
Desde agosto, o Conselho Nacional de Secret�rios de Sa�de (Conass) passou a divulgar um gr�fico sobre “excesso de mortalidade”, produzido por epidemiologistas, professores e pesquisadores, a fim de avaliar os efeitos diretos e indiretos da pandemia da COVID-19 no Brasil, conforme estrat�gia recomendada pela Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS).
Os c�lculos s�o feitos a partir de mortes naturais ocorridas no pa�s entre 2015 e 2019, tendo, a partir dos n�meros, a expectativa de �bitos para 2020. � neste contexto que o territ�rio nacional exp�e um contraste, uma vez que os excessos
Os c�lculos s�o feitos a partir de mortes naturais ocorridas no pa�s entre 2015 e 2019, tendo, a partir dos n�meros, a expectativa de �bitos para 2020. � neste contexto que o territ�rio nacional exp�e um contraste, uma vez que os excessos
variam entre 2% e 74%.
Os c�lculos do Conass apontam que, a partir da confirma��o da primeira morte pela COVID-19 no Brasil, em meados de mar�o, at� 20 de junho, pelo menos 74 mil mortes a mais do que o esperado foram registrados nos cart�rios. Os n�meros, portanto, mostram que regi�es com menos leitos de terapia intensiva, como o Norte e Nordeste, foram mais afetadas pela doen�a.
"Temos estados com 2% de excesso. Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Curitiba e Minas Gerais est�o com os menores excessos de �bitos"
J�lio Croda,Ex-diretor de imuniza��es do Minist�rio da Sa�de
Em entrevista ao Estado de Minas, o infectologista J�lio Croda, ex-diretor de imuniza��es do Minist�rio da Sa�de, pesquisador da Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz) e professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), detalhou a ideia do excesso de mortes. Em outra oportunidade, Croda havia dito ao EM que haveria um “massacre” se estados e munic�pios com estruturas m�nimas de sa�de permitissem a flexibiliza��o, ressaltando que a aus�ncia de diretrizes vindas do governo federal complicava ainda mais a situa��o. Mas, apesar disso, hoje o panorama � melhor do que h� quatro meses, quando a reportagem foi publicada. “Estamos numa tend�ncia de queda no Brasil. A maioria dos estados est� numa tend�ncia, de acordo com a curva epidemiol�gica, j� teve uma queda importante”, disse Croda.
N o livro assinado por Luiz Henrique Mandetta, que deixou o Minist�rio da Sa�de ainda no in�cio da pandemia por diverg�ncias com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o ex-ministro relatou as proje��es feitas por sua equipe sobre os efeitos da COVID-19 no Brasil.
De acordo com Mandetta, o progn�stico mais cr�tico foi feito por J�lio Croda, que estimou 180 mil mortes, caso n�o fossem adotadas regras de distanciamento no pa�s. "Um dos cen�rios, elaborado pelo m�dico J�lio Croda, diretor do Departamento de Imuniza��es e Doen�as Transmiss�veis do Minist�rio da Sa�de, previa 180 mil mortes caso o pa�s n�o adotasse as medidas necess�rias de distanciamento social e padr�es r�gidos de higiene e prote��o", publicou Mandetta.
Em junho, em entrevista ao EM, o senhor disse que o Brasil teria um “massacre”, sobretudo entre a popula��o de baixa renda, se houvesse flexibiliza��o com falta de leitos. Est� sendo, de fato, um massacre?
Teve falta de leitos em alguns locais? Teve. Ent�o � importante pegar os dados que s�o publicados no Conass, na parte de “excesso de �bitos”. Se voc� tem excesso de �bitos, esse excesso � por COVID ou por causa do COVID, porque voc�, por exemplo, n�o tem leito de terapia intensiva, n�o tem leito de enfermaria, tanto para internar pacientes com COVID quanto com outras comorbidades. Por estado, que o n�mero de leitos � proporcional no SUS – existe menos leitos por habitantes no SUS do que na rede privada –, existe menos leitos de UTI na Regi�o Norte e Nordeste do que nas outras regi�es do pa�s – exceto o Rio de Janeiro, que a sa�de � um caos –, essas regi�es foram as que mais sofreram, al�m do Rio de Janeiro. Os dados trazem muito bem a capacidade dos estados de atendimento, quanto eles conseguem ampliar o n�mero de leitos e quanto ele pode fazer de isolamento para prevenir esse excesso de �bitos. Os excessos de �bitos, acima de 2%, s�o uma cat�strofe, porque temos estados no Brasil com 2% de excesso. Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Curitiba e Minas Gerais est�o com os menores excessos de �bitos.
"� importante que a popula��o mantenha a ades�o aos m�todos preventivos, principalmente as pessoas do grupo de risco que est�o retornando �s suas atividades habituais"
J�lio Croda,Ex-diretor de imuniza��es do Minist�rio da Sa�de
Consegue fazer uma estimativa de mortes que poderiam ter sido evitadas se houvesse o rigor no isolamento? Se sim, quantos �bitos poderiam ter sido evitados?
N�o consigo, porque isso depende de cada estado. Teve estado com maior ades�o, um di�logo melhor, como Belo Horizonte. O excesso de �bitos traz essa ideia, uma balan�a entre o n�mero de infectados e medidas de distanciamento. Se voc� tem leitos suficientes e medidas de distanciamento suficientes, baseados na sua capacidade de atendimento, voc� vai ter menos excessos de �bitos.
Quando o mundo chegou a 1 milh�o de mortos por COVID-19, c�lculos da �poca indicam que 14% dos �bitos foram registrados no Brasil, que s� tem 2% da popula��o mundial. Houve falha na condu��o da pandemia na nova gest�o do Minist�rio da Sa�de?
Na verdade, a gest�o foi delegada a estados e munic�pios, com pouca participa��o ativa do Minist�rio da Sa�de. A aus�ncia de gest�o pode ter impactado nos n�meros. Uma falta de lideran�a na gest�o da pandemia pode impactar, principalmente em estados que t�m mais dificuldades com servi�os de sa�de, de adotar medidas de distanciamento. N�o mudou muito do que comentei na outra mat�ria, que faltou lideran�a em termos do Minist�rio da Sa�de ser protagonista, de ter coordenado a��es de sa�de p�blica em rela��o � COVID-19. Estados ficaram sozinhos sem o apoio da esfera federal na coordena��o, principalmente na comunica��o de medidas de mais impacto para evitar um n�mero maior de casos e �bitos.
Qual o progn�stico que voc� faz para a doen�a em rela��o aos pr�ximos meses?
Estamos numa tend�ncia de queda no Brasil. A maioria dos estados est� numa tend�ncia, de acordo com a curva epidemiol�gica, j� teve uma queda importante. Nos pr�ximos meses, acredito que a situa��o estar� melhor do que vivemos no passado, com mais de 1 mil �bitos di�rios. Hoje em dia, estamos pr�ximos a 700. Existe uma clara tend�ncia de queda no n�mero de �bitos e de casos ao longo do tempo.
Sobre a sua sa�da do Minist�rio da Sa�de: o senhor saiu antes do restante da equipe do Mandetta ainda no in�cio da pandemia no Brasil. Qual foi o motivo?
Foi porque a gente j� sabia das proje��es e n�o tinha uma coordena��o – como ainda n�o tem – em n�vel federal, principalmente com o apoio da presid�ncia, que pudesse ter uma resposta adequada para reduzir o n�mero de casos e �bitos. Nunca tivemos uma pandemia nessa magnitude, com proje��es que indicavam 200 mil �bitos – estamos chegando l� – e sem apoio do governo, principalmente na esfera presidencial, para as medidas necess�rias na redu��o dos efeitos da pandemia, decidi sair porque minha parte t�cnica j� n�o importava naquele momento.
Como o senhor v� a evolu��o das vacinas no Brasil?
A testagem de vacinas � positiva no ponto de vista de avaliar a efic�cia das doses para a nossa popula��o, de acordo com a caracter�stica gen�rica da popula��o. Temos acordos de transfer�ncia de tecnologia que garante uma certa autonomia e independ�ncia para os laborat�rios.
O Minist�rio da Sa�de chegou a cogitar vacinar apenas 10% da popula��o, que seriam pessoas o grupo de risco e trabalhadores da �rea da sa�de. Como voc� v� essa medida?
Isso � para o primeiro cons�rcio, mas h� outras propostas, inclusive com a Fiocruz e o Butant�. N�o vamos ter s� isso de vacinas. J� tem um acordo com a pr�pria Fiocruz e Oxford para 200 milh�es de doses de vacinas. 20 milh�es s� em um investimento, que � essa parceria global. No Brasil ter� mais do que esses 20 milh�es de doses. � importante que a gente tenha importantes plataformas sendo testadas, acordos de coopera��o com diferentes plataformas, porque n�o sabemos ao final de tudo qual vacina ser� melhor. Quanto mais op��o, melhor em termos de paridade e em n�mero de doses que vamos ofertar num curto espa�o de tempo.
Hoje, quais regi�es do Brasil precisam de aten��o maior em rela��o a acelera��o de casos?
Todas t�m tend�ncia bastante clara de queda. Na Regi�o Sul, o Paran� est� com uma tend�ncia grande de queda. Parte da Regi�o Centro-Oeste voc� pode falar que tem alguma coisa, mas, no geral, n�o tem nenhuma regi�o que a gente observa uma tend�ncia de aumento ou segunda onda. Se houver, ser� na Regi�o Norte. Teve uma situa��o mais importante ali. Temos que ter aten��o com a Regi�o Norte, Nordeste (Cear�) – onde teve uma situa��o importante –, Maranh�o… todas as curvas est�o mostrando uma tend�ncia de queda.Onde havia uma tend�ncia mais atrasada, que � o Mato Grosso do Sul e o Rio Grande do Sul. Goi�s tamb�m est� em um elevado. Esses tr�s ainda est�o em um plat�. Ainda n�o apresentam uma queda importante.
Muitas pessoas infelizmente confundem flexibiliza��o com “liberou geral”, deixando de tomar os cuidados. � importante manter os cuidados, pois o v�rus ainda circula, correto?
Ainda temos um elevado n�mero de �bitos di�rios, 700 �bitos. S�o tr�s avi�es. Ainda � um n�mero elevado e a queda est� sendo bastante devagar, justamente por conta das flexibiliza��es e a n�o ado��o das medidas preventivas. Quanto mais ado��o das medidas preventivas, muito provavelmente essa queda seria maior. � importante que a popula��o mantenha a ades�o aos m�todos preventivos, principalmente as pessoas do grupo de risco que est�o retornando �s suas atividades habituais, pessoas que estavam em isolamento, mas por conta do retorno da maioria das atividades econ�micas, foram for�adas a sair desse isolamento. Mas � importante manter a precau��o.
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
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O que � o coronav�rus
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Como a COVID-19 � transmitida?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?
Como se prevenir?
A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.V�deo: Flexibiliza��o do isolamento n�o � 'liberou geral'; saiba por qu�
Quais os sintomas do coronav�rus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas g�stricos
- Diarreia
Em casos graves, as v�timas apresentam:
- Pneumonia
- S�ndrome respirat�ria aguda severa
- Insufici�ncia renal
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Mitos e verdades sobre o v�rus
Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.Coronav�rus e atividades ao ar livre: v�deo mostra o que diz a ci�ncia
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