
O primeiro lote de vacinas da Pfizer/BioNTech contra a covid-19 chegou ao Brasil na noite desta quinta-feira (29/4). O desembarque dos imunizantes no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), foi acompanhado pelo ministro da Sa�de, Marcelo Queiroga.
O governo federal disse que vai distribuir as vacinas para as 27 capitais do pa�s entre sexta-feira (30/4) e s�bado (1°/5). Embora tenha divulgado que a divis�o ser� "proporcional e igualit�ria", o minist�rio ainda n�o detalhou a quantidade de doses que enviar� para cada local.
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Devido � necessidade de baixas temperaturas para manter a vacina da Pfizer, o Minist�rio da Sa�de informou que est� orientando que, para essa primeira remessa, a vacina��o fique restrita �s capitais e, se poss�vel, ocorra em unidades de sa�de que possuam c�maras refrigeradas cadastradas na Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa).
As doses chegaram ao Brasil armazenadas em caixas a uma temperatura de -70°C e os estados receber�o as doses em temperatura entre -25°C e -15°C (faixa em que podem ficar por at� 14 dias), segundo o governo. "Assim que os imunizantes chegarem nas salas de vacina��o, na rede de frio nacional (2°C a 8°C), a aplica��o na popula��o deve ocorrer em at� cinco dias", informou o minist�rio.
Quatro meses depois
O Brasil poderia ter recebido ainda em dezembro de 2020 as primeiras doses de vacina Pfizer/BioNTech, se tivesse aceitado proposta da farmac�utica em meados do ano passado.
Esse prazo foi mencionado inclusive pelo ex-secret�rio de Comunica��o do governo Bolsonaro F�bio Wajngarten em entrevista � revista Veja. "Se o contrato com a Pfizer tivesse sido assinado em setembro, outubro, as primeiras doses da vacina teriam chegado no fim do ano passado", disse.
Pelo menos 3 milh�es de doses j� teriam chegado ao Brasil at� fevereiro se o governo tivesse aderido � proposta da farmac�utica, segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo.
O argumento do governo federal foi o de que n�o concordava com as condi��es estabelecidas pelo laborat�rio e que a empresa n�o se responsabilizava por eventuais efeitos colaterais da vacina. Mas essas mesmas condi��es foram impostas a outros pa�ses que compraram a vacina, segundo a farmac�utica.
Foi ao comentar sobre a vacina da Pfizer/BioNTech que Bolsonaro falou aquela que se tornou sua mais conhecida fala contra a vacina��o: "L� no contrato da Pfizer, est� bem claro: n�s (a Pfizer) n�o nos responsabilizamos por qualquer efeito colateral. Se voc� virar um jacar�, � problema seu", disse o presidente.
Em janeiro, o Minist�rio da Sa�de divulgou nota na qual reconheceu ter recusado tentativas iniciais da Pfizer de avan�ar em negocia��o sobre a oferta de vacinas e disse, na ocasi�o, que um acordo com a empresa "causaria frustra��o em todos os brasileiros". A nota menciona uma entrega de 2 milh�es de doses nos tr�s primeiros lotes e diz que era "n�mero considerado insuficiente pelo Brasil".
Procurada pela BBC News Brasil nesta ter�a-feira, a assessoria de imprensa da Pfizer disse que a empresa prefere n�o se pronunciar sobre o assunto. A reportagem tamb�m questionou o Minist�rio da Sa�de sobre a possibilidade de o Brasil j� ter recebido mais doses da vacina da Pfizer, mas n�o recebeu resposta sobre esse tema at� a �ltima atualiza��o desta reportagem.
Vacina��o e a CPI da Covid
A conduta do governo Bolsonaro em rela��o � compra de vacinas deve ser um ponto central da an�lise da CPI da Covid, que teve sua abertura nesta semana e vai investigar "a��es e omiss�es" do governo federal diante da pandemia de coronav�rus, al�m de poss�veis ilegalidades no uso de recursos repassados pela Uni�o para Estados e munic�pios atuarem contra a pandemia.
O presidente da Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) do coronav�rus, senador Omaz Aziz (PSD-AM), disse, em entrevista � BBC News Brasil, que est� "muito mal explicado por que n�o compramos 70 milh�es de doses da Pfizer".
A CPI da pandemia aprovou nesta quinta a convoca��o do ministro da Sa�de, Marcelo Queiroga, e dos tr�s ex-ministros da pasta no governo Jair Bolsonaro: Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello. Eles come�ar�o a ser ouvidos a partir do dia 4 de maio.
Outras vacinas: mais 5,2 milh�es de doses em distribui��o
O Minist�rio da Sa�de informou que os estados e o Distrito Federal come�am a receber a partir desta quinta-feira (29/04) novos lotes das vacinas da Fiocruz (total de 5,1 milh�es de doses da AstraZeneca/Oxford) e do Butantan (104,8 mil de doses da Coronavac).
Segundo o governo, as doses devem ser usadas para a vacina��o de pessoas de 60 a 64 anos, al�m de for�as de seguran�a e salvamento e For�as Armadas que atuam na linha de frente da pandemia.

O Minist�rio da Sa�de recomenda que as pessoas tomem a segunda dose de vacina contra a covid mesmo que esteja fora do prazo recomendado pelo laborat�rio "para assegurar a prote��o adequada contra a doen�a".
Neste m�s, o ministro da Sa�de, Marcelo Queiroga, admitiu encontrar dificuldades para a aplica��o da segunda dose da Coronavac, uma das vacinas utilizadas no Brasil durante a campanha de imuniza��o contra a covid-19.
Cidades de estados como S�o Paulo, Rio Grande do Norte, Para�ba, Amap�, Alagoas e Pernambuco precisaram interromper a campanha por falta de estoque suficiente para completar a prote��o das pessoas que j� haviam tomado a primeira dose anteriormente.
No dia 21 de mar�o, o Minist�rio da Sa�de mudou as diretrizes e permitiu que os Estados aplicassem todas as doses dispon�veis, sem deixar reservas para garantir a segunda dose daqueles que j� haviam recebido a primeira.
O problema � que, com o aumento da demanda mundial pelos imunizantes, a chegada dos insumos da China sofreu uma s�rie de atrasos. Sem esse material, o Instituto Butantan n�o consegue finalizar a produ��o da CoronaVac.
E isso, por sua vez, gera uma rea��o em cadeia que afeta a disponibilidade de doses nos postos de sa�de e emperra o andamento da campanha no pa�s.
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