
Pa�s de dimens�es continentais, o Brasil, em cinco meses, viu o novo coronav�rus dominar o territ�rio, come�ando pelos grandes centros urbanos, e se expandir rapidamente para os munic�pios mais distantes da movimenta��o das metr�poles. Segundo levantamento do Minist�rio da Sa�de, o processo de interioriza��o da COVID-19 s� deixa de fora 64 cidades que, sem grandes estruturas para lidar com um eventual surto, isolam-se com barreiras f�sicas para impedir a entrada do v�rus.
Os munic�pios que continuam mantendo a doen�a fora das fronteiras representam pouco mais de 1,2% do total brasileiro e a maioria tem menos de 10 mil habitantes cada um. Juntos, n�o somam 350 mil pessoas, pouco mais do que a popula��o de Pelotas (RS). Eles t�m como caracter�stica a divis�o quase por igual entre popula��o rural e urbana. � o caso de Santana, na Bahia, o munic�pio mais populoso do Brasil que ainda n�o possui casos da covid. Para proteger os 27 mil moradores, a prefeitura imp�s uma s�rie de medidas.
“Come�amos em mar�o, com a suspens�o do funcionamento de todas as atividades comerciais, exceto as essenciais. Ficamos 21 dias com tudo fechado. Come�amos cedo, porque n�o conhec�amos ainda a realidade do munic�pio, n�o sab�amos se tinha algu�m contaminado. Precis�vamos montar a estrutura da unidade de refer�ncia para atendimento de eventuais pacientes e as barreiras sanit�rias”, explicou o prefeito de Santana, Marc�o Cardoso.
Quem chega � cidade passa por um controle rigoroso, com aferi��o de temperatura corporal e assinatura de termo de comprimento da quarentena, obrigando-se a ficar 14 dias em isolamento. O mais pr�ximo que a doen�a chegou da cidade foi por meio de uma moradora de um munic�pio vizinho. “Ela foi honesta e declarou estar com a doen�a, achando que poderia cumprir a quarentena aqui, mas foi orientada a voltar para a cidade de origem”, disse o prefeito.
Atualmente, Santana conta com 20 leitos espec�ficos para atender a casos suspeitos ou confirmados de covid — 18 com estruturas de enfermaria e dois com respiradores —, al�m da estrutura para deslocar um paciente grave que precise de assist�ncia mais espec�fica. Continuam suspensas atividades que provoquem aglomera��es, como missas e cultos, eventos, e a feira livre. O acesso ao centro da cidade tamb�m � limitado e, em locais como bancos e lot�ricas, foram instaladas tendas para que as pessoas fa�am as filas respeitando o distanciamento. O uso de m�scaras tamb�m � obrigat�rio. Qualquer descumprimento pode ser relatado pelo disque-den�ncia da cidade.
“Em alguns momentos, somos vistos como radicais, mas o intuito � manter o resultado que temos at� agora. S�o cinco meses desde do primeiro caso, e n�s ainda estamos livres dessa pandemia. � motivo de comemora��o. Ao mesmo tempo, a cidade est� pronta, se houver alguns casos, para dar o encaminhamento. O envolvimento da popula��o tem um papel fundamental”, detalhou Cardoso.
Testagem
At� agora, 109 pessoas na cidade foram testadas e tiveram resultado negativo para a covid. Todas foram monitoradas e precisaram se isolar mesmo ap�s a negativa, obtida, na maioria dos casos, por testes sorol�gicos. Apenas oito exames do tipo molecular foram realizados at� o momento. O enfermeiro Rafael de Jesus Lopes, 27 anos, foi um dos primeiros. Atuando na Estrat�gia Sa�de da Fam�lia, tem contato com pacientes e, logo no in�cio da pandemia, desenvolveu uma forte gripe, acompanhada de tosse, dores de cabe�a, dores pelo corpo e falta de ar.
“Soma-se a isso o fato de eu j� ter o sistema imunol�gico comprometido, por ter artrite reumatoide juvenil, ser asm�tico e ter feito cirurgia bari�trica h� menos de um ano. Fiquei afastado do trabalho, entrei em contato com a coordena��o da vigil�ncia epidemiol�gica e passei a ser monitorado com visitas domiciliares e liga��es at� o dia marcado para coleta do material. Recebi liga��o de psic�logo, visita m�dica e medicamentos”, contou Rafael.
� �poca, a doen�a ainda n�o tinha provocado 10 mil mortes no pa�s, e o cen�rio era de incerteza e desconhecimento na cidade. “Percebo que as pessoas s� come�am a entender o n�vel da gravidade dessa doen�a quando algum familiar passa por ela. Quando n�o se confirma nenhum caso, a popula��o vai esquecendo dos cuidados b�sicos, e acredito que � preciso continuar se cuidando”, relembrou o enfermeiro.
Atendimento prec�rio
O medo de precisar transferir pacientes para cidades maiores imp�s � cidade de Jo�o Dias (RN) o objetivo de atravessar a pandemia sem registro da doen�a, at� porque n�o h� uma unidade de sa�de especializada para atendimento. A prefeitura pretende destinar um local do hospital municipal para futuras demandas, mas sabe que, se houver algum paciente grave, precisar� contar com apoio estadual.
“N�o temos UTI e nenhum respirador no munic�pio”, disse a secret�ria de Sa�de da cidade, Elisabeth Xavier. At� o momento, foram descartados nove casos suspeitos em Jo�o Dias e qualquer pessoa com sintomas de gripe passa a ser monitorada pelos agentes de sa�de. O munic�pio � o �nico dos 167 do Rio Grande do Norte que n�o tem casos confirmados.
Com a interioriza��o da covid-19, oferecer vagas para pacientes que v�m de pequenas cidades sem equipamentos para atender a casos graves tornou-se uma nova dificuldade para as capitais e metr�poles dos estados. Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, estado que concentra a maioria das cidades que ainda n�o registraram casos de covid-19, por exemplo, j� tem ocupados 87,7% dos leitos de UTI da rede p�blica destinados � doen�a.
“� medida que a pandemia se interioriza, os centros de refer�ncia come�am a receber muitos pacientes dos pequenos munic�pios. A depender do tamanho do estado, os pacientes demoram muitas horas para chegar ao destino, n�o s� pela dist�ncia, mas aguardando a disponibilidade de ambul�ncia com os recursos para o transporte e o m�dico. Assim, quando conseguem chegar � unidade de refer�ncia, j� demandam leitos de UTI”, explica o especialista em sa�de coletiva e pesquisador da Fiocruz Carlos Machado.
Outro gargalo revela-se na pr�pria natureza das cidades menores. “Os munic�pios pequenos vivem de pequenos com�rcios, em que as pessoas t�m que estar presentes. Apesar de n�o ser t�o intensa como nas cidades grandes, a circula��o � cont�nua. Como manter o distanciamento social alterando essa cultura, que � fundamental nas condi��es de vida desses munic�pios? Por isso, v�rios indicadores apontam que os impactos s�o maiores no interior”, completa Machado.
Exce��o em meio ao cont�gio
A Secretaria de Sa�de de S�o Paulo informa que apenas seis dos 645 munic�pios do estado, epicentro da covid-19 no Brasil, resistem � chegada da doen�a. No balan�o do Minist�rio da Sa�de, apenas uma est� livre da pandemia. A diverg�ncia se d� porque, enquanto os munic�pios excluem os casos que foram registrados no local, mas que se referem a moradores de cidades vizinhas, o minist�rio n�o faz esse filtro.
Apesar de, assim como Santana, terem como vantagem uma baixa densidade demogr�fica e menor movimenta��o populacional, as cidades paulistas est�o ao lado de locais com alto descontrole da doen�a e taxas de transmiss�o agudas.
Pr�ximo � divisa com o Paran�, Cruz�lia, com apenas 2.274 habitantes, registrou 28 casos suspeitos, mas nenhum deles teve o diagn�stico positivo para o v�rus. A m�dica Paula Iara de Souza, que faz o monitoramento, explica que, mesmo sem casos confirmados, o trabalho de vigil�ncia � feito com todo o cuidado. “Partimos do pressuposto de que pode haver contamina��o a qualquer momento. N�o liberamos as atividades, n�o fazemos festas e mantemos o isolamento e o rastreio da popula��o.”
“Tomamos as medidas de forma precoce, quando s� havia casos no Rio de Janeiro e em S�o Paulo, no final de mar�o. Como � uma cidade pequena, consegu�amos saber quem vinha de fora para fazer o acompanhamento”, conta a m�dica.
Segundo Paula, no in�cio, a indica��o a essas pessoas era o isolamento preventivo. “N�o implantamos barreiras f�sicas. N�o faz muito sentido, porque Cruz�lia � uma cidade por onde passa muita gente, e tem muitas sa�das. �s vezes, a gente ia parar algu�m que nem ficaria na cidade e acabaria contaminando os profissionais de sa�de”, disse. Atualmente, explica, o isolamento preventivo faz sentido porque toda a regi�o tem transmiss�o comunit�ria.
Outra medida tomada foi o fechamento das atividades n�o essenciais por algum tempo. “Inicialmente fechamos tudo por um per�odo, at� para estabelecer nossa resposta � pandemia. At� hoje, o consumo no local est� proibido em bares e restaurantes”, ressalta Paula. A m�scara tamb�m � item essencial e ainda h� um disque den�ncia contra aglomera��es.
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
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O que � o coronav�rus
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
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Como a COVID-19 � transmitida?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?
Como se prevenir?
A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.V�deo: Flexibiliza��o do isolamento n�o � 'liberou geral'; saiba por qu�
Quais os sintomas do coronav�rus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas g�stricos
- Diarreia
Em casos graves, as v�timas apresentam:
- Pneumonia
- S�ndrome respirat�ria aguda severa
- Insufici�ncia renal
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Mitos e verdades sobre o v�rus
Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.Coronav�rus e atividades ao ar livre: v�deo mostra o que diz a ci�ncia
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