
O Distrito Federal registra o nono caso de feminic�dio deste ano. O cirurgi�o dentista Fabr�cio David Jorge, 41 anos, esfaqueou a namorada, a enfermeira Pollyanna Pereira de Moura, 35, e depois tirou a pr�pria vida.
O caso ocorreu entre a madrugada e a manh� desta quinta-feira, em um condom�nio, em �guas Claras. A Pol�cia Civil (PCDF) tenta desvendar o que teria motivado o assassinato.
O caso ocorreu entre a madrugada e a manh� desta quinta-feira, em um condom�nio, em �guas Claras. A Pol�cia Civil (PCDF) tenta desvendar o que teria motivado o assassinato.
A funcion�ria do Minist�rio da Sa�de e o servidor da Secretaria de Sa�de (SES) moravam juntos h� cerca de um ano. Como Fabr�cio tinha sido diagnosticado com COVID-19, o casal estava isolado no apartamento, localizada no primeiro andar.
Pela madrugada, Pollyana e Fabr�cio discutiram. Ao Correio Braziliense, alguns vizinhos, sob anonimato, afirmaram que ouviram barulho de objetos caindo e quebrando por volta das 4h da manh�. Nenhum deles, por�m, acionou a pol�cia.
Pela madrugada, Pollyana e Fabr�cio discutiram. Ao Correio Braziliense, alguns vizinhos, sob anonimato, afirmaram que ouviram barulho de objetos caindo e quebrando por volta das 4h da manh�. Nenhum deles, por�m, acionou a pol�cia.

Por volta das 7h, Fabricio confessou a um amigo, por meio de mensagens, ter matado a mulher. O homem, ao ler o texto, deslocou-se at� o apartamento do casal acompanhado por um advogado. No local, tentaram entrar, mas n�o conseguiran. Foi quando ele notou uma po�a de sangue passando por debaixo da porta e, ent�o, acionou a Pol�cia Militar e o Corpo de Bombeiros.
Os primeiros policiais a chegarem ao local descreveram o estado do apartamento como uma “cena de terror”. Um dos militares relatou que havia muito sangue na casa e objetos fora de lugar. Duas facas com sangue foram encontradas no ch�o, e uma na m�o de Fabr�cio.
Ele apresentava ferimentos na nuca e na jugular, enquanto que Pollyanna estava ferida nos bra�os e ombros. Agentes do Instituto de Criminal�stica (IC) da Pol�cia Civil passaram o dia realizando per�cia no local. A an�lise deve sair em at� 30 dias e ir� esclarecer a din�mica do crime.
Ele apresentava ferimentos na nuca e na jugular, enquanto que Pollyanna estava ferida nos bra�os e ombros. Agentes do Instituto de Criminal�stica (IC) da Pol�cia Civil passaram o dia realizando per�cia no local. A an�lise deve sair em at� 30 dias e ir� esclarecer a din�mica do crime.
Os corpos de Fabr�cio e Pollyanna foram retirados do pr�dio por volta das 15h, pelo Instituto de Medicina Legal (IML), que realizar� os laudos que indicar�o as causas das mortes. Durante a tarde, amigos e familiares da enfermeira compareceram � 21ª Delegacia de Pol�cia (Taguatinga Sul) para dar informa��es sobre a conviv�ncia e o relacionamento do casal.
Discretos
De acordo com o depoimento de uma familiar de Pollyana ao Correio, a enfermeira e Fabr�cio se conheciam antes de iniciarem um relacionamento. “Mas, no ano passado, os dois acabaram terminando seus respectivos casamentos. Foi quando passaram a se envolver e, ent�o, engataram um namoro. Eles se davam bem, fomos pegos de surpresa. Ningu�m esperava isso”, afirmou, sob condi��o de anonimato.
Sem querer se identificar, um funcion�rio do pr�dio onde o casal morava corrobora a vers�o de que os profissionais da sa�de n�o aparentavam ter problemas. “Eles eram muito tranquilos, estavam sempre sorrindo e sendo educados com todos por aqui, principalmente a Pollyanna. Ela era uma pessoa extremamente simp�tica, mas discreta quanto � vida pessoal. Nunca soubemos de nenhum epis�dio de viol�ncia envolvendo os dois”, relatou.
Inesperado
O Correio conversou com duas colegas de trabalho de Fabr�cio, que preferiram n�o se identificar. Uma � t�cnica de enfermagem da Sa�de e conheceu o dentista nos corredores do Hospital Regional da Asa Norte (Hran). “Quando ele trabalhava l�, a gente sempre se encontrava e conversava um pouco. Era bem atencioso, nunca tive problema com ele”, disse a servidora, de 60 anos. “H� umas duas semanas eu voltei de licen�a e outros colegas me informaram que Fabr�cio estava afastado com suspeita de ter sido infectado pelo novo coronav�rus. Desde ent�o, n�o tive mais contato com ele”, afirmou.
Uma odontologista, de 49 anos, tamb�m servidora do GDF, trabalhou com Fabr�cio durante as testagens para covid-19, no Parque da Cidade. Ela demonstrou-se chocada ao saber do envolvimento do colega no crime. “Nunca imaginei que ele pudesse estar envolvido em algo assim. Ele era muito tranquilo, quase n�o falava da vida pessoal. Uma vez ele chegou a comentar que estava separado da ex-mulher e tinha come�ado a namorar h� pouco tempo. Ele parecia estar muito feliz”, relembrou.
Fabr�cio era servidor do Hran, mas estava cedido ao Hospital Regional de Taguatinga (HRT). A unidade da Asa Norte divulgou uma nota de pesar lamentando o falecimento do cirurgi�o dentista. Tamb�m por meio de nota, o Minist�rio da Sa�de solidarizou-se com a fam�lia de Pollyanna.
Feminic�dios
De janeiro a junho deste ano, o DF registrou nove casos de feminic�dio, conforme dados da Secretaria de Seguran�a P�blica (SSPDF). Em igual per�odo de 2019, foram contabilizadas 15 v�timas mortas pela condi��o de g�nero, o que indica uma queda de 46%.
Por meio de nota oficial, a pasta informou que “busca conscientizar cada cidad�o sobre o seu papel no combate ao feminic�dio e � viol�ncia contra a mulher. (...) � necess�rio desconstruir o padr�o de comportamento omisso que muitas vezes uma testemunha assume diante de uma cena de viol�ncia dom�stica.”
“Tamb�m, como parte da estrat�gia para o combate � viol�ncia contra a mulher, a SSP, por meio de sua Subsecretaria de Ensino e Valoriza��o profissional (SEVAP), capacitou 1.815 profissionais da Seguran�a P�blica. Em parceria com o Tribunal de Justi�a do Distrito Federal e Territ�rios (TJDFT), for�as de seguran�a e sistema penitenci�rio local, os servidores receberam informa��es durante as aulas para o melhor atendimento �s v�timas, enfrentamento ao feminic�dio e � viol�ncia dom�stica e familiar”, acrescentou.
Por fim, a secretaria sinaliza as adequa��es adotadas para o per�odo de pandemia. “Foi disponibilizado o registro de ocorr�ncias de viol�ncia dom�stica e familiar tamb�m pela internet. Cabe destacar que a Delegacia Especial de Atendimento � Mulher (DEAM) I e II, bem como todas as delegacias circunscricionais que contam com se��es de atendimento � mulher, permanecem abertas e prontas para o atendimento ao p�blico”, finalizou.