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Estado de Minas

Obras da Copa deixam fam�lias desabrigadas pr�ximas a portos mar�timos

O presidente russo Vladimir Putin acusou na ter�a-feira o governo ucraniano de instigar uma "guerra civil" na regi�o, durante uma conversa com a chefe de Governo da Alemanha, Angela Merkel


postado em 16/04/2014 11:51

 Raquel Lima, foi separada da filha quando ficou desabrigada ao ter que deixar a casa no Alto da Paz(foto: Monique Renne/CB/D. A Press)
Raquel Lima, foi separada da filha quando ficou desabrigada ao ter que deixar a casa no Alto da Paz (foto: Monique Renne/CB/D. A Press)
 

Uma casa com vista para o mar n�o � sin�nimo de tranquilidade para mais de 2 mil fam�lias cearenses. Comunidades de baixa renda instalaram-se na regi�o do Porto do Mucuripe e agora enfrentam o medo e as consequ�ncias de remo��es em massa. Parte das fam�lias construiu as moradias de forma irregular. Os im�veis tornaram-se o empecilho do governo do Cear� para a reforma dos arredores do porto. As obras foram contempladas pelo pacote de recursos destinados � Copa do Mundo. S� o terminal mar�timo consumiu R$ 202 milh�es, alocados para a expans�o da estrutura.

Outra obra que causa impacto na cidade � a constru��o do ve�culo leve sobre trilhos (VLT). Existem cerca de 20 bairros instalados na linha pela qual o VLT passar�. A maioria foi removida, sob protestos e den�ncias de uso de viol�ncia. A manh� em que m�quinas da prefeitura demoliram os barracos das 400 fam�lias, no Bairro Alto da Paz, � lembrada como “o dia do desespero”. A comunidade ergueu-se em cima de uma duna, com vista para o Porto do Mucuripe. Nesse terreno, ser� constru�do um conjunto habitacional, destinado a pessoas de baixa renda, com 1.472 moradias para a popula��o das comunidades de duas outras �reas irregulares, Titanzinho e Servluz, com promessa de saneamento b�sico, �gua, sistema vi�rio e ilumina��o.

Desde 20 de fevereiro, quem vivia no Alto da Paz est� desabrigado. “Constru� a minha casa com restos de ferro, peda�os de m�quinas de lavar e de fog�o. Consegui, com muito custo, forrar o teto com as telhas. Quando o trator chegou, eu pedi meia hora para tirar as telhas. O motorista disse que n�o tinha tempo a perder e botou tudo ao ch�o. Foi o pior dia da minha vida”, relata Raquel Lima, de 34 anos, auxiliar de servi�os gerais. Ela conseguiu salvar apenas roupas e uma boneca da filha, que tem 9 anos.

Depois da derrubada, Raquel procurou abrigo na casa de amigos, no bairro vizinho, conhecido como Servluz. N�o p�de levar com ela as duas filhas e o neto, pois a casa onde est� n�o comporta mais pessoas, n�o tem banheiro nem energia el�trica. “Se voc� desestrutura a fam�lia, tira essas crian�as de casa e, muitas vezes, da escola, a tend�ncia � que elas fiquem mais expostas ao convite das drogas e de toda sorte de abusos. Elas perderam o que tinham e n�o foram realocadas”, explica a coordenadora do Centro de Defesa da Crian�a e do Adolescente de Fortaleza (Cedeca), Talita Maciel.

Ap�s derrubar quase todo o Bairro Servluz, a prefeitura pretende construir uma pra�a no entorno do Farol do Mucuripe, na �rea do porto, com 26 mil metros quadrados. “Como pode uma pra�a ser mais importante que a vida das pessoas? O governo n�o quer que o turista veja mis�ria e pobreza. Quer levar esse problema para longe dos olhos das visitas”, acusa Raquel Lima. Moradores que permaneceram no Servluz j� anunciaram a resist�ncia em aceitar a desapropria��o de lotes.

A exposi��o de menores de 18 anos ao problema da falta de moradia preocupa o Cedeca. “Relatos contam que a prefeitura ofereceu R$ 100 como aux�lio aluguel e at� passagens para pessoas voltarem para terra de origem. E quem n�o tem para onde voltar? Volta para a rua. O governo quer reconfigurar a cidade, por interesses do mercado imobili�rio, mas est� negligenciando os direitos das crian�as que viviam nesses locais”, explica Talita Maciel. Por sua vez, a Secretaria de Habita��o de Fortaleza informa que a interdi��o dos bairros tem rela��o com obras de urbaniza��o e revitaliza��o da �rea portu�ria, constru��o de pra�as e de quase 1,5 mil unidades habitacionais e garantiu que as novas casas ser�o regularizadas e com equipamentos p�blicos.


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