(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

O mist�rio do tecido antigo que ningu�m sabe como recriar

H� cerca de 200 anos, a musselina de Dhaka era o tecido mais valioso do planeta. Pouco depois, ela sumiu da face da Terra. O que aconteceu? Podemos ressuscit�-la?


17/04/2021 15:02 - atualizado 17/04/2021 15:02

A musselina de Dhaka foi apreciada por séculos mas, após alta demanda na Europa iluminista e crise no seu polo de produção, desapareceu(foto: Drik/ Bengal Muslin)
A musselina de Dhaka foi apreciada por s�culos mas, ap�s alta demanda na Europa iluminista e crise no seu polo de produ��o, desapareceu (foto: Drik/ Bengal Muslin)
Na Europa do fim do s�culo 18, uma nova moda virou tamb�m um esc�ndalo: toda uma classe social foi acusada de aparecer em p�blico... nua.

Tudo porque a musselina de Dhaka, um tecido valioso importado da cidade de mesmo nome no que hoje � em Bangladesh, se tornou uma sensa��o entre a aristocracia europeia.

 

Embora o tecido fosse originalmente usado em saris e jamas (roupas tradicionais da regi�o da �ndia, para mulheres e homens respectivamente), em pa�ses europeus como Inglaterra e Fran�a ele se tornou o estilo da aristocracia.

 

Vestidos muito estruturados, que mal passavam pela porta, deram lugar a aparentes "camisolas" com esse pano um pouco transparente, leve e delicado.

 

Em uma ilustra��o sat�rica e popular de Isaac Cruikshank, mulheres aparecem juntas com seus vestidos longos e coloridos de musselina, pela qual se veem tamb�m seus mamilos e pelos pubianos. Abaixo, a descri��o diz: "Senhoras parisienses com seus vestidos de inverno para 1800".


Gravura satírica do século 19, mostrando traje tradicional e um vestido de musselina(foto: Getty Images)
Gravura sat�rica do s�culo 19, mostrando traje tradicional e um vestido de musselina (foto: Getty Images)

 

Apesar das cr�ticas, a musselina de Dhaka foi acima de tudo um sucesso — entre aqueles que podiam pagar por ela. O tecido era o mais caro da �poca, com adeptos como a rainha francesa Maria Antonieta, a imperatriz Jos�phine Bonaparte e a escritora inglesa Jane Austen.

 

Mas t�o logo se tornou uma sensa��o na Europa iluminista, ele desapareceu.

 

No in�cio do s�culo 20, ap�s centenas de anos encantando a nobreza de diversos tempos e cantos, a musselina de Dhaka sumiu da face da Terra.

 

Sua complicada t�cnica de confec��o, com 16 etapas, foi esquecida; o raro algod�o originado da planta Gossypium arboreum var. neglecta, que s� crescia nas margens do rio sagrado Meghna e era conhecido localmente como phuti karpas, foi extinto abruptamente.

 

Como isso aconteceu? E o desaparecimento pode ser revertido?

Fios fr�geis: uma miss�o comunit�ria


A phuti karpas produzia fios muito frágeis, o que fazia de etapas como a fiação processos bem mais difíceis(foto: Drik/Bengal Muslin)
A phuti karpas produzia fios muito fr�geis, o que fazia de etapas como a fia��o processos bem mais dif�ceis (foto: Drik/Bengal Muslin)

 

Duas vezes ao ano, as plantas nas margens do Meghna produziam uma �nica flor amarela, que depois dava lugar a fibras de algod�o.

 

E estas n�o eram fibras comuns. Diferentemente dos fios delgados produzidos por seu primo centro-americano Gossypium hirsutum, respons�vel por 90% do algod�o mundial hoje, a phuti karpas produzia fios grossos e fr�geis.

 

Isso pode parecer um defeito, mas depende de o que voc� est� planejando fazer.

 

As fibras do algod�o desaparecido seriam in�teis para fazer um tecido barato com o maquin�rio industrial dos nossos tempos. Elas desafiam o manuseio por se romperem facilmente.

 

Por isso, ao longo de mil�nios, a popula��o local desenvolveu t�cnicas engenhosas para trabalhar com estes fios delicados. O processo completo envolvia 16 etapas — cada uma t�o especializada que era realizada por aldeias diferentes em torno de Dhaka, distribu�das no que s�o hoje Bangladesh e o Estado indiano de Bengala Ocidental.

 

Era um verdadeiro esfor�o comunit�rio, envolvendo jovens e idosos, homens e mulheres.

 

Primeiro, as bolas de algod�o eram limpas com min�sculos dentes do peixe-gato de wallago, um nativo canibal dos lagos e rios da regi�o.

 

Em seguida, vinha a fia��o. As fibras curtas do algod�o exigiam altos n�veis de umidade para estic�-las, por isso essa etapa era realizada em barcos, por grupos habilidosos de mo�as no in�cio da manh� e no final da tarde — os hor�rios mais �midos do dia.

 

Finalmente, a tecelagem. Essa fase poderia levar meses para ser conclu�da, pois os desenhos — principalmente formas geom�tricas representando flores — eram integrados diretamente ao tecido, usando a mesma t�cnica aplicada nas famosas tape�arias reais da Europa medieval.

Um tecido que s� poderia vir das m�os de fadas


Uma das adeptas da musselina de Dhaka foi Joséphine Bonaparte, a primeira esposa de Napoleão(foto: Getty Images)
Uma das adeptas da musselina de Dhaka foi Jos�phine Bonaparte, a primeira esposa de Napole�o (foto: Getty Images)

 

Longe dali, quem tinha contato com a musselina de Dhaka duvidava que ela pudesse ser obra de m�os humanas — havia lendas de que ela era feita por sereias, fadas e at� fantasmas.

 

Poetas dos tempos de imperialismo brit�nico chamavam o pano de "baft-hawa" — literalmente "tecido de ar", pois ele era leve e suave como o vento.

 

"A leveza, a suavidade — era diferente de tudo o que temos hoje", afirma Ruby Ghaznavi, vice-presidente do Conselho Nacional de Artesanato de Bangladesh.

Mas o verdadeiro feito era a contagem de fios alcan�ada.

 

A medida de contagem de fios � desejavelmente alta porque isto representa materiais mais macios e dur�veis — quanto mais fios houver no in�cio, mais restar� para manter o tecido unido ao longo do tempo.


A musselina de Dhaka tinha contagem de fios chegando a 1.200 %u2014 hoje em dia, o número mais alto que costuma-se chegar é 300(foto: Drik/Bengal Muslin)
A musselina de Dhaka tinha contagem de fios chegando a 1.200 %u2014 hoje em dia, o n�mero mais alto que costuma-se chegar � 300 (foto: Drik/Bengal Muslin)

 

Saiful Islam, que dirige uma ag�ncia fotogr�fica e lidera um projeto para ressuscitar o tecido, diz que a maioria dos tecidos de hoje t�m contagem de fios entre 40 e 80 — o que significa que cont�m aproximadamente esse n�mero de fios horizontais e verticais entrecruzados por polegada quadrada de tecido. A musselina de Dhaka, por outro lado, tinha contagem de fios na faixa de 800-1200.

 

Embora a musselina tenha desaparecido h� mais de um s�culo, ainda hoje existem saris, t�nicas, len�os e vestidos com esse tecido nos museus. Ocasionalmente, um exemplar aparece em casas de leil�es sofisticadas como a Christie's e a Bonhams, abocanhando milhares de libras.

Auge e decl�nio com interfer�ncia europeia

"O com�rcio (do tecido) foi constru�do e destru�do pela Companhia das �ndias Orientais (empresa brit�nica que controlava e governava grande parte das �ndias)", diz Sonia Ashmore, uma historiadora do design que publicou em 2012 um livro sobre a musselina.

 

Antes disso, por�m, o pano j� era carregado de hist�ria.

 

Ele era popular entre os gregos antigos, e o autor romano Petronius pode ter sido o primeiro a ter uma cr�tica � transpar�ncia do tecido registrada: "Tua noiva pode muito bem vestir-se com uma roupa de vento, em vez de ficar nua publicamente sob as nuvens da musselina."

 

Nos s�culos seguintes, o tecido foi exaltado nos escritos do explorador berbere-marroquino do s�culo 14 Ibn Battuta e do viajante chin�s do s�culo 15 Ma Huan, entre muitos outros.

 

Mas sem d�vida o apogeu da musselina de Dhaka aconteceu na era Mughal — nome da realeza local. O imp�rio no sul da �sia foi fundado em 1526 por um guerreiro do que hoje � o Uzbequist�o e, no s�culo 18, seu dom�nio chegava a todo o subcontinente indiano. Durante este per�odo, a musselina foi amplamente negociada com mercadores da P�rsia (atual Ir�), Iraque, Turquia e outras partes do Oriente M�dio.

 

O pano foi totalmente incorporado pelos imperadores de Mughal e suas esposas, que raramente eram pintados usando outra coisa.

 

A nobreza chegava ao ponto de contratar os melhores tecel�es, proibindo-os de vender os melhores tecidos a terceiros. Segundo uma lenda popular, o imperador Aurangzeb repreendeu sua filha por aparecer em p�blico nua, quando ela estava, na verdade, usando sete camadas do pano.


Fotografia antiga mostra tecelões de musselina(foto: Drik/Bengal Muslin)
Fotografia antiga mostra tecel�es de musselina (foto: Drik/Bengal Muslin)

 

Tudo estava indo muito bem, at� que os brit�nicos apareceram, conquistando em 1793 o imp�rio Mughal atrav�s da Companhia das �ndias Orientais.

 

A musselina de Dhaka foi exibida pela primeira vez no Reino Unido na Grande Exposi��o das Obras da Ind�stria de Todas as Na��es em 1851. Este grande evento foi idealizado pelo marido da Rainha Vit�ria, o Pr�ncipe Albert, com o objetivo de mostrar as maravilhas do Imp�rio Brit�nico aos seus s�ditos. Cerca de 100 mil objetos de todo o mundo foram reunidos em um sal�o de vidro com quase 40 metros de altura, o Crystal Palace.

 

Na �poca, um metro de musselina de Dhaka tinha pre�os que variavam ente 50-400 libras, de acordo com Saiful Islam — aproximadamente 7 mil a 56 mil libras hoje (de R$ 54 mil a R$ 433 mil). Mesmo a melhor seda era at� 26 vezes mais barata.

 

Enquanto os londrinos vitorianos bajulavam o tecido, aqueles que o produziam estavam sendo sugados para o endividamento e para a fal�ncia. Como explica o livro Goods from the East, 1600-1800, a Companhia das �ndias Orientais come�ou a interferir no delicado processo de fabrica��o da musselina de Dhaka no final do s�culo 18.

 

Primeiro, a empresa trocou consumidores locais por clientes do Imp�rio Brit�nico.

 

"Eles realmente estrangularam a produ��o e passaram a controlar todo o com�rcio", diz Ashmore. Em seguida, passaram a pressionar os tecel�es por maiores volumes do tecido a pre�os mais baixos.

 

"Era necess�ria uma habilidade especial para convert�-la [a phuti karpas] em tecido", diz Islam. "� um processo muito �rduo e caro — e no final do dia, voc� s� obtinha cerca de oito gramas de musselina fina por um quilo de algod�o."

 

Conforme os tecel�es lutavam para atender a essas demandas, eles se endividaram, conta Ashmore. Eles recebiam pagamento adiantado pelo tecido, que poderia levar um ano para ser feito. Mas se o produto n�o estivesse de acordo com o padr�o exigido, era preciso devolver a quantia recebida.

 

"Eles nunca conseguiam de verdade encerrar as d�vidas", diz a historiadora.

 

O golpe final veio da competi��o. � medida que a sede europeia por tecidos de luxo aumentava, surgiu a demanda pela fabrica��o de vers�es mais baratas e em locais mais pr�ximos.

 

No condado de Lancashire, no noroeste da Inglaterra, o bar�o Samuel Oldknow combinou o bom tr�nsito nos corredores do poder do Imp�rio Brit�nico com uma tecnologia de ponta, a roda de fiar, para abastecer os londrinos com grandes quantidades de pano. Em 1784, 1 mil tecel�es trabalhavam para o bar�o.

 

Embora a musselina brit�nica n�o chegasse perto da original de Dhaka — aquela era feita com algod�o comum e tecida com contagem de fios significativamente mais baixa —, a combina��o de d�cadas de dificuldades e o decl�nio repentino na demanda por tecidos importados acabou de vez com a produ��o asi�tica.

 

� medida que guerras, a pobreza e terremotos atingiam a regi�o, alguns tecel�es passaram a fazer tecidos de qualidade inferior, enquanto outros se tornaram agricultores em tempo integral. No final, toda a cadeia de produ��o e com�rcio de Dhaka entraram em colapso.

 

"� importante lembrar que se tratava de uma ocupa��o familiar — frequentemente falamos sobre os tecel�es e como eles eram fant�sticos, mas por tr�s de seu trabalho estavam as mulheres, fazendo a fia��o", diz Hameeda Hossain, uma ativista de direitos humanos que escreveu um livro sobre a ind�stria da musselina em Bengala.

 

Com o passar das gera��es, o conhecimento de como fazer o tecido foi esquecido. E sem ningu�m para tecer seus fios, a planta phuti karpas, que sempre foi dif�cil de se domar, voltou para a obscuridade selvagem.

Segunda chance


Tecelagem da musselina de Dhaka podia levar meses(foto: Drik/Bengal Muslin)
Tecelagem da musselina de Dhaka podia levar meses (foto: Drik/Bengal Muslin)

 

Islam nasceu em Bangladesh e mudou-se para Londres h� cerca de 20 anos. Ele tomou conhecimento da musselina de Dhaka pela primeira vez em 2013, quando a empresa para a qual trabalha, Drik, foi convidada a participar de um projeto de exposi��o sobre o material.

 

Ele e sua equipe sentiram que faltavam detalhes, ent�o conduziram suas pr�prias pesquisas.

 

No ano seguinte, Islam conheceu artes�es locais de Dhaka, explorou a regi�o onde ela era produzida e procurou exemplares da musselina em museus da Europa.

 

"O Museu Victoria and Albert (em Londres) tem uma cole��o excelente, com centenas de pe�as", diz Islam. "Se voc� for para o English Heritage Trust (organiza��o de patrim�nio cultural da Inglaterra), eles t�m 2.000 pe�as. E, no entanto, Bangladesh n�o tinha nenhuma."

 

A equipe acabou fazendo a curadoria de v�rias exposi��es sobre o material, encomendou um filme e publicou um livro de autoria de Islam.

Em um dado momento, os planos chegaram mais longe: seria poss�vel ressuscitar o lend�rio tecido?

 

Com esse objetivo, eles fundaram a Bengal Muslin, uma empresa colaborativa.

A primeira tarefa foi encontrar a planta certa. Embora n�o haja sementes de phuti karpas em nenhuma cole��o hoje, o grupo encontrou um livreto no Jardim Bot�nico Real de Kew (Inglaterra) com suas folhas secas e preservadas. A partir delas, foi poss�vel sequenciar o DNA.

 

J� com os segredos gen�ticos da planta em m�os, a equipe voltou para Bangladesh. Eles compararam mapas antigos do do rio Meghna com imagens de sat�lite modernas, buscando os melhores terrenos para eventual replantio. Em seguida, alugaram um barco e vasculharam plantas selvagens que se parecessem com os desenhos antigos.

 

Todas as op��es promissoras foram sequenciadas e comparadas com o original. Eventualmente, encontraram uma planta com compatibilidade de 70% — um arbusto que pode ter tido ancestrais phuti karpas.

 

Como terreno para cultivo, a equipe inicialmente escolheu um pequena ilha no meio do Meghna, em Kapasia, a 30 km de Dhaka, na dire��o norte.

"Era muito ideal. O terreno � f�rtil porque se formou com o ac�mulo de sedimentos do rio", explica Islam.


A equipe da Bengal Muslin contou com a ajuda de moradores locais na busca pela planta perdida(foto: Drik/Bengal Muslin)
A equipe da Bengal Muslin contou com a ajuda de moradores locais na busca pela planta perdida (foto: Drik/Bengal Muslin)

Foi l� que, em 2015, ele e os colegas plantaram algumas sementes para teste. Logo havia fileiras ordenadas de phuti karpas — as primeiras cultivadas em mais de um s�culo.

 

No mesmo ano, a equipe fez sua primeira colheita. Embora n�o tivessem tudo para fazer uma musselina de Dhaka 100% aut�ntica, eles colaboraram com fiandeiros indianos para combinar algod�o comum e algod�o das phuti karpas — formando um fio h�brido.

 

Em seguida, foi a vez da tecelagem, etapa que se mostrou mais complicada do que o esperado.

 

Como ainda existem tecel�es em Bangladesh fazendo a musselina do tipo jamdani, Islam esperava que pudesse simplesmente trabalhar conjuntamente para que atualizassem suas habilidades e produzissem um tecido de qualidade, e exig�ncia, mais alta.

 

"Mas, na realidade, nenhum deles queria trabalhar nisso", lembra Islam.

Quando ele disse que queria fazer saris de 300 fios, "todos responderam que isso era uma loucura".

 

Das 25 pessoas que ele abordou, uma acabou topando o trabalho conjunto.

Al Amin, agora o mestre tecel�o, adicionou controles de temperatura e umidificadores � sua oficina para criar as condi��es necess�rias de confec��o deste tecido complicado. Foi preciso construir tamb�m 50 novas ferramentas, particulares � produ��o da musselina de Dhaka e indispon�veis at� ent�o.

 

Seis trabalhosos meses depois, Amin havia feito um s�ri de 300 fios — nada perto do padr�o original da musselina de Dhaka, mas significativamente mais alto do que qualquer tecel�o havia alcan�ado por gera��es.

 

Em 2021, a equipe fez v�rios saris com sua musselina h�brida, que j� foram exibidos em todo o mundo. Alguns foram vendidos por milhares de libras — e Islam diz que a resposta favor�vel prova que o tecido tem futuro.

"Nos dias de hoje, na era da produ��o em massa, � sempre interessante ter algo especial", diz.

 

Islam espera que chegue o dia em que consigam fazer um sari de musselina Dhaka puro, com um n�mero de fios ainda maior.

 

"� uma quest�o de orgulho nacional", diz Islam, que tamb�m quer melhorar a imagem de Bangladesh. "� importante que nossa identidade n�o seja ligada apenas � pobreza, por nossas ind�strias de confec��es (precarizadas), mas tamb�m pela origem de um dos melhores tecidos que j� existiu."


J� assistiu aos nossos novos v�deos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)