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Estado de Minas VENDA CLANDESTINA

O caso da Naja que picou estudante: Entenda como funciona o cruel e lucrativo mercado de tr�fico de animais

Promotoria de Defesa do Meio Ambiente do Minist�rio P�blico do Distrito Federal e Territ�rios (MPDFT) informou que acompanhar�, de perto, o desdobramento da apura��o policial


postado em 15/07/2020 07:46

Fiscais do Ibram fizeram novas apreensões de animais silvestres no Distrito Federal nessa terça-feira (14)(foto: Ibram/Divulgação)
Fiscais do Ibram fizeram novas apreens�es de animais silvestres no Distrito Federal nessa ter�a-feira (14) (foto: Ibram/Divulga��o)

O mist�rio que envolve o caso do jovem picado por uma cobra naja kaouthia continua. O caso desencadeou uma investiga��o sobre um suposto esquema de tr�fico nacional e internacional de animais silvestres e ex�ticos — uma pr�tica que movimenta at� US$ 20 bilh�es em todo o pa�s, segundo a Rede Nacional de Combate ao Tr�fico de Animais Silvestres, no Brasil (Renctas).

Devido � repercuss�o, a Promotoria de Defesa do Meio Ambiente do Minist�rio P�blico do Distrito Federal e Territ�rios (MPDFT) informou nessa ter�a-feira (14) que acompanhar�, de perto, o desdobramento da apura��o policial. O estudante de medicina veterin�ria Pedro Henrique Krambeck Lehmkuhl segue em recupera��o no apartamento onde mora com a fam�lia, no Guar� 2, e pode prestar depoimento esta semana, em casa. 

 

O tr�fico de animais � a terceira atividade clandestina mais lucrativa do mundo, ficando atr�s do tr�fico de drogas e do de armas. No DF, somente entre janeiro e julho deste ano, 1.408 animais silvestres foram resgatados. No mesmo per�odo de 2019, o n�mero foi de 1.463, de acordo com dados do Batalh�o de Pol�cia Militar Ambiental (BPMA). Aves, saru�s e serpentes est�o entre os bichos mais capturados. 

 

Na avalia��o de L�ria Queiroz Hirano, professora de animais silvestres da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterin�ria da Universidade de Bras�lia (UnB), o tr�fico de animais � mais do que ganhar dinheiro. Envolve, segundo ela, uma quest�o cultural. “Muitas pessoas sabem que algumas esp�cies pe�onhentas, por exemplo, s�o proibidas no Brasil, mas, por acharem bonitas, por hobbie ou por exibicionismo, acabam aderindo a essa atividade ilegal”, frisou.

 

O crime de venda de animais silvestres est� amparado na Lei 9.605 de Crimes Ambientais. A pena � deten��o de seis meses a um ano, al�m de multa. Essa mesma penalidade vale para quem impede a procria��o da fauna sem autoriza��o, quem muda ou destr�i o criadouro natural ou quem exp�e ou vende esp�cies da fauna silvestre. A professora L�ria Queiroz questiona. “Nossa lei � educativa e � mais branda, de maneira que todos conseguem pagar. Contudo, ela educa apenas o cidad�o comum. Para os traficantes, que receberam penaliza��o por mais de uma vez e continua a insistir no erro, por exemplo, deveria ser mais r�gida”, afirmou. 

 

O bi�logo e superintendente de educa��o do Zool�gico de Bras�lia, Alberto Brito, considera que muitos dos animais ex�ticos encontrados em solo brasileiro nascem no pr�prio pa�s. “Vamos usar como exemplo a naja que picou o jovem. Ela e outros animais podem ter nascido aqui, em cativeiro, e se reproduzido. Entretanto, isso gera enormes consequ�ncias ao meio ambiente, como a quest�o de sa�de e o surgimento de novos v�rus e bact�rias, uma vez que esses animais s�o de outros pa�ses. Outra coisa que pode ocorrer � a extin��o das esp�cies nativas”, explicou. 

 

Mais apreens�es

 

Equipes de fiscais do Instituto Bras�lia Ambiental (Ibram) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov�veis (Ibama) apreenderam, ontem, uma cobra jiboia, uma tartaruga-tigre d’�gua e um jabuti. Os animais estavam sendo criados de forma ilegal, em uma casa, no Grande Colorado, em Sobradinho. Desde a semana passada, mais de 30 serpentes e outros animais ex�ticos, como os tr�s tubar�es encontrados em uma ch�cara na Col�nia Agr�cola Samambaia, em Taguatinga, foram resgatados no DF. O Ibama est� � procura de um aqu�rio pr�ximo a Bras�lia para abrigar os peixes.

 

Segundo informa��es da Superintend�ncia de Fiscaliza��o do Instituto (Sufam), os r�pteis apreendidos ontem s�o nativos da fauna brasileira. A resid�ncia pertencia � m�e de uma m�dica veterin�ria, que recebeu o auto de infra��o e uma multa no valor de R$ 10.500. Os tr�s animais foram retirados do local e encaminhados ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), do Ibama. 

 

Dados mais recentes do Ibram mostram que, em 2019, foram realizadas 668 fiscaliza��es relacionadas � fauna. Dessas, 148 resultaram em autua��o administrativa (com lavratura de auto de infra��o ambiental) e 514 sem constata��o de infra��o ambiental. Quanto aos animais ou produtos de fauna apreendidos, 562 animais foram resgatados da fauna silvestre, sendo 80% composto de aves passeriformes e tr�s subprodutos da fauna (o que tamb�m n�o � permitido, pela legisla��o vigente): um casco de tartaruga verde, um cr�nio com chifre de cervo do pantanal e uma carca�a de tatu peba.

 

“O tr�fico de animais � altamente lucrativo, porque isso ocorre pelo baixo custo de aquisi��o. A captura, geralmente, � feita em locais de grande biodiversidade e pobres, do ponto de vista social e econ�mico, como em estados do Nordeste, do Norte e no Pantanal. Ent�o, a pessoa v� isso como uma fonte de renda”, argumentou Victor Santos, diretor de fiscaliza��o de fauna do Ibram. 

 

Segundo ele, os dados n�o conseguem traduzir o volume real do tr�fico de animais silvestres. “Os n�meros que temos refletem uma parcela m�nima. Infelizmente, esse ainda � um problema invis�vel aos olhos dos �rg�os. Por isso, � t�o importante o cidad�o denunciar”, destacou.

 


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