Pfizer n�o 'reconheceu' que vacinas anticovid t�m �xido de grafeno

 

A farmac�utica norte-americana Pfizer n�o "reconheceu" que suas vacinas contra a covid-19 possuem �xido de grafeno. Usu�rios compartilharam esta afirma��o centenas de vezes nas redes sociais desde 16 de mar�o de 2023, junto a capturas de tela de um suposto relat�rio da empresa que confirmaria isso. No entanto, o documento mostra o m�todo utilizado para estudar uma prote�na, que nada tem a ver com a composi��o dos imunizantes, explicaram especialistas � AFP. Seus componentes s�o p�blicos e um porta-voz da Pfizer confirmou que o �xido de grafeno n�o � usado na fabrica��o de suas vacinas.

'BREAKING: Documentos confidenciais da Pfizer confirmam que o '�xido de grafeno' est� nas vacinas COVID... E AGORA%u2049%uFE0F ', afirmam publica��es no Twitter e Facebook.

Algumas das postagens s�o embasadas em um artigo em ingl�s do site The Expos�, j� verificado em outras ocasi�es pela AFP (1, 2, 3). Conte�do semelhante tamb�m circula em espanhol, ingl�s, holand�s e alem�o.

Desinforma��o volta a circular 

O grafeno e seu derivado, o �xido de grafeno, s�o nanomateriais � base de carbono que t�m sido objeto de v�rias teorias da conspira��o desde abril de 2021. Eles foram acusados de serem letais e de estarem presentes em testes de PCR, em preservadores de frescor de sementes de girassol e tamb�m nas vacinas contra a covid-19, sendo supostamente respons�veis por "magnetizar" as pessoas, "control�-las" ou mat�-las - todas alega��es falsas.

Tamb�m � falso que a Pfizer tenha "finalmente" reconhecido que seus imunizantes contra a covid cont�m �xido de grafeno.

 

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A AFP consultou um porta-voz da empresa farmac�utica em 22 de mar�o de 2023, que afirmou por e-mail: 'Confirmamos que o �xido de grafeno n�o � usado na fabrica��o da vacina Pfizer-BioNTech COVID-19; voc� pode encontrar a lista completa de ingredientes aqui.'

Informa��es sobre a composi��o das vacinas que fabrica tamb�m s�o divulgadas no site da Pfizer.

Documento mal-interpretado

As publica��es sugerem que um documento, supostamente "confidencial" e atribu�do � empresa farmac�utica, carregado no site de uma organiza��o n�o-governamental chamada Medical and Public Health Professionals for Transparency e intitulado em ingl�s "Structural and biophysical Caracterization of peak glycoprotein SARS- CoV-2 (P2 S) as a Vaccine Antigen', provaria que as vacinas anticovid da Pfizer cont�m �xido de grafeno.

 

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A farmac�utica n�o confirmou nem desmentiu � AFP a autenticidade do documento: 'N�o podemos verificar ou autenticar nenhum documento que apare�a online/nas redes sociais'.

Como argumento, as publica��es apontam a presen�a do termo '�xido de grafeno' na p�gina 7 do texto, ap�s o subt�tulo 'Cryo-EM de P2 S'. Nessa se��o, o artigo afirma, em ingl�s: 'Para P2 S marcado com TwinStrep, foram aplicadas 4 μL de prote�na purificada a 0,5 mg/mL a grades de malha de ouro 300 Quantifoil R1.2/1.3 recentemente revestidas com �xido de grafeno'.

No entanto, especialistas explicaram � AFP que isso n�o est� relacionado aos componentes das vacinas, mas sim a uma t�cnica de estudo do v�rus SARS-CoV-2.

O doutor uruguaio em ci�ncias biol�gicas e virologista Santiago Mirazo disse � AFP que neste fragmento espec�fico o que o documento detalha � uma metodologia amplamente utilizada na biologia, biof�sica e bioqu�mica: a crio-eletromicroscopia. Nesse caso, foi aplicada para determinar a estrutura da prote�na S, ou spike que permite que o SARS-CoV-2 adira e entre em uma c�lula hospedeira.

'S�o usadas grades muito pequenas de �xido de grafeno onde a prote�na � colocada para depois fazer a eletromicroscopia. Foi demonstrado que esse material melhora a capacidade de definir essa estrutura, mas n�o apenas a prote�na spike, mas qualquer prote�na', acrescentou Mirazo.

O especialista destacou que a etapa de caracteriza��o da prote�na em laborat�rio 'est� longe do que ser� a produ��o do mensageiro, que obviamente n�o utiliza essa grade de �xido de grafeno. N�o s� n�o cont�m �xido de grafeno, como nem mesmo por transporte ou contamina��o cruzada as vacinas poderiam ter �xido de grafeno derivado deste teste. Em outras palavras, s�o coisas completamente independentes' .

Nicol�s Torres, do Laborat�rio de Imunopatologia do IBYME-CONICET, na Argentina, concordou e comentou que, al�m do �xido de grafeno, tamb�m s�o usadas part�culas de ouro ou outros compostos, "mas faz parte da t�cnica e n�o tem nada a ver com a composi��o da vacina'.

A prote�na S ou spike

O relat�rio viralizado '� um trabalho de 2020, que mostra as fases iniciais da produ��o da vacina e essa � justamente a etapa prim�ria desse desenvolvimento', disse Mirazo. Aqui mostramos que a prote�na spike est� "correta em estrutura e fun��o", explicou.

Al�m de permitir que o SARS-CoV-2 entre na c�lula, essa prote�na tamb�m d� ao coronav�rus seu formato de 'coroa'.

A prote�na � essencial no funcionamento das vacinas de RNA mensageiro (mRNA) contra a covid-19. Estes n�o cont�m a prote�na em si, mas um 'manual de instru��es' gen�tico para que ela possa ser produzida pelo nosso corpo.

A anima��o abaixo detalha como essas vacinas funcionam:

Refer�ncias:

• Composi��o das vacinas anti-covid da Pfizer (1, 2)
• Documento viral