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Estado de Minas CHECAMOS

Participa��o, e n�o absten��o, influenciou resultados eleitorais na Col�mbia e no Chile

Dados oficiais mostram que mais eleitores participaram do �ltimo pleito nos dois pa�ses, ainda que o voto n�o seja obrigat�rio em ambos os casos


04/07/2022 19:07 - atualizado 06/07/2022 07:59

Publica��es compartilhadas mais de 10 mil vezes nas redes sociais ao menos desde 19 de junho de 2022 apontam supostas altas taxas de absten��o como decisivas para a vit�ria da esquerda na Col�mbia, com Gustavo Petro, e no Chile, com Gabriel Boric.

Mas dados oficiais mostram que mais eleitores participaram do �ltimo pleito nos dois pa�ses, ainda que o voto n�o seja obrigat�rio em ambos os casos.

� AFP, analistas locais apontaram esse como um dos fatores que impactaram nos resultados, ao contr�rio da absten��o.
'Em outubro n�o deixe de ir votar. A absten��o de votos fez a esquerda vencer no Chile e na Col�mbia', dizem as mensagens, compartilhadas no Facebook, Twitter e Instagram. 'Muito estranho ser� que a fraude est� nessas ABSTEN��ES!', indagam outros usu�rios.
Captura de tela feita em 29 de junho de 2022 de uma publicação no Twitter
Captura de tela feita em 29 de junho de 2022 de uma publica��o no Twitter ( . / )

Mas os n�meros mostram que as taxas de absten��o nos pleitos presidenciais de junho de 2022, na Col�mbia, e de dezembro de 2021, no Chile, foram mais baixas nos dois pa�ses se comparadas com as elei��es anteriores.

'Em nenhum desses dois pa�ses o resultado da elei��o vem da absten��o', comenta Marta Lagos, cientista pol�tica chilena e fundadora do �rg�o de medi��o da opini�o p�blica Latinobar�metro. Ela acrescenta que, na verdade, ocorreu o contr�rio:

'O resultado da elei��o em ambos os pa�ses vem do aumento da participa��o eleitoral, ou seja, da diminui��o da absten��o nos dois pa�ses. H� uma participa��o eleitoral extraordin�ria nos �ltimos 10 anos, portanto, � a diminui��o da absten��o que produz a diferen�a'.

Col�mbia


Mais de 22 milh�es de colombianos votaram no segundo turno da disputa presidencial entre Gustavo Petro, senador e ex-prefeito de Bogot�, e Rodolfo Hern�ndez, ex-governante de Bucaramanga, em 19 de junho de 2022. O n�mero corresponde a 58,09% de participa��o, um aumento se comparado �s elei��es de 2018, quando 53,11% sa�ram para votar no pa�s onde n�o h� essa obriga��o.
Captura de tela feita em 1º de julho de 2022 do site do órgão eleitoral colombiano
Captura de tela feita em 1� de julho de 2022 do site do �rg�o eleitoral colombiano ( . / )

A elei��o de Petro, portanto, aconteceu em um contexto de maior participa��o, e n�o o oposto.

O �rg�o eleitoral colombiano ressaltou um marco hist�rico: 'No segundo turno presidencial de 2022, foi registrada a menor absten��o dos �ltimos 24 anos'.

Mauricio Jaramillo, professor da Faculdade de Estudos Internacionais Pol�ticos e Urbanos da Universidade do Ros�rio, na Col�mbia, afirmou � AFP que a absten��o � um fator importante na cultura pol�tica colombiana, e que em algumas elei��es ela foi relevante, mas n�o determinante. Ele disse que o resultado das �ltimas elei��es n�o pode ser atribu�do a isso 'de forma alguma'.

'Devemos lembrar que quase 58-59% da participa��o foi alcan�ada, e para a tend�ncia colombiana � um resultado not�vel, superado apenas pela elei��o de 1998, que teve um recorde hist�rico de participa��o', acrescentou Jaramillo.

Yann Basset, que leciona na mesma faculdade, concorda: 'Realmente, mais que a absten��o, � a participa��o e como se participou que explica o resultado'.

De acordo com Jaramillo, houve um engajamento de eleitores da esquerda para eleger um presidente desse espectro pela primeira vez na hist�ria do pa�s, aumentando a participa��o.

Isso se explica pelo fato de que, em geral, trata-se de um p�blico mais dif�cil de ser mobilizado em uma elei��o, comentou Basset.

'S�o os mais pobres nas periferias, s�o �reas mais distantes do centro do pa�s, no Pac�fico, no Caribe e no sul do pa�s. E s�o os jovens, que em geral votam menos', e que participaram mais nessa ocasi�o, disse o professor.

No entanto, de acordo com o �rg�o eleitoral, a taxa de absten��o geral teve uma redu��o de 4,24 pontos 'em rela��o ao segundo turno das elei��es presidenciais de 2018'. Portanto, n�o foi decisiva, como lembram os especialistas consultados pela AFP.

Chile


O caso do Chile, onde o voto passou a ser volunt�rio em 2012, foi similar. Nas elei��es presidenciais de 2021, encabe�adas pelo atual presidente, Gabriel Boric, e por Jos� Antonio Kast, mais de 8 milh�es de pessoas sa�ram para votar no segundo turno, n�mero equivalente a 55,64% dos eleitores habilitados.

Um movimento parecido com o que aconteceu na Col�mbia levou os chilenos a votarem em maior peso. 'Boric ganha porque consegue aumentar o n�vel de participa��o eleitoral. Em ambos os casos [Boric e Petro], mobiliza-se uma parcela do eleitorado que estava adormecida, que � o que produz a mudan�a na balan�a no segundo turno', explicou a chilena Marta Lagos.
Gabriel Boric em ato após divulgarem os resultados oficiais do segundo turno da eleição presidencial, em Santiago, em 19 de dezembro de 2021
Gabriel Boric em ato ap�s divulgarem os resultados oficiais do segundo turno da elei��o presidencial, em Santiago, em 19 de dezembro de 2021 (foto: AFP / Javier Torres)

Em 2017, mais de 7 milh�es de chilenos, 49,01% das pessoas habilitadas, votaram na disputa presidencial de segundo turno, o que equivale a cerca de 6 pontos percentuais a menos de participa��o em compara��o com o pleito de 2021.

'Boric foi o presidente com a maior quantidade de votos na hist�ria do pa�s e o segundo turno foi o pleito com maior participa��o desde o voto volunt�rio', destacou Gonzalo Espinoza, cientista pol�tico chileno e coordenador do Observat�rio Pol�tico Eleitoral da Universidade Diego Portales (UDP).

Ele citou algumas raz�es que explicariam por que a absten��o em elei��es chilenas recentes n�o favoreceu candidatos de determinado espectro pol�tico: 'Por um lado, se poderia supor que a quantidade de votos foi t�o grande que representou as prefer�ncias dos que se abstiveram. Portanto, n�o teria alterado o resultado. Por outro lado, as elei��es p�s-outubro de 2019 foram marcadas por campanhas que se polarizaram. Esse tipo de elei��o desperta o interesse dos cidad�os, levando as pessoas a se tornarem ativas e participarem politicamente'.

Assim, completou, quem n�o votou n�o o fez porque definitivamente n�o tem interesse em quest�es de pol�tica institucional, ou porque se absteve conscientemente.

A AFP j� verificou diversos conte�dos a respeito dos pleitos eleitorais na Col�mbia (1, 2, 3) e no Chile (1, 2, 3).


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