
Foram fincadas na areia 144 cruzes pretas, uma para cada transexual ou travesti mortos no ano passado por causa do preconceito, em todo o pa�s, segundo levantamento da Rede Trans Brasil. O n�mero, de acordo com a presidente da organiza��o n�o governamental, Tathiane Ara�jo, faz do Brasil um dos campe�es de mortes de pessoas trans no mundo. Ela destacou que os assassinatos refletem a vulnerabilidade dessas pessoas.
A exclus�o, explica Tathiane, come�a em casa, quando pais se recusam reconhecer a identidade de algu�m que n�o se identifica com o sexo designado ao nascer, que � o caso de pessoas trans. “A fam�lia fecha a porta, a escola fecha a porta em uma �poca crucial da vida, que � a adolesc�ncia, a� a pessoa tem dificuldade de encontrar trabalho e, por n�o ter qualifica��o, isso vira um problema social. Precisamos visibilizar que a exclus�o � o nosso principal fator de risco”, afirmou a presidente da Rede Trans Brasil, que tamb�m apontou a falta de pol�ticas p�blicas como causa da inclus�o desse grupo.

O relat�rio completo da Rede Trans Brasil com n�mero de v�timas de transfobia – preconceito que vitima pessoas trans – com informa��es sobre circunst�ncias das mortes e recomenda��es ao poder p�blico ser� divulgado nesta segunda-feira, quando o documento tamb�m ser� entregue � Organiza��o dos Estados Americanos (OEA), no Rio. O levantamento foi feito com base em not�cias de jornais e casos apurados pela organiza��o.
Quest�o cultural
A coordenadora-geral de Promo��o dos Direitos de L�sbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Marina Reidel – representente do Minist�rio da Justi�a na manifesta��o deste domingo – reconheceu que o Brasil ainda n�o � um pa�s seguro para pessoas trans e disse que o governo tem o Disque 100 para receber den�ncias. No entanto, segundo Marina, acabar com a viol�ncia contra pessoas trans passa pela educa��o, quest�o que tem esbarrado nos legislativos.
“A viol�ncia � uma quest�o cultural. Eu, como professora que sou, reconhe�o que a educa��o precisa ser repensada nesse aspecto, mas no ano passado e retrasado, tivemos uma grande dificuldade de dialogar com os legislativos e ficaram de fora dos planos de educa��o a quest�o de g�nero”. Marina, que � uma mulher trans, tamb�m avalia que faltam servi�os para a popula��o nos estados e munic�pios.
Para discutir o cen�rio e pol�ticas p�blicas, o Conselho Nacional de Combate � Discrimina��o e Promo��o dos Direitos de L�sbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais se reunir� esta semana com �rg�os do governo, em Bras�lia.