Com uma popula��o de aproximadamente 40 mil habitantes, o munic�pio de Ros�rio, a 70 quil�metros da capital S�o Lu�s, � mais uma das cidades brasileiras que sofrem com a falta de profissionais de sa�de, principalmente m�dicos, e de estrutura para garantir a oferta de servi�os nos moldes do que prev� o Sistema �nico de Sa�de (SUS). O estado do Maranh�o, segundo dados do Minist�rio da Sa�de, apresenta a mais baixa propor��o de m�dicos por mil habitantes no pa�s, correspondendo a um ter�o da m�dia nacional. Enquanto a m�dia nacional � 1,8 m�dico a cada mil habitantes, no Maranh�o a propor��o � 0,58.
"Ela passou mal e eu corri para c� com ela, mas a situa��o � muito ruim. Deram a medica��o e agora estamos esperando, com esse calor todo. Mas n�o tem o que fazer, tem que esperar", disse a jovem.
De acordo com funcion�rios do hospital, os equipamentos da unidade tamb�m est�o sucateados. O auxiliar de enfermagem Francisco de Assis, que ocupava o cargo de coordenador administrativo at� o m�s passado, disse, por exemplo, que a autoclave, que serve para esterilizar roupas e materiais, tem pelo menos 30 anos de uso, est� obsoleta e pode comprometer a total elimina��o de micro-organismos.
O hospital, que atende casos de urg�ncia e emerg�ncia, tamb�m n�o tem desfibrilador - equipamento usado em casos de parada cardiorrespirat�ria com objetivo de restabelecer ou reorganizar o ritmo card�aco - e, segundo o m�dico plantonista L�cio F�bio Guimar�es, o aparelho de raio X est� quebrado h� tr�s anos. Al�m disso, o centro cir�rgico e a sala de parto est�o desativados por falta de condi��es de funcionamento.
"A infraestrutura aqui � prec�ria, isso � not�rio. Uma vez comentei com um enfermeiro que a popula��o reclamaria da falta do raio X e ele me respondeu que, infelizmente, as pessoas j� est�o acostumadas a n�o ter [equipamentos funcionando]", disse o m�dico.
Com dores no p� h� tr�s semanas e sem conseguir fazer o raio X na rede p�blica, a pescadora Maria de Jesus Souza Carvalho, de 50 anos, foi a uma cl�nica particular no munic�pio para saber o pre�o do exame. Segundo ela, para pagar os R$ 50 cobrados no local ser� preciso pedir a ajuda de parentes e amigos.
Depois de ser atendida no hospital de Ros�rio, ela foi ao munic�pio vizinho de Bacabeira para tentar uma consulta com o ortopedista e fazer o exame. No local, foi informada de que teria que voltar alguns dias depois para marcar a consulta com o especialista que s� atende no munic�pio uma vez por semana.
"Eu fui ao m�dico e ele me mandou consultar com um ortopedista. Fui em outra cidade, porque me disseram que l� tinha ortopedista e ele fazia o exame na hora, mas o m�dico n�o estava l�. Ent�o voltei e consegui marcar com o ortopedista aqui em Ros�rio, mas s� para daqui a duas semanas. Como estou com muitas dores no p�, vou tentar fazer aqui na particular", contou ela, que teve que parar de trabalhar desde que o p� come�ou a inchar. "N�o d� para trabalhar porque quase n�o posso andar, n�o posso colocar o p� no ch�o", lamentou a pescadora.
A secret�ria de Sa�de de Ros�rio, Mauricea Rodrigues Lopes, reconhece que o setor � o "maior gargalo" da administra��o municipal. Segundo ela, os recursos que o munic�pio disp�e s�o insuficientes para reformar a unidade que j� foi federal, tendo sido repassada � prefeitura h� cerca de 20 anos.
"N�s fazemos apenas reformas pontuais, mas seria necess�rio investir aproximadamente R$ 1 mih�o [para recuperar o hospital] e o munic�pio n�o tem verba para isso. Esse hospital � um elefante branco", desabafou a secret�ria de Sa�de de Ros�rio.
Mauricea Lopes explicou que h� muitos casos que chegam � unidade e precisam ser encaminhados ao hospital estadual no munic�pio vizinho de Morros, a 30 quil�metros de Ros�rio, que "nem sempre tem leitos dispon�veis", ou a unidades da capital S�o Lu�s, a 60 quil�metros. Em rela��o ao raio X, ela informou que a prefeitura j� comprou um novo aparelho que deve chegar nas pr�ximas semanas.
Ainda segundo Mauricea Rodrigues Lopes, o Minist�rio da Sa�de repassou ao munic�pio em julho R$ 400 mil para construir unidades b�sicas de Sa�de (UBS) e reduzir os gastos da prefeitura com o aluguel de cinco im�veis onde funcionam algumas das atuais unidades. Segundo ela, as 15 equipes do Programa Sa�de da Fam�lia, existentes em Ros�rio, atuam em cinco im�veis pr�prios e dez alugados.
Ela acrescentou que a pasta tamb�m repassou R$ 1 milh�o para a constru��o de um Centro de Aten��o Psicossocial (Caps) com o objetivo de atender usu�rios de �lcool e drogas. A unidade ter� 20 leitos para interna��o e funcionar� 24 horas, destacou. O minist�rio tamb�m repassar� R$ 78 mil mensais para manter o centro.
Com o �ndice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) considerado m�dio, segundo o Atlas do Desenvolvimento Humano Brasil 2013, Ros�rio aparece atr�s de 3.447 no ranking, que leva em considera��o crit�rios como longevidade, renda e educa��o. O IDHM foi divulgado na semana passada no Atlas do Desenvolvimento Humano Brasil 2013, elaborado pelo Programa das Na��es Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).