos circula��o nas ruas, o coronav�rus encontra menos pessoas vulner�veis para infectar.

Pessoas que saem de casa, pegam transporte p�blico e circulam por com�rcios acabam tendo proximidade com centenas de outras pessoas. Elas, assim, t�m mais chance de encontrar algu�m doente e contrair o v�rus - esse processo de deslocamentos e intera��es � chamado por cientistas de cadeia de transmiss�o da doen�a.

O lockdown quebra as tais cadeias de transmiss�o e impede que ela se espalhe em progress�o geom�trica em condom�nios, ruas, bairros ou cidades inteiras.

Para derrubar as cadeias de transmiss�o, os epidemiologistas calculam que seria necess�rio manter cerca de 70% dos brasileiros dentro de casa durante a vig�ncia do lockdown.

"Nesse sentido, a circula��o s� estaria liberada para trabalhadores essenciais de verdade, como aqueles que integram os servi�os de sa�de e a cadeia produtiva de alimenta��o", explica a epidemiologista Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Esp�rito Santo.

Custos e benef�cios

A OMS diz o contr�rio do que fala Eduardo Bolsonaro: a entidade afirma que o lockdown pode ser eficiente em retardar a transmiss�o do coronav�rus.

O objetivo do lockdown � reduzir o ritmo de reprodu��o do coronav�rus, conhecido como "R". Quando o �ndice "R" est� acima de 1, a pandemia est� se expandindo; quando ele fica abaixo de 1, ela est� diminuindo. O lockdown foi utilizado por diversos pa�ses em momentos em que o "R" estava muito acima de 1.

Mas a OMS recomenda cautela aos governos que optarem por adot�-la, devido ao impacto que as restri��es podem ter na sa�de mental das pessoas.


Reino Unido teve um longo lockdown que começou a ser levantado nesta semana(foto: Getty Images)
Reino Unido teve um longo lockdown que come�ou a ser levantado nesta semana (foto: Getty Images)

"Medidas de distanciamento f�sico em grande escala e restri��es de movimento, muitas vezes referidas como lockdowns, podem retardar a transmiss�o da covid-19, limitando o contato entre as pessoas", afirmou a OMS em uma sess�o de perguntas e respostas publicada no seu site em 31 de dezembro de 2020.

A entidade recomenda que cada autoridade de sa�de pese os benef�cios e custos do lockdown de acordo com sua situa��o particular.

"No entanto, essas medidas podem ter um impacto negativo profundo sobre os indiv�duos, comunidades e sociedades, ao trazer a vida social e econ�mica quase a uma paralisa��o. Essas medidas afetam desproporcionalmente os grupos desfavorecidos, incluindo pessoas em situa��o de pobreza, migrantes, pessoas deslocadas internamente e refugiados, que na maioria das vezes vivem em locais superlotados e com poucos recursos, e dependem do trabalho di�rio para sua subsist�ncia", diz a entidade.

"A OMS reconhece que, em certos pontos, alguns pa�ses n�o tiveram escolha a n�o ser emitir pedidos de perman�ncia em casa e outras medidas para ganhar tempo."

"Os governos devem aproveitar ao m�ximo o tempo extra concedido pelas medidas de lockdown, fazendo tudo o que puderem para desenvolver suas capacidades de detectar, isolar, testar e cuidar de todos os casos; rastrear e colocar em quarentena todos os contatos; engajar, capacitar e permitir que as popula��es impulsionem a resposta da sociedade e muito mais."

"A OMS espera que os pa�ses usem interven��es direcionadas onde e quando necess�rio, com base na situa��o local."

A OMS tamb�m n�o usa o termo "distanciamento social", publicado por Eduardo Bolsonaro. A entidade prefere adotar o termo "distanciamento f�sico", j� que a entidade ressalta que � importante que as pessoas continuem socialmente conectadas, ainda que fisicamente distantes, para evitar a dissemina��o do v�rus.

A pol�mica em torno do lockdown gira em torno da sua efic�cia e dos seus custos para a popula��o.

Em outubro, milhares de pesquisadores e profissionais de sa�de assinaram uma carta conhecida como Declara��o de Great Barrington.

O grupo pede que as pol�ticas de lockdown se concentrem nos mais vulner�veis, permitindo que pessoas saud�veis sigam suas vidas com mais normalidade.

Eles defendem que manter pol�ticas de restri��o rigorosas at� que uma vacina esteja dispon�vel causaria "danos irrepar�veis, com os menos privilegiados sendo desproporcionalmente prejudicados".

Mas muitos cientistas e autoridades de sa�de acreditam que o lockdown � essencial para conter a pandemia. Um estudo do governo brit�nico indicou que o n�mero "R" caiu para 0,6 ap�s o primeiro lockdown em abril do ano passado.

Ou seja, ao final do lockdown, cada mil pessoas infectadas estavam transmitindo o v�rus para outras 600, que o transmitiam para outras 360 e assim por diante — diminuindo o tamanho da pandemia.

No Brasil, restri��es vem sendo adotadas por governadores e prefeitos para conter a dissemina��o do v�rus. Diversos Estados adotaram um sistema de sem�foro, com restri��es maiores em lugares mais gravemente atingidos pela pandemia.

Mas o governo federal � contra qualquer tipo de lockdown. O ministro da Sa�de, Marcelo Queiroga, se manifestou contra a medida neste m�s.

"Eu pergunto a voc�: 'Quem quer lockdown?'. Ningu�m quer lockdown. O que n�s temos do ponto de vista pr�tico � adotar medidas sanit�rias eficientes que evitem lockdown, at� porque a popula��o n�o adere a lockdown."


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