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Estado de Minas MEIO AMBIENTE

Enviado de Biden, Kerry diz que 'Amaz�nia vai desaparecer' se EUA n�o negociarem com o Brasil

Em sess�o na C�mara americana, ele afirmou ainda que 'o regime de Bolsonaro reverteu parte da fiscaliza��o ambiental' e que ind�genas devem ser 'ouvidos' sobre pol�ticas na regi�o


12/05/2021 14:34 - atualizado 12/05/2021 17:42

John Kerry criticou a atuação do Brasil no combate ao desmatamento(foto: EPA)
John Kerry criticou a atua��o do Brasil no combate ao desmatamento (foto: EPA)

Em um depoimento de presta��o de contas na Comiss�o de Rela��es Exteriores da C�mara dos Estados Unidos na manh� desta quarta (12/05), John Kerry, Enviado Especial Clim�tico do governo Joe Biden, defendeu a necessidade de negociar acordos clim�ticos com o governo Jair Bolsonaro, sob o risco de que a Amaz�nia "desapare�a", apesar de criticar a pol�tica ambiental da atual gest�o brasileira.

"Infelizmente, o regime de Bolsonaro reverteu parte da fiscaliza��o ambiental", disse Kerry.


"Estamos dispostos a falar com eles (governo Bolsonaro), mas n�o estamos fazendo isso com uma venda nos olhos, e sim com uma compreens�o de onde estivemos (no debate ambiental recente). Mas se n�o falarmos com eles, pode ter certeza de que aquela floresta vai desaparecer", afirmou o enviado especial, referindo-se � Amaz�nia.

Kerry foi questionado repetidas vezes sobre o assunto. O deputado democrata Albio Sires, de Nova Jersey, perguntou como os Estados Unidos pretendiam se posicionar "diante da consistente falta de recursos para fiscaliza��o ambiental adequada do atual governo brasileiro".


Sires notou que, durante sua participa��o na C�pula de L�deres para o Clima, organizada pelo governo americano no fim de abril, o presidente do Brasil se comprometeu a zerar o desmatamento ilegal na Amaz�nia at� 2030 e as emiss�es brasileiras de gases do efeito estufa at� 2050.


"Um dia depois de fazer essa promessa, Bolsonaro aprovou um corte de 24% no or�amento ambiental em 2021", afirmou Sires, comparando o atual or�amento do Meio Ambiente com os valores destinados � pasta em 2020. Na sequ�ncia, a deputada democrata Susan Wild, da Pensilv�nia, voltou a cobrar que Kerry explicasse como os EUA pretendem medir os avan�os das pol�ticas do Brasil em rela��o � Amaz�nia.

O enviado especial Kerry tem sofrido fortes press�es nas �ltimas semanas de parte da base democrata e de representantes da sociedade civil pela falta de transpar�ncia nas negocia��es com o governo Bolsonaro.

O ex-senador democrata � respons�vel por obter resultados em uma das �reas mais priorit�rias da gest�o Biden, o aquecimento global, e precisa provar que os EUA t�m condi��o de liderar esse debate, ap�s o ex-presidente Donald Trump ter retirado o pa�s do Acordo Clim�tico de Paris.


Desmatamento da Amazônia cresceu durante governo Bolsonaro(foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)
Desmatamento da Amaz�nia cresceu durante governo Bolsonaro (foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)


Kerry teve reuni�es recentes tanto com o ministro do meio ambiente Ricardo Salles, quanto com o ent�o chanceler brasileiro Ernesto Ara�jo. Aos deputados, ele classificou os di�logos como "conversas positivas" mas ainda iniciais.

"Estamos no meio dessa negocia��o. Na verdade, come�amos a faz�-la apenas h� algumas semanas. Tivemos algumas conversas positivas e esperamos poder traduzir a inten��o em a��o eficaz e verific�vel", disse Kerry.


O governo brasileiro queria que os americanos se comprometessem a destinar US$ 1 bilh�o por ano � Amaz�nia brasileira de sa�da, sem que o Brasil apresentasse metas de redu��o do desmatamento para 2021 e 2022, nem resultados de pol�ticas ambientais.


A possibilidade causou tens�o entre outros atores envolvidos no assunto. Conforme a BBC News Brasil revelou, a Articula��o dos Povos Ind�genas do Brasil (APIB) chegou a enviar uma carta a Kerry e � Casa Branca na qual pediam uma "linha direta" de negocia��o com o governo americano em temas sobre a Amaz�nia e diziam n�o se sentir representados pelo governo Bolsonaro. Segundo os ind�genas, o atual governo promove um "desmonte das pol�ticas de prote��o dos ind�genas e do meio ambiente" do pa�s.


Dias antes da c�pula, a APIB tamb�m lan�ou uma campanha, viralizada por estrelas de Hollywood como o ator Mark Ruffalo, intitulada "N�o confie em Bolsonaro".

Diante da movimenta��o, lideran�as da APIB chegaram a se reunir tanto com o embaixador americano no Brasil, Todd Chapman, quanto com um dos auxiliares de Kerry, Jonathan Pershing.


O encontro, no entanto, contou com a presen�a de integrantes da Funai, que segundo relatos de presentes, tentaram deslegitimar os argumentos da APIB. Mas, durante a sess�o no Congresso nessa quarta, em resposta a Wild, Kerry disse que os grupos ind�genas ser�o consultados.


"Suas preocupa��es s�o primordiais e, eles t�m uma grande voz nisso e precisam ser ouvidos", assegurou o integrante do gabinete de Biden.

At� agora, a libera��o dos recursos americanos para a Amaz�nia segue sendo apenas uma possibilidade. Os americanos atrelam o pagamento a apresenta��o de metas e resultados da gest�o Bolsonaro para a preserva��o do bioma, o que n�o foi apresentado durante a C�pula de L�deres em abril.


Os �ltimos dois anos registraram altas hist�ricas do desmatamento na Amaz�nia. E 2021 segue na mesma tend�ncia. Dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgados em 7/5, apontam que em abril de 2021 a regi�o registrou o maior �ndice de alertas de destrui��o para o m�s em toda a s�rie hist�rica, que come�ou em 2015.


Diante dos deputados americanos, Kerry afirmou que o Brasil apresentou resultados relevantes de redu��o de desmatamento no come�o do s�culo, tend�ncia revertida mais tarde.


"O Brasil na verdade se saiu muito bem, entre 2004 e 2012. Eles estavam fazendo progressos para conter o desmatamento, mas entre 2012 e 2020 a Amaz�nia atingiu uma alta de 12 anos no n�vel de desmatamento. E, infelizmente, o regime de Bolsonaro reverteu parte da fiscaliza��o ambiental. N�s tivemos essa conversa. Eles dizem agora que est�o comprometidos a aumentar o or�amento e v�o montar uma nova estrutura (de fiscaliza��o)", afirmou Kerry.


Desmatamento na Amazônia atingiu em 2020 o maior índice dos últimos 12 anos(foto: Getty Images)
Desmatamento na Amaz�nia atingiu em 2020 o maior �ndice dos �ltimos 12 anos (foto: Getty Images)

 

Kerry repetiu mais de uma vez que a perda florestal acontece h� 10 anos, e n�o se restringiria, portanto, apenas aos anos de Bolsonaro no poder.

Na verdade, embora o ano de 2012 marque uma revers�o na tend�ncia de queda cont�nua no desmatamento, os anos subsequentes foram de avan�os e retrocessos e apenas em 2019 a devasta��o ultrapassou o patamar de 10 mil quil�metros quadrados anuais, de acordo com os dados do Inpe.


Na intera��o com os deputados Sires e Wild, Kerry deixou claro que os EUA ainda estudam o comportamento do Brasil no assunto e uma m�trica confi�vel para avaliar o desempenho do pa�s e que o Congresso americano ser� avisado de cada passo do Executivo, o que incluiria a libera��o de verbas para o Brasil.


 As negocia��es devem avan�ar nos pr�ximos meses, antes da Confer�ncia do Clima marcada para novembro em Glasgow, na Esc�cia.


"O resultado � que vamos nos engajar (na conversa com o Brasil) para tentar descobrir o que � poss�vel fazer. E n�s retornaremos com as conclus�es para voc�s. Garanto que, antes de irmos para Glasgow, teremos uma no��o melhor de onde estamos nos pr�ximos meses", afirmou Kerry.


A base democrata no Congresso americano j� fez uma s�rie de manifesta��es contr�rias a Bolsonaro desde que ele assumiu a presid�ncia. Em dezembro de 2020, a ent�o parlamentar democrata Deb Haaland, empossada mais tarde como Secret�ria de Interior de Biden, afirmou � BBC News Brasil que "continuaremos colocando Bolsonaro na fogueira enquanto ele cometer viola��es dos direitos humanos, seguir no esfor�o para destruir a Floresta Amaz�nica e colocar nosso planeta em risco de um desastre clim�tico ainda maior".


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