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Estado de Minas CHECAMOS

Checamos o pronunciamento de Bolsonaro sobre as a��es do governo contra a covid-19

Em sua fala, na ter�a-feira (23/03), presidente citou a��es do governo contra a COVID. Mas as afirma��es s�o verdadeiras?


24/03/2021 21:16 - atualizado 25/03/2021 11:37

Em pronunciamento em rede nacional no �ltimo dia 23 de mar�o, o presidente Jair Bolsonaro citou as a��es que o governo federal tomou para lidar e conter a pandemia de covid-19 no pa�s, e se solidarizou com as fam�lias das quase 300 mil v�timas da doen�a no Brasil. Abaixo, o AFP Checamos analisou algumas declara��es do mandat�rio durante o seu discurso.



“Desde o come�o eu disse que t�nhamos dois grandes desafios: o v�rus e o desemprego. E em nenhum momento o governo deixou de tomar medidas importantes tanto para combater o coronav�rus, como para combater o caos na economia”: Checamos

No dia em que o Brasil registrou a primeira morte pela doen�a, em 17 de mar�o do ano passado, Bolsonaro indicou ver “histeria” em algumas medidas implementadas pelos estados (1, 2), como o fechamento de estabelecimentos comerciais, para reduzir a propaga��o da doen�a. 


Em pronunciamento � popula��o em 24 de mar�o de 2020, quando o Brasil registrava 46 �bitos e mais de 2.200 casos confirmados, o presidente se referiu � doen�a como uma “gripezinha”.

No mesmo m�s, saiu para passear em Bras�lia, provocando pequenas aglomera��es (1, 2) - j� desencorajadas na �poca, inclusive pelo ent�o ministro da Sa�de Henrique Mandetta  - e disse que o v�rus precisaria ser enfrentado, mas “n�o como um moleque”

Em 31 de mar�o de 2020, contudo, o presidente demonstrou preocupa��o com a situa��o da pandemia e os poss�veis empregos que seriam perdidos com as medidas de quarentena impostas em v�rios estados, dizendo: “Tem vacina? N�o. Tem rem�dio? Comprovadamente ainda n�o. Mas temos um outro problema: o desemprego. E tem que ser tratado com igual responsabilidade. O v�rus e a quest�o do desemprego”.

Mas alguns dias depois, em 12 de abril, Bolsonaro j� minimizava novamente a pandemia, assinalando que o v�rus parecia estar “come�ando a ir embora”, sem citar qualquer dado. Naquele momento, o Brasil j� registrava 22 mil casos e mais de 1.200 mortes.

“Quero destacar que hoje somos o quinto pa�s que mais vacinou no mundo. Temos mais de 14 milh�es de vacinados e mais de 32 milh�es de doses de vacina distribu�das para todos os estados da federa��o, gra�as �s a��es que tomamos logo no in�cio da pandemia”: Enganoso 

Apesar do Brasil, de fato, aparecer, em n�meros absolutos, como o quinto pa�s que mais aplicou vacinas no mundo segundo os dados do projeto Our World in Data, da Universidade de Oxford, apenas 1,7% dos mais de 212 milh�es de habitantes foram completamente vacinados. Isso coloca o pa�s, em termos relativos, na 41º posi��o, atr�s de na��es como Estados Unidos e R�ssia, que j� vacinaram 13,6% e 2% de suas popula��es.

Sobre os 14 milh�es de vacinados, a plataforma oficial do governo que mostra quantas pessoas foram imunizadas mostra um n�mero diferente: at� 24 de mar�o, 11,7 milh�es de pessoas tomaram a primeira dose e, destas, 3,7 milh�es receberam a segunda dose. Ou seja, mais de 15,4 milh�es de doses foram aplicadas, mas, por serem necess�rias duas doses, o n�mero de pessoas imunizadas � inferior.

No mesmo site h� a quantidade de doses que foram distribu�das aos 26 estados e ao Distrito Federal, que tamb�m n�o chega �s 32 milh�es mencionadas pelo presidente. Atualmente, este n�mero est� em 29,9 milh�es.

Uma idosa recebe a dose da CoronaVac no Rio de Janeiro, em 6 de fevereiro de 2021 (Carl De Souza / AFP)
Uma idosa recebe a dose da CoronaVac no Rio de Janeiro, em 6 de fevereiro de 2021 (Carl De Souza / AFP)

“Sempre afirmei que adotar�amos qualquer vacina, desde que aprovada pela Anvisa. E assim foi feito”: Enganoso

Em 20 de outubro de 2020, o ent�o ministro da Sa�de, Eduardo Pazuello, assinou um protocolo de inten��o para adquirir 46 milh�es de doses da vacina CoronaVac, desenvolvida pela farmac�utica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, ligado ao governo estadual de S�o Paulo.

Um dia depois, Bolsonaro ordenou cancelar o acordo anunciado, em meio a uma disputa com um dos seus principais advers�rios pol�ticos, o governador de S�o Paulo, Jo�o Doria.

Em suas redes sociais, escreveu: “A VACINA CHINESA DE JO�O DORIA: Para o meu Governo, qualquer vacina, antes de ser disponibilizada � popula��o, dever� ser COMPROVADA CIENTIFICAMENTE PELO MINIST�RIO DA SA�DE e CERTIFICADA PELA ANVISA. O povo brasileiro N�O SER� COBAIA DE NINGU�M”.

No mesmo dia, em resposta a um usu�rio em outra publica��o que pedia ao presidente que n�o comprasse a vacina em quest�o porque “a China � uma ditadura”, Bolsonaro declarou: “N�O SER� COMPRADA”.

Ainda em 21 de outubro, o presidente participou do programa “Os Pingos nos Is”, da r�dio Jovem Pan, no qual foi questionado sobre uma possibilidade futura de comprar a vacina caso a Anvisa a aprovasse e registrasse Bolsonaro respondeu: “A [vacina] da China n�s n�o compraremos, � decis�o minha. Eu n�o acredito que ela transmita seguran�a suficiente para a popula��o”.

Em dezembro, durante um evento na Bahia, Bolsonaro ainda afirmou que como j� havia “tido o v�rus” n�o teria raz�o para se vacinar. Essa afirma��o foi negada por especialistas e pelo pr�prio Minist�rio da Sa�de em uma checagem feita pela AFP.

Em janeiro de 2021, o governo federal e o Minist�rio da Sa�de vieram a p�blico indicar que, de fato, haviam se reunido com a farmac�utica Pfizer para negociar a aquisi��o de doses, mas que “as cl�usulas leoninas e abusivas que foram estabelecidas pelo laborat�rio” criaram uma barreira.

Em 17 de janeiro, a Anvisa aprovou o uso emergencial dos imunizantes CoronaVac e AstraZeneca/Oxford contra a covid-19. No dia seguinte, a campanha oficial de vacina��o come�ou em todo o pa�s. Na plataforma do governo � poss�vel conferir quantas doses de cada imunizante j� foram aplicadas por estado.

“Solidarizo-me com todos aqueles que tiveram perdas em sua fam�lia. Que Deus conforte seus cora��es!”

Com quase 300 mil mortos pela covid-19 e mais de 12 milh�es de infectados, o presidente Bolsonaro j� deu declara��es contradit�rias a respeito dos �bitos ao longo de 2020.

Com 92 �bitos registrados, em 27 de mar�o de 2020, durante entrevista ao apresentador Jos� Luiz Datena, no programa “Brasil Urgente”, da TV Bandeirantes, declarou: “Alguns v�o morrer? V�o morrer. Lamento, lamento. Essa � a vida, a realidade”.

Em 20 de abril, quando o Brasil registrava 2.575 mortes, Bolsonaro falava com jornalistas e apoiadores quando foi questionado sobre o n�mero de �bitos, ao que ele respondeu: “N�o sou coveiro, t�?”.

Oito dias depois, quando o pa�s ultrapassou a marca de 5 mil v�timas do coronav�rus, Bolsonaro foi indagado sobre o fato do Brasil ter passado a China no n�mero total de �bitos, replicando com a seguinte frase: “E da�? Lamento. Quer que eu fa�a o qu�? Eu sou Messias, mas n�o fa�o milagre”.

Em 2 de junho, uma apoiadora do presidente pediu uma “palavra” para os enlutados, ao que ele disse: “A gente lamenta todos os mortos, mas � o destino de todo mundo”. Nessa data o Brasil j� contava mais de 31 mil v�timas da covid-19.

Durante um evento no Pal�cio do Planalto em 10 de novembro, o presidente voltou a minimizar as mortes decorrentes do coronav�rus, que j� chegavam a 162 mil: “Tudo agora � pandemia. Lamento os mortos, lamento, todos n�s vamos morrer um dia, aqui todo mundo vai morrer. N�o adianta fugir disso, fugir da realidade. Tem que deixar de ser um pa�s de maricas”.

Profissionais de saúde atendem pacientes com covid-19 no Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre, em 11 de março de 2021 (Silvio Avila / AFP)
Profissionais de sa�de atendem pacientes com covid-19 no Hospital Nossa Senhora da Concei��o, em Porto Alegre, em 11 de mar�o de 2021 (Silvio Avila / AFP)

Acordos assinados pelo governo

Durante o pronunciamento de 23 de mar�o, o presidente lembrou da assinatura de um acordo com a Universidade de Oxford para a produ��o de 100 milh�es de doses da vacina AstraZeneca na Fiocruz, o que de fato aconteceu em 31 de julho de 2020.

Em 10 de setembro, a institui��o divulgou que havia assinado o contrato garantindo o acesso “a 100,4 milh�es de doses do Ingrediente Farmac�utico Ativo (IFA) para o processamento final (formula��o, envase, rotulagem e embalagem) e controle de qualidade”.

Sobre o cons�rcio Covax Facility, que Bolsonaro indicou no pronunciamento de ter�a-feira ter assinado em setembro de 2020, foi publicada no dia 24 uma medida provis�ria que autorizava o Poder Executivo a aderir ao Instrumento de Acesso Global de Vacinas contra a covid-19. A mesma foi sancionada como lei em 2 de mar�o de 2021.

Segundo publica��o no site do Minist�rio da Sa�de, em 21 de mar�o o Brasil recebeu, no �mbito do Covax Facilty, mais de 1 milh�o de doses do imunizante AstraZeneca/Oxford e mais 1,9 milh�o est�o previstas para chegar at� o final de mar�o. Esse acordo prev� 42,5 milh�es de doses para 2021.

A respeito da produ��o de vacina em territ�rio nacional, o Brasil ainda depende da importa��o do Ingrediente Farmac�utico Ativo. Mas, segundo o diretor de Bio-Manguinhos, Maur�cio Zuma, “a partir da produ��o local do  IFA, uma tecnologia altamente complexa, vamos ganhar em celeridade”. Essa produ��o est� prevista para meados do segundo semestre.


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