O ex-governador Luiz Antonio Fleury Filho foi intimado e vai depor como testemunha de defesa no julgamento do massacre da Casa de Deten��o do Carandiru. O crime ocorreu em outubro de 1992, quando 111 presos foram mortos no Pavilh�o 9 depois do ingresso da Pol�cia Militar no pres�dio. “Fui intimado e darei meu testemunho”, disse o ex-governador.
Os julgamentos do massacre do Carandiru foram desmembrados e a estimativa � de que sejam separados por intervalos de quatro meses. No primeiro j�ri, que come�a nesta segunda-feira, 15, s�o 26 acusados de matar 15 presos. O pr�ximo, que deve ser somente no segundo semestre deste ano, h� um comandante e 29 PMs acusados de matar 78 pessoas no segundo pavimento.
Em ambos, os acusados eram da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota). Nos 3.º e 4.º pavimentos atuaram os demais r�us, acusados de mais 18 mortes e 5 les�es. Os policiais eram do Comando de Opera��es Especiais (COE) e do Grupo de A��es T�ticas Especiais (Gate). O primeiro j�ri estava programado para a semana passada. Como uma jurada passou mal, o julgamento foi transferido para esta segunda-feira, 15. Novos jurados ser�o selecionados e a estimativa � que os trabalhos demorem dez dias.
Falhas
A estrat�gia da advogada de defesa Ieda Ribeiro de Souza � mostrar algumas falhas no processo, que acabou n�o sendo capaz de individualizar a culpa pelas mortes no dia da chacina. Como n�o foi feito exame de bal�sticas nas armas usadas pelos policiais durante a invas�o, n�o se sabe quem disparou e quem foi respons�vel pelas mortes. “Creio que o j�ri n�o seria capaz de condenar algu�m por 15 mortes se ele n�o sabe nem sequer se a pessoa fez algum disparo.”
A advogada ainda vai afirmar que os policiais agiram em leg�tima defesa e lembrar que o principal respons�vel pela invas�o, o coronel Ubiratan Guimar�es, morto em 2006, foi absolvido naquele mesmo ano pelo Tribunal de Justi�a de S�o Paulo. Na acusa��o, os promotores Fernando da Silva e M�rcio Friggi dizem que os 26 PMs efetuaram disparos e por isso ser� pedida a condena��o de todos.
Segundo os promotores, a prova da bal�stica n�o poderia ser feita no primeiro momento por falta de equipamentos do Instituto de Criminal�stica. “A quest�o crucial, o ponto mais complexo, n�o � a quest�o de provas. � uma quest�o ideol�gica”, diz Friggi. Os promotores temem que a cren�a na ideia de que “bandido bom � bandido morto” possa levar os jurados a enxergar o julgamento de forma parcial.