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Estado de Minas

Judeus e exilados pol�ticos alem�es enfrentaram preconceito em Minas

Levados para Juiz de Fora pelo professor alem�o Hermann G�rgen, imigrantes tiveram dificuldade para trabalhar como oper�rios


postado em 25/11/2014 08:37 / atualizado em 25/11/2014 11:04

Os 48 judeus e exilados pol�ticos que desembarcaram em Juiz de Fora, em 1941, fugindo do nazismo com a ajuda do professor Hermann G�rgen, tiveram dificuldades para se adaptar � rotina no interior mineiro. Sem condi��es de trabalhar em suas �reas – entre eles havia intelectuais, professores universit�rios e escritores –, uma vez que vieram para atuar como oper�rios em uma f�brica de fachada, os integrantes do grupo G�rgen enfrentaram uma s�rie de proibi��es impostas aos imigrantes da Segunda Guerra. Ap�s garantir a sobreviv�ncia longe das atrocidades cometidas pelo ditador alem�o Adolf Hitler, os refugiados passariam por mais alguns anos de prova��o no territ�rio brasileiro.

(foto: Arquivo Pessoal)
(foto: Arquivo Pessoal)
Em s�rie iniciada domingo, o Estado de Minas conta a hist�ria do grupo de exilados judeus e perseguidos pol�ticos que contou com a ajuda do historiador e fil�sofo alem�o Hermann Mathias G�rgen para escapar da morte quase certa nas m�os do regime nazista. Ele elaborou um plano para construir uma f�brica no interior de Minas Gerais – as Ind�strias T�cnicas Ltda. –, como justificativa para conseguir a autoriza��o do governo brasileiro para a entrada dos perseguidos. Estrat�gia semelhante � do industrial Oskar Schindler, que ficou conhecido depois que sua fa�anha para salvar mais de 1 mil judeus dos campos de concentra��o chegou aos cinemas no filme A Lista de Schindler.

A proximidade entre Juiz de Fora e o Rio de Janeiro, ent�o capital federal, e as caracter�sticas europeias da cidade mineira – o munic�pio foi apelidado no final do s�culo 19 de “Manchester Mineira” pelo grande n�mero de ind�strias – n�o foram suficientes para uma adapta��o mais f�cil dos exilados. Durante o per�odo de guerra, a popula��o tratava com preconceito os alem�es que chegavam ao Brasil. Principalmente depois que o presidente Get�lio Vargas declarou guerra aos governos fascistas, algumas regras duras entraram em vigor, proibindo o uso do idioma alem�o no pa�s e o com�rcio de alguns produtos fabricados pelos imigrantes, mesmo eles tendo sido obrigados a fugir pelo regime nazista.



"A l�ngua foi sem d�vida a maior dificuldade. E a pr�pria condi��o de refugiados, impunha uma s�rie de obst�culos na retomada de suas vidas. Eles n�o tinham patrim�nios ao chegar aqui, j� que muitos sa�ram �s pressas e deixaram tudo para tr�s. Muitos intelectuais n�o podiam chamar aten��o com suas ideias. No caso do grupo G�rgen, a maioria dos refugiados trabalhou em uma f�brica, algo que nunca tinham feito na vida”, conta a historiadora da Universidade de S�o Paulo (USP), Maria Luiza Tucci Carneiro.

O escritor alem�o Ulrich Becher, integrante do grupo G�rgen, relatou as dificuldades para conseguir trabalhar no interior mineiro. Ficou pouco tempo na f�brica em Juiz de Fora at� se mudar para o Rio de Janeiro. “N�o � poss�vel construir uma editora somente a partir das suas ideias, ainda que se tenha 50 t�tulos na cabe�a. Precisa-se de impulsos e gente com quem se briga e pensa. H� coisas que s�o imposs�veis por estarem no lugar errado”, desabafou Becher em carta para seu amigo Gerhard Metsch. O escritor alem�o teve v�rias de suas obras queimadas em pra�as p�blicas quando os nazistas chegaram ao poder.

A frustra��o com a vida de exilado continuou mesmo depois do fim da Segunda Guerra, em 1945. Como muitos dos intelectuais defendiam ideologias de esquerda, no per�odo da Guerra Fria eles continuaram enfrentando preconceito e censura mesmo distantes de suas p�trias. “At� os anos 1950, esses exilados enfrentaram grande dificuldade, passando por um per�odo de reclus�o e sil�ncio. Mesmo com o fim da guerra, esses judeus continuaram sem poder se manifestar intelectualmente. Muitos eram socialistas, de esquerda, e corriam o risco de serem taxados de comunistas. A pol�cia pol�tica do Brasil, o Dops e outros �rg�os de seguran�a, os consideravam ‘defensores das ideologias ex�ticas’ e manteria uma vigil�ncia constante sobre eles. O pr�prio G�rgen, defensor de ideias de esquerda, foi perseguido e vigiado por muito tempo”, explica Maria Lu�za.


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