
E essa necessidade se ampliou numa escala inimagin�vel durante a pandemia de covid-19: a corrida por vacinas capazes de frear o coronav�rus exigiu muito jogo de cintura e garantiu fortes emo��es entre o final de 2020 e o in�cio de 2021.
Uma das personagens que mais ganharam os holofotes nesta hist�ria foi a CoronaVac, imunizante desenvolvido pela farmac�utica chinesa Sinovac e testada no Brasil pelo Instituto Butantan, com a coordena��o de Covas e sua equipe.
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Ap�s passar por todas as etapas de pesquisa cl�nica, a vacina foi aprovada pela Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) em janeiro de 2021 e hoje responde por mais de 70% de todas as doses que foram aplicadas at� o momento na campanha brasileira contra a covid-19.
Mas o atraso na entrega de novos lotes de mat�ria-prima deve paralisar completamente a produ��o at� amanh� (14/05): o Instituto Butantan est� aguardando a chegada de 10 mil litros do insumo farmac�utico ativo (IFA), que est� na China.
Em falas recentes, o governador de S�o Paulo, Jo�o Doria, atribui essa demora na libera��o do produto �s constantes falas do presidente Jair Bolsonaro, que faz acusa��es infundadas sobre a origem do coronav�rus e o papel do pa�s asi�tico nisso.
Covas, que � especialista em hematologia e professor titular da Faculdade de Medicina de Ribeir�o Preto da Universidade de S�o Paulo, concedeu uma entrevista exclusiva � BBC News Brasil um dia antes das primeiras not�cias sobre a paralisa��o da produ��o no Butantan e avaliou que o pa�s ainda demorar� alguns meses para conseguir avan�ar na prote��o dos brasileiros.
O especialista acredita que "at� julho, enfrentaremos muitas dificuldades", causadas pela falta de insumos para a produ��o de doses.
A situa��o pode at� melhorar a partir do �ltimo trimestre de 2021, quando as f�bricas nacionais ter�o mais material para trabalhar e os fornecedores externos, como Pfizer e Johnson & Johnson, prometem entregar lotes maiores de suas vacinas.
Ainda na vis�o de Covas, isso se deve ao fato de o Brasil ter iniciado seu planejamento "muito tardiamente" e com "a��es muitos t�midas".
"Se as primeiras ofertas que nos foram feitas tivessem sido levadas em conta, em dezembro de 2020 j� poder�amos ter iniciado a vacina��o no pa�s. No entanto, isso n�o ocorreu", lembra.
O diretor do Butantan tamb�m confirma a dificuldade em lidar com os chineses ap�s as declara��es recentes do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e do ministro da Economia, Paulo Guedes, que fizeram acusa��es sobre a suposta origem do v�rus no pa�s asi�tico.
"N�s que estamos na ponta, lidando diretamente com eles, enfrentamos muitas dificuldades. Em termos pr�ticos, um documento que poderia ser assinado e autorizado em quest�o de dez ou quinze dias, que seria um tempo aceit�vel, demora muito mais e passa por todo um problema burocr�tico. N�s sentimos na pele essa dificuldade de trazer os insumos. Enquanto isso, outros pa�ses que tamb�m usam a CoronaVac, como � o caso do Chile, n�o enfrentam esses mesmos problemas", compara.
Confira a seguir os principais trechos da entrevista.
BBC News Brasil - Nos �ltimos dias, tivemos novidades sobre uma eventual quebra de patentes da vacina contra a covid-19. Os Estados Unidos mudaram seu posicionamento sobre o tema e h� um projeto em discuss�o sobre o mesmo tema no Senado Federal. Como o senhor avalia essa quest�o?
Dimas Covas - Em primeiro lugar, o objetivo maior de uma poss�vel quebra de patentes seria aumentar a disponibilidade de vacinas no mundo. S� que uma medida dessas n�o � uma solu��o que contribui nesse sentido. Ser� que a quebra de patentes aumentaria a quantidade de vacinas para o Brasil? A minha resposta � n�o.
Mesmo se o Brasil tivesse acesso a todas as patentes das vacinas j� autorizadas, isso n�o mudaria em nada o cen�rio atual. Nosso pa�s n�o tem uma base industrial de biotecnologia capaz de produzir essas vacinas mais modernas.
Atualmente, os dois �nicos produtores de imunizantes para uso humano no Brasil s�o institui��es p�blicas: o Instituto Butantan e a Funda��o Oswaldo Cruz (FioCruz). N�s at� temos f�bricas para vacinas veterin�rias, mas n�o � f�cil convert�-las para a produ��o de doses para seres humanos.

Ent�o, mesmo que tiv�ssemos todas as patentes dispon�veis, nas nossas m�os, isso n�o resolveria o nosso problema no curto e no m�dio prazo. Ent�o a quebra de patentes n�o � uma solu��o. Mas por que ent�o temos pa�ses que est�o defendendo essa medida na Organiza��o Mundial do Com�rcio? Esses locais t�m uma boa capacidade produtiva, como � o caso da �ndia e possivelmente da �frica do Sul. Mas a maioria dos pa�ses tem uma situa��o parecida ao Brasil, ent�o a disponibilidade de patentes n�o vai significar acr�scimo nenhum no quantitativo de doses.
O segundo ponto � que toda vez que voc� quebra uma patente, voc� est� falando de uma vacina espec�fica. Mas as detentoras desses direitos s�o empresas multinacionais, que possuem uma s�rie de outros insumos, subst�ncias e medicamentos. A quebra, ent�o, faz com que essas empresas se sintam prejudicadas em rela��o � propriedade intelectual que constru�ram. Elas podem ent�o retaliar os governos por meio de seus outros produtos.
Essas companhias, por exemplo, podem dificultar o acesso dos pa�ses com hist�rico de quebrar patentes ao mercado farmac�utico. Elas podem pensar: por que vou trazer esses medicamentos para esse lugar, se eles tem essa fama de piratear nossos produtos? Toda vez que voc� quebra uma patente, cria-se um ambiente de desconfian�a e retalia��o.
O terceiro argumento contr�rio a essas tratativas � que o Brasil tamb�m � detentor de patentes. O Instituto Butantan, por exemplo, tem uma patente da vacina da dengue, que est� em testes. N�s estamos inclusive transferindo essa tecnologia para outros pa�ses. Agora, ser� que algu�m pode vir e quebrar nossa patente tamb�m?
Eu entendo que a propriedade intelectual � fundamental para o avan�o da ci�ncia. Quem faz investimentos nessa �rea precisa ter alguma garantia de retorno. Se voc� quebrar essa regra, ela pode nos prejudicar no m�dio e no longo prazo.
BBC News Brasil - Ainda nesse assunto, o Instituto Butantan tem uma s�rie de parcerias e conv�nios com outros centros de pesquisa e tamb�m com farmac�uticas, tanto no sentido de colabora��o cient�fica quanto na disponibiliza��o de insumos. O senhor acredita que uma quebra de patentes interferiria nesse interc�mbio?
Covas - N�s aqui do Instituto Butantan e a BioManguinhos, da Fiocruz, dependemos dessas empresas que produzem esses insumos. Al�m disso, n�s temos uma s�rie de parcerias no desenvolvimento de novas vacinas, que envolvem transfer�ncia de tecnologia. Esse mecanismo � utilizado h� muito anos e � �timo para n�s.
Portanto, antes de quebrar as patentes n�s podemos fazer acordo de transfer�ncia e incorpora��o de novas tecnologias. A partir da�, conseguimos implementar essa produ��o no nosso pr�prio pa�s, sem ferir o princ�pio da propriedade intelectual. Se o Brasil quebrar alguma patente, pode ser que isso impacte negativamente as nossas parcerias.
BBC News Brasil - Enquanto a quebra de patentes � debatida como uma forma de aumentar a disponibilidade das vacinas, n�o podemos ignorar o problema da desigualdade na distribui��o das doses. Alguns pa�ses est�o com campanhas de imuniza��o bem adiantadas, enquanto outros sequer conseguiram iniciar a prote��o de seus habitantes. Na opini�o do senhor, qual � o melhor caminho para resolver essa desigualdade?
Covas - Esse � um ponto important�ssimo. Em primeiro lugar, � preciso ter em mente que nenhum pa�s vai ficar livre da pandemia enquanto a covid-19 n�o estiver controlada no mundo inteiro. A Europa e os Estados Unidos podem at� estar vacinando num bom ritmo, com boa parte de suas popula��es imunizadas. Mas eles n�o estar�o livres do problema enquanto os pa�ses da �frica e da Am�rica Latina n�o estiverem protegidos.
N�o existe prote��o local contra a pandemia, a n�o ser que voc� mantenha suas fronteiras fechadas indefinidamente. Para combater a pandemia, s�o necess�rias a��es globais, com aten��o especial aos pa�ses mais pobres.
Agora vem a grande quest�o: o presidente dos Estados Unidos mudou sua posi��o e prop�s a quebra das patentes, n�o? E por que ele n�o est� mandando as doses excedentes da vacina para outros lugares do mundo? Os americanos n�o s�o, at� o momento, um grande exportador da vacina, correto?
Veja, qual seria a melhor f�rmula? Na minha vis�o, � a transfer�ncia de tecnologia, com o uso de f�bricas com essa capacidade. Podemos aumentar muito a escala de doses dispon�veis.
A conta j� foi feita: precisamos de cinco a seis bilh�es de doses das vacinas para que efetivamente comecemos a ter um controle maior sobre a pandemia. E n�s estamos muito longe disso ainda.
BBC News Brasil - Sobre os Estados Unidos, uma discuss�o que fica cada vez mais forte � a quest�o do turismo vacinal. V�rias cidades americanas est�o oferecendo vantagens para quem for tomar as doses, incluindo turistas. Enquanto isso, a campanha nem foi iniciada em muitos pa�ses. Como o senhor v� esse tipo de incentivo que come�a a se popularizar em alguns lugares?
Covas - � preciso ter em mente que a pandemia deixou de ser apenas uma quest�o de sa�de p�blica mundial e se tornou uma competi��o geopol�tica. Por que os pa�ses est�o correndo para vacinar sua popula��o? Porque assim eles poder�o reabrir e voltar � normalidade o mais r�pido poss�vel.
Quer dizer, quando se fala em passaporte da vacina, no fundo, o objetivo � retomar o quanto antes as atividades econ�micas. Ou seja: os pa�ses que chegarem primeiro � completa imuniza��o ter�o vantagens sobre os demais.
Quando a gente analisa o mapa da corrida pelas vacinas, � poss�vel notar claramente os Estados Unidos de um lado, a China do outro, a Europa do outro… No fundo, tem esse aspecto de competi��o por uma vantagem geopol�tica.
Daqui a pouco, o grande ativo geopol�tico ser� a exporta��o desses produtos para os pa�ses mais pobres. � medida que os mais ricos estiverem com a popula��o vacinada, eles v�o usar as doses excedentes como um ativo econ�mico e de influ�ncia.
Esse problema de sa�de p�blica global precisava de uma coordena��o mundial e um senso de solidariedade.
BBC News Brasil - Dentro desse contexto global, como o senhor analisa a situa��o brasileira e o avan�o da vacina��o em nosso pa�s?
Covas - Primeiro, o Brasil iniciou o seu planejamento para a vacina��o muito tardiamente. E, quando come�amos, no segundo semestre do ano passado, as a��es foram muito t�midas. O setor j� estava em plena negocia��o em julho do ano passado. Quer dizer, se essas primeiras ofertas que nos foram feitas tivessem sido levadas em conta, em dezembro de 2020 j� poder�amos ter iniciado a vacina��o no pa�s. No entanto, isso n�o ocorreu.
O Instituto Butantan s� foi oficialmente contratado pelo Governo Federal para a produ��o da CoronaVac no dia 7 de janeiro de 2021. E mesmo que isso tenha ocorrido tardiamente, n�s conseguimos entregar o maior volume de doses de vacina at� agora. O outro fornecedor, a FioCruz, j� tinha um acordo firmado em agosto do ano passado, e havia recebido v�rios adiantamentos. E at� agora eles n�o entregaram os quantitativos prometidos e dificilmente v�o conseguir cumprir as metas.

A vacina��o n�o foi planejada adequadamente porque talvez n�o se acreditasse muito na efic�cia das vacinas. N�s tivemos falas contr�rias aos imunizantes, dia ap�s dia, da maior autoridade da Rep�blica. Isso n�o aconteceu em outros lugares do mundo. E isso veio em conjunto com a nega��o de todas as outras medidas de combate � pandemia.
Ent�o, tudo isso se reflete hoje no que estamos vivendo. O mundo inteiro est� em busca das vacinas. Aqui no Brasil, os estados e os munic�pios tamb�m querem e est�o dispostos a comprar. O problema � que n�o h� dose para todos. Temos uma quest�o de alta demanda e baixa oferta.
Ent�o seguramente n�s n�o vamos ter uma grande evolu��o nas campanhas de vacina��o dos brasileiros antes do final do ano. At� julho, vamos enfrentar muitas dificuldades. O Instituto Butantan e a FioCruz est�o com dificuldades para importar os insumos e todos os outros fornecedores s� devem entregar doses no segundo semestre, principalmente no �ltimo trimestre de 2021.
Infelizmente, at� setembro manteremos um ritmo lento de vacina��o.
BBC News Brasil - Nos �ltimos dias, o senhor e o governador de S�o Paulo, Jo�o D�ria (PSDB), t�m falado sobre os insumos necess�rios para a produ��o da CoronaVac que est�o retidos na China. Como o senhor mencionou, a disputa global pelas vacinas est� dificultando o acesso �s doses. Ao mesmo tempo, o presidente Jair Bolsonaro tem feito declara��es sobre a origem do coronav�rus que parecem incomodar os chineses. Isso tem atrapalhado esse relacionamento com os fornecedores?
Covas - Os reflexos dessas declara��es do presidente podem ser vistos claramente na imprensa chinesa. Basta voc� acessar qualquer jornal de l� e, com a ajuda de um tradutor da internet, ver como as falas do presidente e do ministro da Economia, Paulo Guedes, repercutem. Obviamente isso afeta.
N�s que estamos na ponta, lidando diretamente com eles, enfrentamos muitas dificuldades. Em termos pr�ticos, um documento que poderia ser assinado e autorizado em quest�o de dez ou quinze dias, que seria um tempo aceit�vel, demora muito mais e passa por todo um problema burocr�tico. N�s sentimos na pele essa dificuldade de trazer os insumos.
Enquanto isso, outros pa�ses que tamb�m usam a CoronaVac, como � o caso do Chile, n�o enfrentam esses mesmos problemas. Isso n�o � um ju�zo de valor, apenas uma constata��o dos fatos.
BBC News Brasil - E como o Brasil poderia superar essa depend�ncia internacional dos insumos?
Covas - O que nos falta � uma pol�tica industrial voltada para o setor da biotecnologia. O Brasil depende de produtos que v�m de outros pa�ses n�o s� para fazer as vacinas, mas isso se repete em toda a �rea biofarmac�utica. Esse � um dos fatores que mais custam ao Minist�rio da Sa�de.
Enquanto n�o tivermos uma pol�tica industrial voltada para essa �rea, com investimentos s�rios, vamos continuar dependentes.
E veja voc� que essa n�o � a primeira epidemia que o Brasil enfrenta nos �ltimos anos. N�s tivemos recentemente o zika, que escancarou essa nossa fragilidade.
Quando eu falo de pol�tica de apoio � biotecnologia, n�o estou falando apenas em investimentos na ci�ncia. Falo de apoio econ�mico para desenvolvimento da atividade industrial.
Uma f�brica de vacinas custa em torno de meio bilh�o de reais. E voc� n�o consegue custear isso com as ag�ncias de fomento � pesquisa.
BBC News Brasil - E como est�o as pesquisas da vacina ButanVac? Existe alguma perspectiva de in�cio dos estudos cl�nicos?
Covas - As conversas com a Anvisa tem sido muito boas e n�s tivemos avan�os nas �ltimas semanas. Foram feitas algumas exig�ncias e quest�es, que foram prontamente respondidas. Agora n�s estamos aguardando um retorno enquanto evolu�mos em detalhes do estudo cl�nico.
Nesse momento, n�s estamos fazendo a contrata��o dos centros de pesquisa e o planejamento das pesquisas. Esperamos come�ar os estudos brevemente, at� porque a vacina j� come�ou a ser produzida. At� o momento, temos cerca de seis milh�es de doses da ButanVac. Essa � uma produ��o inicial que j� est� em curso.
Eu acredito que a ButanVac, junto com a CoronaVac, podem dar contribui��es substanciais para o combate da pandemia no Brasil ainda neste ano.

BBC News Brasil - O senhor acredita que a ButanVac estar� dispon�vel ainda em 2021?
Covas - A ButanVac significa autonomia para o Brasil. Com ela, n�s n�o vamos depender de outros pa�ses para produzir a vacina. Sim, eu creio que temos todas as condi��es de utilizar esse imunizante ainda este ano. Obviamente que isso depende dos resultados dos estudos cl�nicos. Mas n�s vamos faz�-los com muita rapidez e esperamos contar com a contribui��o da Anvisa para agilizar o processo regulat�rio.
BBC News Brasil - O senhor assumiu a dire��o do Instituto Butantan em 2017. Em algum momento passou pela sua cabe�a que enfrentaria um momento como esse que estamos vivendo?
Covas - O Instituto Butantan tem um programa interno de prepara��o para pandemias. Ent�o n�s fazemos parte de um movimento mundial e j� est�vamos nos preparando para uma crise sanit�ria que poderia acontecer. N�s ach�vamos que o v�rus seria o influenza H7N9, que � um v�rus gripal. Tudo indicava que esse seria o grande problema.
E n�s todos fomos surpreendidos por esse outro v�rus, o Sars-CoV-2. E, de forma geral, o mundo respondeu muito mal � pandemia.
Apesar de a gente saber como enfrentar uma pandemia e termos uma ci�ncia extremamente desenvolvida, eu considero que o mundo combateu muito mal esse v�rus.
E est� a� o n�mero elevad�ssimo de �bitos para comprovar isso no mundo e no Brasil.
BBC News Brasil - O senhor tem uma forma��o e uma carreira na �rea m�dica. Como homem da medicina, como lidar com tantos fatores pol�ticos envolvidos nas decis�es sobre a pandemia?
Covas - Bom, todo cientista est� acostumado a lidar com problemas, principalmente aqueles que s�o muito complexos. E n�o h� d�vida nenhuma que o ambiente pol�tico � extremamente complexo. Mas, diferentemente da ci�ncia, o ambiente pol�tico n�o segue l�gica nenhuma.
Ent�o � muito dif�cil, como professor, lidar com uma coisa que eu n�o entendo muito bem. N�o conhe�o muito essas regras pol�ticas, que n�o seguem uma l�gica.
BBC News Brasil - O senhor vai depor � CPI da Pandemia no Senado Federal no dia 25 de maio. Qual a sua avalia��o sobre a comiss�o e a sua participa��o nela?
Covas - O enfrentamento da pandemia no Brasil vai precisar ser passado a limpo em algum momento. N�o d� pra escapar disso, seja pela CPI ou por algum outro mecanismo. Esse per�odo que vivemos � dram�tico para a hist�ria do pa�s.
A CPI talvez seja um caminho para passar a limpo a hist�ria dos muitos erros que foram cometidos. � �bvio que tiveram erros, muitos deles de forma intencional. E � preciso identific�-los e apont�-los. At� porque, se ficar provado que eles foram realmente intencionais, isso pode configurar um crime.
Eu acho que a CPI precisa lidar com fatos, sem misturar os interesses pol�ticos. E os fatos s�o abundantes. Ao se limitar a an�lise desses fatos, ser� poss�vel saber ao certo os erros e os desvios que aconteceram durante o combate � pandemia. Precisamos entender e incorporar isso para o bem do nosso pr�prio pa�s.
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