
“A gasolina est� cara? Ontem o Presidente da Petrobr�s, Joaquim Silva e Luna, foi na Jovem Pan e disse: ‘N�s estamos terminando de pagar a a��o indenizat�ria que o povo americano (acionistas) entrou na justi�a por causa dos roubos que Lula e Dilma roubaram da Petrobr�s e fez a empresa quase falir’”, afirmam as publica��es no Facebook (1, 2), Instagram (1, 2) e Twitter (1, 2).
As alega��es circulam, ao menos, desde janeiro de 2022 e voltaram a ser compartilhadas ap�s o an�ncio em mar�o pela Petrobras do aumento do pre�o dos combust�veis e o subsequente repasse aos consumidores brasileiros. As publica��es ainda expressam que a declara��o teria sido feita “ontem”, sem, no entanto, mencionar a data em que o presidente da Petrobras teria feito tais afirma��es.
Uma pesquisa por esses termos, "Joaquim Silva e Luna", "Petrobras" e "Jovem Pan", leva a uma entrevista de novembro de 2021 no programa Os Pingos nos Is, da r�dio Jovem Pan. Essa � a �ltima entrevista de Luna concedida ao ve�culo citado nas publica��es virais, at� a data de publica��o deste texto.
Na ocasi�o, ele foi questionado sobre a pol�tica de pre�os da Petrobras e o aumento dos combust�veis repassado ao consumidor final. Na entrevista, de 24 minutos e 45 segundos de dura��o, Silva e Luna n�o faz qualquer rela��o entre o aumento dos combust�veis e uma “a��o indenizat�ria” nos Estados Unidos.
Mas o assunto aparece a partir do minuto 23:19 da entrevista, quando o ex-ministro do Meio Ambiente do governo Jair Bolsonaro, Ricardo Salles, pergunta: “N�s j� recuperamos tudo aquilo que foi roubado da Petrobras? V�rias a��es j� foram ajuizadas, inclusive nos Estados Unidos e tudo. Como � que t� esse processo de recupera��o dos ativos que foram desviados, general?".
Silva e Luna responde: “A nossa d�vida, Ricardo, ela foi conclu�da. N�s conseguimos terminar com essa d�vida. Ainda tem processo em andamento. Com rela��o aos Estados Unidos, conclu�mos esse processo h� pouco mais de um m�s, terminamos. Inclusive, temos que fazer periodicamente o relat�rio, prestar informa��o ao Departamento de Justi�a dos Estados Unidos. Isso foi dado como conclu�do. Esse processo est� encerrado”.
E continua: “Todas essas d�vidas j� est�o saldadas, 160 bilh�es de d�lares. Corresponde a uma Vale do Rio Doce, h� v�rios bancos Ita�s. Esse foi o pre�o que n�s tivemos que pagar com esses maus investimentos do passado, vamos dizer assim, esses desvios. Mas essa d�vida est� saldada. Ainda temos processos em andamento, ainda temos alguns que est�o tramitando, mas s�o de valores menores e que n�o tramitaram cem por cento em julgado”.
Em 4 de outubro de 2021, a Petrobras anunciou que as obriga��es previstas no acordo assinado com o Departamento de Justi�a dos Estados Unidos haviam sido conclu�das.
Sobre as publica��es virais, em nota enviada � AFP em 18 de mar�o de 2022, a assessoria da estatal afirmou que “o trecho citado n�o corresponde �s declara��es feitas pelo presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, nas entrevistas ao ve�culo mencionado, que ocorreram em novembro de 2021”.
Em 10 de mar�o de 2022 a empresa emitiu comunicado em que atribuiu o reajuste ao conflito na Ucr�nia, ap�s a invas�o do pa�s pela R�ssia.
“Apesar da disparada dos pre�os do petr�leo e seus derivados em todo o mundo, nas �ltimas semanas, como decorr�ncia da guerra entre R�ssia e Ucr�nia, decidimos n�o repassar a volatilidade do mercado de imediato, realizando um monitoramento di�rio dos pre�os de petr�leo. Ap�s serem observados pre�os em patamares consistentemente elevados, tornou-se necess�rio promover ajustes nos pre�os de venda �s distribuidoras para que o mercado brasileiro continue sendo suprido, sem riscos de desabastecimento”, diz a nota.
V�rios pa�ses da regi�o est�o sentindo os efeitos da alta dos pre�os dos combust�veis como consequ�ncia do conflito na Europa.
Pol�tica de pre�os da Petrobras
Em 2016, no governo de Michel Temer (MDB), a Petrobras anunciou uma mudan�a em sua pol�tica de pre�os. “A nova pol�tica prev� avalia��es para revis�es de pre�os pelo menos uma vez por m�s. � importante ressaltar que, como o valor desses combust�veis acompanhar� a tend�ncia do mercado internacional, poder� haver manuten��o, redu��o ou aumento nos pre�os praticados nas refinarias”, informou a empresa em nota de 14 de outubro daquele ano.Desde ent�o, os ajustes da estatal acompanham a cota��o do d�lar e o valor internacional do pre�o do barril de petr�leo. Por isso, com a desvaloriza��o do real frente � moeda norte-americana o pre�o da gasolina fica mais alto, � a chamada “pol�tica de paridade de pre�os de importa��o”.
Conte�do semelhante foi verificado pela Ag�ncia Lupa.