O v�deo de pouco mais de dois minutos viralizou no Facebook (1, 2), no Twitter (1, 2) e no Instagram (1, 2). “501 pessoas morreram p�s VACINA!”, afirma uma das publica��es.
A grava��o viralizada � parte de um v�deo de cerca de duas horas do programa Os Pingos nos Is, transmitido no dia 25 de fevereiro pela r�dio Jovem Pan. Nele, Henkel afirma:
“Saiu um dado, agora no final de janeiro, come�o de fevereiro, que vem exatamente do CDC [Centro de Controle e Preven��o de Doen�as dos Estados Unidos]. O dado vem do sistema de notifica��o de eventos adversos de vacinas, que contabiliza e monitora alergias e todos os efeitos adversos. Os dados s�o um pouco alarmantes: 501 pessoas morreram p�s vacina, outras 11.000 tiveram algum tipo de rea��o adversa num per�odo a� de 45 dias. Entre os efeitos colaterais, 156 s�o permanentes, 13 abortos, 139 assimetrias faciais e 383 pessoas ofereceram risco de morte”.
“A�, voc� pode pensar: ‘mas � um n�mero pequeno, 300 e pouco, 500 e pouco’, mas virou uma roleta russa”, acrescentou Henkel. “A gente est� vivendo uma roleta russa no Brasil, e a gente n�o pode deixar isso acontecer”, alertou, citando tamb�m o artigo 15 do C�digo Civil que prev� que “ningu�m pode ser constrangido a submeter-se com risco de vida a tratamento m�dico ou a interven��o cir�rgica”.
O CDC monitora por meio do Sistema de Notifica��o de Eventos Adversos de Vacinas (Vaers, na sigla em ingl�s) poss�veis efeitos colaterais dos imunizantes.
Os n�meros apresentados pela colunista seriam relativos ao relat�rio do dia 29 de janeiro de 2021. O site do Vaers atualiza periodicamente os dados e como a plataforma exp�e um balan�o das notifica��es de forma acumulativa, uma consulta atual mostra n�meros de 26 de fevereiro,ainda mais altos que os apresentados pela comentarista: o n�mero de mortes relatadas nos Estados Unidos � de 1.265.
Causalidade n�o comprovada
Apesar de utilizar os dados do sistema, Henkel omite que este compila casos relatados por qualquer pessoa, sem necessidade de comprova��o e que n�o foram necessariamente investigados por cientistas ou autoridades sanit�rias.
O pr�prio CDC reconhece as limita��es da base de dados, ao informar que n�o � poss�vel descobrir apenas por eles se uma vacina causa ou n�o evento adverso e que os relat�rios frequentemente carecem de detalhes e �s vezes cont�m erros.
N�o se pode afirmar, portanto, que os imunizantes sejam a causa das mortes, das alergias ou de quaisquer outros efeitos colaterais.
Em seu site, o CDC esclareceu que “os eventos adversos relatados ao Vaers n�o s�o necessariamente efeitos colaterais %u200B%u200Bda vacina��o. Um evento adverso � um problema de sa�de que acontece ap�s a vacina��o que pode ou n�o ser causada por uma vacina”. A ag�ncia tamb�m afirmou que os efeitos colaterais por vacinas devem ser demonstrados por meio de estudos cient�ficos, como aqueles realizados para que os imunizantes sejam aprovados pela ag�ncia de Medicamentos de Alimentos dos Estados Unidos (FDA).
“Roleta russa” no Brasil?
Al�m de apresentar n�meros dos Estados Unidos n�o confirmados por especialistas e autoridades, Henkel estendeu ao Brasil sua avalia��o sobre a seguran�a das vacinas, afirmando que o pa�s vive uma “roleta russa”.
Entretanto, segundo uma nota divulgada pela Anvisa em 2 de mar�o, “os dados p�blicos de notifica��es do uso de vacinas para covid-19 n�o indicam qualquer rela��o das vacinas com eventos adversos graves ou �bitos no pa�s”. A ag�ncia tamb�m afirmou que j� � esperado que algumas pessoas venham a �bito por outros motivos de sa�de.
A Anvisa utiliza as notifica��es sobre efeitos adversos, enviadas por profissionais de sa�de e fabricantes de vacinas e medicamentos, como uma ajuda para o seu processo de monitoramento. “Como s�o dados notificados por terceiros, eles s�o considerados de menor evid�ncia cient�fica e servem apenas como sinalizadores”, precisou.
A ag�ncia ressaltou que a aprova��o de vacinas no Brasil resulta de uma avalia��o criteriosa dos relat�rios de seguran�a das fabricantes, baseados em estudos cl�nicos, dos “sinais de seguran�a gerados pelo modelo matem�tico da Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS), da troca de informa��es com outras autoridades regulat�rias e da discuss�o em grupos de especialistas”.
O conte�do dessas publica��es tamb�m foi verificado pela Ag�ncia Lupa, pelo Boatos.org e pelo Aos Fatos. O coment�rio de Ana Paula Henkel repercutiu na m�dia, e mat�rias sobre o assunto foram veiculadas no portal Uol e no jornal Estado de Minas.
Em resumo, os dados apresentados por Henkel sobre mortes e outros eventos adversos ap�s a vacina��o contra a covid-19 s�o somente relatos sem provas, que podem ser feitos por qualquer pessoa e que n�o t�m uma rela��o comprovada cientificamente com os imunizantes.