
No Brasil, quatro grupos de esp�cies podem ser consideradas as mais venenosas: surucucus, corais, jararacas e cascav�is. "N�o � poss�vel dizer qual � mais ou menos, porque cada veneno tem sua particularidade. E � dif�cil comparar s� pela toxina porque o comportamento da serpente tamb�m influencia na quantidade de acidentes", explica Marcelo Pires Nogueira de Carvalho, professor do departamento de Cl�nica e Cirurgias Veterin�rias da UFMG.
As toxinas de todas essas esp�cies podem causar efeitos graves para seres humanos. "Todas podem ser fatais, a depender do tempo de espera para assist�ncia m�dica e se � adequada. Al�m disso, cada toxina tem suas particularidades", esclarece.
As picadas de jararacas costumam causar les�o no local, dor intensa, hemorragia e necrose do tecido atingido. J� em cascav�is e corais, por sua vez, n�o ocorrem nenhum tipo de decorr�ncia no local do ferimento, mas, sim, efeitos neurol�gicos. Nas surucucus, os dois tipos de efeitos s�o recorrentes.
Cada um desses grupos costuma ser encontrado em algum lugar do Brasil, a depender do bioma. "Em Minas, a cascavel � a mais encontrada por ser t�pica do cerrado. Em S�o Paulo, mesmo sendo um estado pr�ximo, � a jararaca, pois o bioma predominante � a mata atl�ntica. Isso varia", comenta Carvalho.
Em caso de picada de cobra, a orienta��o principal � lavar o local com �gua e sab�o e buscar atendimento m�dico o mais r�pido poss�vel. "Al�m das toxinas, elas t�m bact�rias na cavidade bucal que podem causar outras infec��es, por isso a import�ncia de lavar. E o �nico rem�dio poss�vel � o soro, por isso tem que levar para o hospital. Todas as cren�as s�o contraindicadas", alerta.
� importante ressaltar que as serpentes n�o atacam, mas se defendem. "O animal n�o tem todo esse gasto energ�tico que � dar o bote � toa, s� em casos em que se sinta amea�ada e n�o consiga fugir. � importante manter uma dist�ncia, porque elas se sentem amea�adas e atacam justamente quando as pessoas chegam perto demais", conta.
O caso do estudante
Pedro Henrique Lehkmuhl, de 22 anos, est� em coma, na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Ele foi tratado por meio de um soro antiof�dico, levado �s pressas do Instituto Butantan, de S�o Paulo.
Trata-se de uma esp�cie rara e ex�tica, encontrada normalmente no Sul da �sia. Ela possui uma pe�onha capaz de afetar o sistema nervoso central da v�tima e pode ser fatal. "Essa naja, em espec�fico, tem no veneno uma neurotoxina que pode causar paralisia do diafragma, que faz com a que respira��o pare", explica o professor da UFMG.
As investiga��es mostram que Pedro mantinha a cobra em casa e pode se tratar de um crime ambiental, j� que o estudante n�o tinha permiss�o para manter o animal em ambiente dom�stico. "� importante ressaltar que, no Brasil, n�o � permitida a cria��o dom�stica da cobra dessa esp�cie. Provavelmente � advinda de tr�fico de animais e poderia ter atingido vizinhos, crian�as e idosos. � uma irresponsabilidade", comenta Carvalho.
A cobra j� foi localizada, est� em seguran�a e passa bem. Veja o v�deo:
* Estagi�rio sob supervis�o da subeditora Ellen Cristie.