Um artigo alega que, para encobrir um efeito colateral das vacinas contra a covid-19, cientistas estariam relacionando o consumo de ovos � forma��o de co�gulos sangu�neos.
Isto � falso.
O estudo citado no texto foi publicado anos antes da pandemia e examinou o risco de doen�as cardiovasculares associado a um suplemento nutricional.
O artigo, que cita um estudo da Cleveland Clinic, afirma: "No que parece ser outro exemplo da elite global tentando distrair o p�blico da verdadeira causa do aumento de problemas card�acos desde o lan�amento da vacina, os cientistas agora querem que acreditem que um nutriente encontrado nos ovos aumenta o risco de coagula��o do sangue."

O apresentador norte-americano Joe Rogan e a osteopata norte-americana Sherri Tenpenny, que j� promoveram desinforma��o sobre vacinas, tamb�m repercutiram a alega��o no Facebook e no Twitter, onde ganharam centenas de milhares de visualiza��es.
As postagens ocorrem em meio a uma onda de alega��es n�o comprovadas de que profissionais de sa�de estariam tentando encobrir os perigos das vacinas contra a covid-19, que as autoridades de sa�de confirmam que s�o seguras e eficazes na preven��o de doen�as graves e morte.
O NewsPunch, que j� foi verificado pela AFP, cita como evid�ncia uma reportagem do Daily Express, um jornal brit�nico. O texto do Express, publicado em 22 de janeiro e atualizado posteriormente, diz que o estudo da Cleveland Clinic descobriu que um composto "encontrado em ovos" est� associado a um risco aumentado de coagula��o sangu�nea.
Mas o artigo do NewsPunch n�o apresenta com precis�o as descobertas do centro acad�mico de Medicina.
"A pesquisa n�o mostrou uma liga��o direta entre o consumo de ovos e a 'forma��o repentina de co�gulos sangu�neos'", disse a Cleveland Clinic � AFP em um comunicado de 27 de janeiro.
Estudo foca em suplementos
O artigo de 2017 focava na colina, um nutriente encontrado nos ovos.
A Cleveland Clinic disse que o trabalho de seus pesquisadores 'mostrou que tomar colina suplementar em uma c�psula, um suplemento bastante comum, aumentou os n�veis de TMAO', um composto produzido por bact�rias intestinais. Isso pode representar "um fator de risco para eventos tromb�ticos, como ataque card�aco e derrame", disse � AFP.
No entanto, os mesmos cientistas publicaram outro estudo em 2021 que verificou que "o consumo de ovos n�o demonstrou eleva��o de TMAO ou resposta plaquet�ria aprimorada em volunt�rios saud�veis".
Martha Gulati, diretora de cardiologia preventiva do Smidt Heart Institute no Cedars-Sinai Medical Center, em Los Angeles, disse � AFP que "comer ovos definitivamente n�o causa a coagula��o do sangue".
Ela explicou que a colina "est� em muitos alimentos diferentes, incluindo ovos, mas quando as pessoas tomam suplementos, geralmente tomam altas doses que n�o s�o a quantidade dos alimentos".
Vacinas s�o seguras
Os Centros de Controle e Preven��o de Doen�as (CDC) dos Estados Unidos afirmam em seu site que rea��es graves ap�s a vacina��o contra a covid-19 s�o raras. A Ag�ncia de Medicamentos e Alimentos dos EUA (FDA) recomenda a vacina��o para crian�as e adultos.
As autoridades de sa�de norte-americanas est�o monitorando alguns raros 'eventos adversos de interesse' relatados ap�s a vacina��o contra a covid-19 - incluindo trombose com s�ndrome de trombocitopenia, que causa a coagula��o do sangue.
A condi��o ocorreu em aproximadamente quatro casos por um milh�o de doses da vacina contra covid-19 da Johnson and Johnson. O CDC tem recomendado inje��es da Pfizer e Moderna em vez de Johnson e Johnson.
A Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) tamb�m monitora a seguran�a das vacinas aprovadas no Brasil e oferece o sistema VigiMed, no qual profissionais de sa�de e cidad�os podem registrar suspeitas de eventos adversos.
A Anvisa disponibiliza para consulta online as bulas das vacinas anticovid. Entre as vacinas liberadas no Brasil, apenas Fiocruz/Astrazeneca e Janssen registraram casos raros (1 em 100.000) e muito raros (1 em 1.000 vacinados) de surgimento co�gulos sangu�neos.
A vacina��o contra a covid-19 de adultos e crian�as tamb�m � recomendada pelo Conselho Nacional de Sa�de.
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