
Trata-se de um fen�meno que revela a hist�rica desigualdade econ�mica que divide as sociedades e que se tornou ainda mais profunda depois da recess�o.
Enquanto algumas fam�lias que perderam seus empregos enfrentam despejos, outras conseguiram se consolidar e at� melhorar sua situa��o econ�mica.
Os pre�os das resid�ncias em todo o mundo registraram um aumento m�dio de 7,3% no primeiro trimestre deste ano, em rela��o ao mesmo per�odo do ano anterior.
� o crescimento mais r�pido desde o final de 2006, segundo estudo da consultoria imobili�ria brit�nica Knight Frank, que analisou o mercado em 56 pa�ses.
O ranking � liderado pela Turquia (alta de 32%), seguida pela Nova Zel�ndia (22,1%) e Luxemburgo (16,6%).
Dos cinco pa�ses latino-americanos inclu�dos no relat�rio, o Peru lidera o ranking da regi�o com um aumento de 10%, seguido pelo M�xico (6,6%), Brasil (4%), Col�mbia (3,2%) e Chile (1,7%).
O Brasil est� na 40ª posi��o no ranking.
"Os pre�os das moradias est�o subindo por causa da pandemia, n�o apesar dela", diz Kate Everett-Allen, chefe de Pesquisa Residencial Internacional da Knight Frank, � BBC News Mundo, o servi�o de not�cias em espanhol da BBC.
Com as profundas mudan�as geradas a partir de 2020, explica ela, se gerou uma reavalia��o maci�a das necessidades de moradia das pessoas. "Esta � uma corrida por espa�o. As pessoas est�o comprando como loucas."
A corretora imobili�ria venezuelana Mariana Godoy, que mora em Miami (EUA) com o marido e tr�s filhos, est� � procura de um novo lar, mas os pre�os exorbitantes adiaram seus planos.
Com a pandemia, sua casa foi transformada de um momento para outro em um escrit�rio e uma escola ao mesmo tempo.

Todos os cinco membros de sua fam�lia passaram a compartilhar o mesmo espa�o 24 horas por dia, algo que nunca haviam experimentado antes.
"O que precisamos � de mais espa�o", diz ela. "O problema � que os pre�os subiram tanto que agora preferimos esperar um pouco antes de comprar."
Segundo ela, "como os juros est�o muito baixos, as pessoas enlouqueceram comprando e est�o dispostas a pagar o que for".
Existem algumas propriedades em certos bairros de Miami cujo pre�o depois da pandemia quase dobrou.
Isso n�o quer dizer que a situa��o seja semelhante em todos os lugares, mas a tend�ncia de alta � um fato.
Os valores m�dios das resid�ncias nos Estados Unidos aumentaram 13,2%, a taxa de crescimento mais r�pida em 15 anos.
Boom nos sub�rbios da cidade
Parte importante do aumento do valor das casas, pelo menos nos pa�ses mais ricos, est� relacionada � busca por mais espa�o, e isso explica porque o boom imobili�rio est� mais concentrado nas regi�es mais distantes do centro nas grandes cidades, onde h� maior disponibilidade de im�veis mais amplos.
Em outras palavras, quem tem renda elevada se lan�ou na busca de im�veis que lhe permitisse aproveitar as circunst�ncias excepcionais que se criaram nestes tempos de pandemia.
Entre essas condi��es sem precedentes est�o as baixas taxas de juros sobre empr�stimos hipotec�rios e os gigantescos est�mulos fiscais que os governos dos pa�ses desenvolvidos t�m empregado para reativar a economia.
Soma-se a isso uma mudan�a fundamental: a possibilidade de trabalhar de casa.
E os profissionais que podem fazer home office s�o precisamente aqueles que tendem a ter uma renda mais alta do que o restante da popula��o.
"As pessoas est�o menos vinculadas a escrit�rios e algumas optaram por se mudar para os sub�rbios" das grandes cidades, diz Everett-Allen.
Al�m disso, vale lembrar que em alguns mercados a demanda por moradias aumentou e, ao mesmo tempo, o n�mero de im�veis dispon�veis diminuiu.
Essa combina��o elevou ainda mais os pre�os das moradias.
Am�rica Latina
Na Am�rica Latina, o aumento de pre�os � menos generalizado e mais limitado aos compradores mais ricos.
No caso do Peru, por�m, as fontes consultadas pela BBC Mundo no mercado local apresentam outros n�meros, situa��o que talvez pudesse ser explicada pela utiliza��o de diferentes metodologias na forma de abordagem da an�lise.
"Houve um aumento de 5,3% nos pre�os das casas nos �ltimos 12 meses, basicamente sustentado pelas vendas na Lima Moderna", diz Ricardo Arbul�, presidente do Comit� de An�lise de Mercado da Associa��o de Ag�ncias Imobili�rias do Peru (ASEI, na sigla em espanhol), � BBC News Mundo.
Outros especialistas, como V�ctor Salda�a, presidente da Associa��o Peruana de Corretores de Im�veis (ASPAI) ressalva que � muito dif�cil ter n�meros detalhados sobre a evolu��o dos pre�os, porque os valores dos apartamentos e casas s�o muito diferentes, assim como as varia��es por bairro.
Em sua vis�o, "os pre�os em Lima permaneceram mais ou menos os mesmos".
No Brasil, pesquisa recente da FipeZap mostrou que, em 2020, o pre�o m�dio dos im�veis � venda subiu pela primeira vez desde 2016. A alta foi de 3,67%.

Existe uma bolha?
Mas o aumento dos pre�os das moradias poderia estar gerando uma bolha imobili�ria?
Analistas argumentam que n�o — eles dizem ser altamente improv�vel que os pre�os caiam acentuadamente.
Na vis�o dos especialistas, pode haver uma estabiliza��o da tend�ncia de alta no futuro � medida que condi��es de mercado mais semelhantes �s que existiam antes do retorno da pandemia retornem, embora, por enquanto, o frenesi da demanda continue forte.
E se o home office ou o modelo de trabalho h�brido se tornarem mais comuns nos setores de renda mais alta, a necessidade de mais espa�o pode continuar.
O que aconteceu � que em alguns mercados nos quais os pre�os dispararam muito, as autoridades tomaram algumas medidas para "esfri�-los".
Por exemplo, na Nova Zel�ndia, o governo alterou algumas regras para evitar dedu��es fiscais que favorecem os investidores e estendeu o per�odo em que os ganhos obtidos com a venda de propriedades s�o tributados de cinco para dez anos.
O objetivo, dizem as autoridades, � conter a "especula��o". E em pa�ses como o Canad�, o presidente do Banco Central (BC) j� alertou que h� "exuber�ncia excessiva" no mercado imobili�rio, que ser� observado de perto.
A quest�o � complexa porque muitas vezes, quando os pre�os sobem de forma inusitada, fam�lias com menor renda acabam sendo deslocadas para �reas mais perif�ricas, a chamada "gentrifica��o".
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