
As pessoas provavelmente v�o precisar de vacina��o anual contra a covid-19 por muitos anos, disse o CEO da Pfizer em entrevista exclusiva � BBC.
Segundo Albert Bourla, isso seria necess�rio para manter um "n�vel muito alto de prote��o".
Na entrevista, realizada antes do surgimento da variante �micron, descoberta na �frica do Sul, ele tamb�m defendeu os lucros bilion�rios das fabricantes de vacinas, argumentando que a recompensa financeira era justificada por "milh�es de vidas terem sido salvas" e pelos "trilh�es de d�lares" economizados para o mundo.
A vacina Pfizer-BioNTech �, atualmente, a segunda mais prevalente no Brasil, depois da AstraZeneca (produzida pela Fiocruz), com quase 100 milh�es de doses aplicadas at� agora, segundo o Minist�rio da Sa�de. A CoronaVac (produzida pelo Instituto Butantan) � a terceira mais usada.
Bourla disse que a Pfizer j� produziu vacinas atualizadas em resposta �s variantes beta, tamb�m inicialmente detectada na �frica do Sul, e � delta, identificada pela primeira vez na �ndia, mas que essas vers�es n�o foram necess�rias.A empresa agora est� trabalhando em uma atualiza��o do imunizante em resposta � variante �micron, que pode estar pronta em 100 dias.
Segundo Bourla, as vacinas ajudaram a salvar milh�es de vidas durante a pandemia, e sem elas a "estrutura fundamental de nossa sociedade estaria amea�ada".
At� o fim do ano, a Pfizer espera ter fornecido 3 bilh�es de doses de sua vacina de RNA mensageiro (mRNA) com mais 4 bilh�es planejadas para o pr�ximo ano.
Houve uma corrida global para proteger as pessoas vulner�veis, acrescentou o CEO da Pfizer, mas em 2022, os pa�ses teriam "tantas doses quanto precisassem".
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Pre�os das a��es
Muitos consideram imoral o dinheiro que a Pfizer, BioNTech e Moderna est�o ganhando com a pandemia.
A Pfizer deve obter receita de pelo menos US$ 35 bilh�es (R$ 197 bilh�es) apenas com a venda de vacinas contra a covid neste ano. O valor das a��es da companhia disparou.
Mas, embora a maioria das pessoas no mundo j� tenham recebido pelo menos uma dose do imunizante, apenas sete em 100 est�o totalmente vacinadas na �frica.
Bourla n�o se desculpou pelo lucro que sua empresa obteve, argumentando que "o resultado final � que milh�es de vidas foram salvas".
"Economizamos trilh�es de d�lares para a economia global. � um forte incentivo � inova��o para a pr�xima pandemia", disse.
"Mas as pessoas ver�o que, se melhorarmos nosso n�vel, para trazer algo que salva vidas e dinheiro, h� uma recompensa financeira (por isso)."
No entanto, ele negou que seu objetivo seja o lucro a qualquer pre�o — alegando que a vacina custava o equivalente a "uma refei��o" nos pa�ses ricos, enquanto � vendida sem ganhos para os mais pobres.
Por outro lado, Bourla admitiu que na��es mais desenvolvidas como o Reino Unido fizeram pedidos antecipadamente e a disponibilidade dos imunizantes foi inicialmente limitada.

Tendo que ser armazenada a -70°C, a vacina Pfizer tem sido dif�cil de implantar em pa�ses com servi�os de sa�de limitados.
Mas dentro de um m�s ou mais, a Pfizer anunciou que vai lan�ar uma nova formula��o do imunizante que pode ser armazenada por tr�s meses em uma geladeira, o que, segundo Bourla, faria uma "enorme diferen�a" para os pa�ses da �frica Subsaariana.
A Pfizer tamb�m desenvolveu uma p�lula antiviral, Paxlovid, que em testes cortou interna��es hospitalares e mortes em quase 90%.
Ela deve ser aprovada nos EUA em breve e o governo do Reino Unido concordou em comprar quantidade suficiente para 250 mil pacientes.
'Sintomas graves'
A Pfizer tamb�m est� conduzindo testes da vacina contra covid em crian�as com menos de cinco anos.
Em outubro deste ano, a Food and Drug Administration (FDA, ag�ncia de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos) aprovou a vacina da Pfizer para crian�as de cinco a 11 anos.
Imunizar essa faixa et�ria no Reino Unido e na Europa seria uma ideia muito boa, disse Bourla.
"A covid est� prosperando nas escolas", disse ele.
"Isso est� perturbando, significativamente, o sistema educacional, e h� crian�as que ter�o sintomas graves".
"Portanto, n�o tenho d�vidas desses benef�cios."
'Coisa certa'
Bourla tamb�m aproveitou para enviar uma mensagem �queles que n�o querem se vacinar.
"Para aqueles que est�o apenas com medo, o �nico sentimento dos seres humanos mais forte do que o medo � o amor", disse ele.
"Por isso, estou sempre usando esse argumento de que a decis�o de tomar outra vacina n�o vai influenciar s� a sua sa�de, vai afetar a sa�de de outras pessoas e principalmente a sa�de das pessoas que voc� mais ama, porque s�o elas com as quais voc� vai interagir."

"Portanto, tome coragem para superar seus medos e fazer a coisa certa", concluiu.
Recentemente, Bourla foi alvo de uma s�rie de fake news. Alguns boatos alegavam que ele havia sido preso por fraude pelo FBI (a pol�cia federal dos EUA) e outros que sua mulher morreu em consequ�ncia dos efeitos colaterais da vacina Pfizer. Ela est� viva e passa bem.
"Nas primeiras not�cias, de que fui preso pelo FBI, � claro que ri", disse ele.
"Na segunda not�cia, que minha esposa morreu, com uma foto dela, eu fiquei muito (bravo). Fiquei preocupado com os meus filhos, por isso tentei ligar para eles e n�o consegui falar com o meu filho."
"O que a gente teve que passar n�o � nada comparado �s vidas que v�o se perder por causa do lixo que essas pessoas publicaram, porque as pessoas v�o pensar mesmo que minha mulher morreu por causa da vacina... e ela est� bem — est� excelente."
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