A sede da Coordena��o Regional de Ensino do Plano Piloto e Cruzeiro tornou-se palco do 13º feminic�dio registrado na capital federal neste ano. Na manh� desta segunda-feira (20/5), o policial civil Sergio Murilo dos Santos, 51 anos, entrou com uma pistola calibre 40 no edif�cio da Secretaria de Educa��o, na 511 Norte, e disparou tr�s vezes contra a ex-namorada, a professora Debora Tereza Correa, 43. Depois disso, ele se matou. A 2ª Delegacia de Pol�cia (Asa Norte) investiga o caso. Ainda n�o h� data prevista para os sepultamentos.
Na ocasi�o, os dois estavam em um carro. Debora pediu para descer do ve�culo, mas Sergio n�o deixou. Ap�s alguns minutos brigando, a v�tima conseguiu sair e pediu para que um casal chamasse a pol�cia. O homem tirou fotos do policial civil, que se exaltou. Eles se agrediram e foram encaminhados para a delegacia. Ali, os dois homens acabaram autuados por les�o corporal, e a professora pediu medidas protetivas contra Sergio pelas amea�as sofridas.
Apesar de o pedido ter sido deferido pela Justi�a, Debora n�o cortou rela��es com o agente. Eles permaneceram juntos e, em setembro, quando tiveram uma briga, ela acionou a pol�cia. Sergio n�o foi preso, sob a alega��o de que a professora permitia o contato entre os dois, e usou como testemunha o porteiro do pr�dio onde ela morava � �poca. Segundo relatos de amigos, a v�tima acabou o namoro no ano passado, ao descobrir que o policial era casado, e se mudou para a Asa Norte. Ela deixou de atuar em Sobradinho e passou a trabalhar no Plano Piloto.
Uma colega de trabalho que preferiu n�o se identificar disse que Debora queria terminar o namoro, mas Sergio n�o aceitava e a perseguiu ao longo de dois anos. “Nesse dia, ela fez ocorr�ncia, passou a ter medida protetiva e se mudou de Sobradinho, onde ambos moravam, para ele n�o encontr�-la mais”, relatou. Ainda segundo a servidora, os dois nunca viveram juntos e, mesmo ap�s as den�ncias, ele continuava atr�s dela. “Quando alugou um novo local, ela n�o colocou nada em nome pr�prio e mudou de celular, mas ele a rastreou pelo trabalho”, completou.

P�nico
Sergio chegou ao local em um carro de transporte por aplicativo e entrou armado no edif�cio, �s 9h42. Aparentando tranquilidade na portaria, ele apresentou a identidade funcional e disse que precisava avaliar o andamento de um processo com entrada na Regional de Ensino de Sobradinho. Passou da recep��o sem ser revistado. O policial civil, ent�o, dirigiu-se ao terceiro andar, onde fica a Subsecretaria de Gest�o de Pessoas, e pediu para falar com a ex-namorada, funcion�ria do setor. N�o se sabe, ainda, se ambos conversaram, mas, depois de a v�tima se virar de costas, ele atirou tr�s vezes contra ela. Em seguida, disparou contra o pr�prio olho.
A professora da Secretaria de Educa��o e advogada Lucilene Marques, 44, chegou ao pr�dio minutos ap�s os tiros, antes da Pol�cia Militar. “Foi surreal, uma trag�dia de cena de filme. Ele se apresentou como se fosse resolver um processo administrativo. E, quando viu a Debora, sorriu para ela. Mas, depois, deu os tiros”, contou a servidora, a partir de relatos de colegas.
A servidora da Secretaria de Educa��o Isabel Helena Rabelo, 47, estava em uma das salas de fundo do pr�dio quando ouviu um barulho. A princ�pio, pensou que alguns arm�rios tivessem ca�do. “O ru�do foi muito forte. N�o deu para identificar o tiro. De repente, todo mundo saiu gritando. Foi quando soubemos que um homem tinha atirado contra uma servidora. Foi um momento desesperador e de p�nico”, relatou.
A Pol�cia Civil ainda apura os detalhes do caso. “� um fato lament�vel. Estamos tomando todas as provid�ncias para falar com as testemunhas e saber as causas e os porqu�s de algo t�o tr�gico. A Corregedoria-Geral da Pol�cia tamb�m est� investigando”, ressaltou o delegado La�rcio Rossetto, da 2ª DP. Em novembro, Sergio foi condenado pela Vara de Viol�ncia Dom�stica e Familiar Contra a Mulher de Sobradinho por crime de viola��o � Lei Maria da Penha. A den�ncia foi apresentada pelo Minist�rio P�blico, em defesa de Debora, mas o r�u recorreu e, em mar�o, foi absolvido em segunda inst�ncia.
Em nota, a Secretaria de Educa��o lamentou a morte da servidora. “Neste momento de dor, a SEE/DF (Secretaria de Educa��o) se solidariza com a fam�lia, os amigos e os colegas da servidora. A pasta est� � disposi��o para contribuir na investiga��o do caso.” O secret�rio de Educa��o, Rafael Parente, n�o estava no local no momento do crime e cancelou a agenda do dia para seguir at� a Coordena��o Regional de Ensino do Plano Piloto e Cruzeiro. “Est� todo mundo muito triste e em choque tentando saber o que fazer para que isso n�o aconte�a mais dentro das regionais, dentro das escolas. A gente n�o pode viver com medo e estado constante de que alguma coisa vai acontecer”, disse Rafael.

Empenho coletivo
O governador Ibaneis Rocha (MDB) lamentou o caso e anunciou que o governo investir� em campanhas para combater o feminic�dio. Segundo o chefe do Executivo local, para isso, ser� necess�rio que toda a sociedade contribua. A proposta do GDF, segundo ele, � investir em campanhas publicit�rias para que familiares e vizinhos denunciem a viol�ncia e para que os �ndices desse crime diminuam. “Temos de ter atua��o mais forte. Tamb�m precisamos do Poder Judici�rio mais presente. As mulheres n�o devem, de maneira nenhuma, se calar”, destacou.
