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Estado de Minas CHECAMOS

Verificamos o �ltimo debate presidencial antes do primeiro turno das elei��es 2022

Com os �nimos acirrados, os postulantes divulgaram durante suas falas diversos dados enganosos


30/09/2022 05:53 - atualizado 30/09/2022 10:23

Sete dos candidatos � Presid�ncia da Rep�blica participaram do �ltimo debate televisivo antes do primeiro turno das elei��es de 2 de outubro no Brasil.

O evento, realizado em 29 de setembro, reuniu o presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-mandat�rio Luiz In�cio Lula da Silva (PT), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (Uni�o Brasil), Luiz Felipe D'�vila (Novo) e Padre Kelmon (PTB).

Com os �nimos acirrados, os postulantes divulgaram durante suas falas diversos dados enganosos. Veja a seguir a checagem de algumas das declara��es feitas no debate.

No evento organizado pela TV Globo a poucos dias das elei��es gerais de 2022, sete candidatos debateram sobre temas como economia, meio ambiente, corrup��o, sa�de e educa��o.

1. Jair Bolsonaro diz que 'Lula defendia que se roubassem celular pra tomar uma cervejinha': Falso

A frase � qual o presidente e candidato Jair Bolsonaro faz refer�ncia foi veiculada nas redes sociais em um v�deo editado para alterar o sentido de declara��es distintas do petista.

As grava��es usaram trechos retirados de uma entrevista concedida pelo ex-presidente a ve�culos de m�dia independentes de Pernambuco em 25 de agosto de 2017, tamb�m transmitida em sua p�gina oficial no Facebook.

Uma an�lise da �ntegra do conte�do feita pelo AFP Checamos permitiu constatar que as declara��es, feitas em momentos distintos, foram editadas e colocadas em sequ�ncia sugerindo que o ex-presidente teria afirmado que ladr�es roubam celulares 'para ganhar um dinheirinho' e depois irem para 'o bar tomar cerveja juntos'.

Em um primeiro momento, ao ser questionado sobre a viol�ncia em Pernambuco, Lula atribui o aumento dos indicadores criminais � situa��o econ�mica do pa�s. 'Vira uma ind�stria de roubar celular. Para que roubar um celular? Para vender, para ganhar um dinheirinho. Ora, ent�o eu penso que essa viol�ncia que est� em Pernambuco � causada pela desesperan�a'.

Em sequ�ncia, ele comenta sobre o �dio no pa�s utilizando dois times locais como met�fora: '� preciso distensionar, para a sociedade perceber que a torcida do Santa Cruz e do Sport n�o s�o inimigas, s�o advers�rias durante o jogo. Depois v�o para o bar tomar uma cerveja junto. E ainda deixam o pessoal do N�utico batendo palma do lado'.

2. O presidente tamb�m repetiu que 'toda a bancada do PT' votou contra o Aux�lio Brasil na C�mara dos Deputados: Enganoso

O Partido dos Trabalhadores (PT) votou contra a PEC dos Precat�rios, uma proposta do Poder Executivo que permitiu o parcelamento de d�vidas da Uni�o que j� foram julgadas de forma definitiva, chamadas de precat�rios.

J� o programa Aux�lio Brasil foi criado a partir da Medida Provis�ria 1.061/2021. Portanto, a proposta do governo passou a ter efeito imediato e foi posteriormente ratificada pelo Congresso.

O governo federal argumentava que a aprova��o da PEC era necess�ria para pagar o Aux�lio Brasil �s fam�lias mais vulner�veis, pois o parcelamento das d�vidas da Uni�o disponibilizaria mais espa�o fiscal para financiar o programa.

Mas o PT era contra a proposta por argumentar, dentre outras cr�ticas, que seria um 'calote' das d�vidas que a Uni�o possui. Ou seja, o PT se posicionou contra a PEC dos Precat�rios nas vota��es de primeiro e segundo turno na C�mara dos Deputados.

A MP 1.061/2021, criadora do Aux�lio Brasil, foi aprovada pela C�mara dos Deputados sem nenhum voto contr�rio em 25 de novembro de 2021. O PT, portanto, est� entre os partidos que aprovaram o texto-base da medida na C�mara.

Uma outra Medida Provis�ria, a MP 1.076/2021, garantiu que o benef�cio pago pelo Aux�lio Brasil teria um valor m�nimo de R$ 400. O PT tamb�m votou de maneira favor�vel � proposta na C�mara dos Deputados.

A mudan�a do valor de R$ 600 para o Aux�lio Brasil foi garantido ap�s a aprova��o da PEC 1/2022, anexada � PEC 15/2022. Na vota��o em primeiro turno da proposta na C�mara dos Deputados, o PT votou majoritariamente a favor e apenas um deputado do partido votou contra a PEC. O mesmo ocorreu na vota��o em segundo turno da proposta na C�mara.
Os candidatos Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT) e Padre Kelmon (PTB) se preparam para o debate presidencial para as eleições de 2 de outubro, no Rio de Janeiro, em 29 de setembro de 2022
Os candidatos Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT) e Padre Kelmon (PTB) se preparam para o debate presidencial para as elei��es de 2 de outubro, no Rio de Janeiro, em 29 de setembro de 2022 (foto: AFP / Mauro Pimentel)

3. Ao falar sobre a covid-19, o mandat�rio afirmou que 'nenhum pa�s do pa�s do mundo comprou vacina em 2020': Falso

Ao contr�rio do que afirmou o presidente, n�o s� havia doses dispon�veis � venda, como elas come�aram a ser distribu�das no mundo. De acordo com dados do Our World in Data, at� 31 de dezembro de 2020, mais de 5 milh�es de doses foram aplicadas apenas nos Estados Unidos.

Pa�ses vizinhos como Argentina, Chile e M�xico estavam � frente do Brasil no in�cio da vacina��o, tendo administrado, respectivamente, cerca de 32 mil, 9 mil e 25 mil doses at� o fim de 2020.

4. Bolsonaro indicou que o Brasil tem dois ter�os de suas florestas preservadas 'da mesma maneira quando Pedro �lvares Cabral aqui chegou': Sem contexto

Segundo um levantamento feito pelo projeto MapBiomas e publicado em agosto de 2022, � verdadeiro que o Brasil tem cerca de 66% de seu territ�rio coberto por vegeta��o nativa. A taxa, portanto, � pr�xima daquela citada pelo atual presidente.

Entretanto, a fala do candidato � reelei��o omite que parte dessa vegeta��o j� foi desmatada ao menos uma vez. O mesmo projeto indica que 8,2% da vegeta��o nativa do Brasil � secund�ria, ou seja, j� sofreu desmatamento.

5. O ex-presidente Lula voltou a dizer que foi 'absolvido em 26 processos' pelo STF e pela ONU: Enganoso

Embora atualmente o ex-presidente seja considerado juridicamente inocente, especialistas explicaram � AFP que n�o � correto falar em absolvi��o pela ONU e pelo STF.

Isso porque, em ambos os casos, essas entidades n�o julgaram o m�rito das acusa��es contra Lula, e sim a condu��o dos processos contra o candidato do PT.

Foram dois principais julgamentos no STF envolvendo Lula e a Lava Jato. A primeira foi a decis�o do ministro Edson Fachin sobre a 'incompet�ncia' da 13ª Vara Federal de Curitiba para julgar os processos de Lula e, posteriormente, o julgamento sobre a suspei��o do ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro.

O STF explicou ao Checamos em 9 de mar�o de 2021 que Fachin n�o analisou o m�rito das acusa��es levantadas contra Lula, mas que reconheceu que houve um erro processual e que Lula n�o deveria ter sido julgado pela 13ª Vara de Curitiba.
O ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se prepara para o debate presidencial para as eleições de 2 de outubro, no Rio de Janeiro, em 29 de setembro de 2022
O ex-presidente e candidato Luiz In�cio Lula da Silva (PT) se prepara para o debate presidencial para as elei��es de 2 de outubro, no Rio de Janeiro, em 29 de setembro de 2022 (foto: AFP / Mauro Pimentel)

As decis�es a respeito de Moro tampouco significam que o STF 'absolveu' Lula, na vis�o doutora em Direito Penal e professora da Funda��o Get�lio Vargas Raquel Scalcon. Segundo a especialista, na medida em que o STF concluiu que Lula n�o teve acesso a um julgamento justo por ter declarado Moro parcial, os processos apenas 'retornaram � estaca zero'.

Um levantamento feito pela AFP a respeito dos 26 processos contra Lula indica que em dez casos n�o houve julgamento do m�rito, e as den�ncias n�o seguiram adiante por quest�es processuais, como prescri��o de alguns casos.

Al�m disso, o professor de Direito Internacional P�blico e coordenador do curso Clio Guilherme Bystronski explicou � AFP que a ONU n�o poderia absolver o ex-presidente. 'Ele n�o foi absolvido [pela ONU]. N�o [...] teria nem como a Corte Interamericana de Direitos Humanos absolver. Absolvi��o em rela��o � mat�ria penal tem que ser no Brasil', disse.

6. Bolsonaro reafirmou que seu governo � 'limpo, sem corrup��o, orgulho nacional': Enganoso

No entanto, diversas pastas do governo Bolsonaro foram alvo de den�ncias por corrup��o.

Em junho de 2021, Roberto Ferreira Dias, ex-diretor do Departamento de Log�stica do Minist�rio da Sa�de, foi acusado de pedir propina para autorizar a compra de vacinas contra a covid-19 pelo governo.

A pasta da Sa�de j� havia sido alvo de suspeitas quando documentos do Itamaraty mostraram que o governo negociou a compra da vacina indiana Covaxin por um pre�o 1.000% maior do que o anunciado seis meses antes pela fabricante.

O Minist�rio do Meio Ambiente tamb�m foi investigado, por meio de seu ent�o ministro, Ricardo Salles. Em abril de 2021, uma opera��o da Pol�cia Federal teve Salles como alvo por suspeita de agir em favor do interesses de madeireiros investigados por extra��o ilegal.

J� o ent�o ministro da Educa��o, Milton Ribeiro, foi alvo de den�ncias em mar�o de 2022 por suposto tr�fico de influ�ncia e corrup��o para libera��o de recursos p�blicos em favor de aliados pol�ticos e pastores evang�licos.

De maneira similar, em outubro de 2019, Marcelo �lvaro Ant�nio, que ent�o comandava o Minist�rio do Turismo, foi indiciado por supostos crimes envolvendo candidaturas do PSL, partido que elegeu o presidente Jair Bolsonaro em 2018.

Outra suspeita no governo Bolsonaro envolve o 'or�amento secreto', relacionado a suspeitas de fraudes na compra de �nibus escolares, caminh�es de lixo e tratores. O mecanismo n�o � ilegal, mas dificulta a fiscaliza��o do destino dos recursos.


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