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Estado de Minas Atlas da viol�ncia

Tr�s a cada quatro pessoas assassinadas no Brasil s�o negras

Dados mais recentes no pa�s apontam que 75% dos assassinatos s�o de negros. Sa�da, segundo os especialistas, est� na educa��o


21/11/2020 12:15 - atualizado 21/11/2020 12:25

''Fico preocupado com aqueles que sabem que o racismo existe e não se levantam para fazer nada'', diz José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares(foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)
''Fico preocupado com aqueles que sabem que o racismo existe e n�o se levantam para fazer nada'', diz Jos� Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares (foto: Rovena Rosa/Ag�ncia Brasil)

A morte de Jo�o Alberto Silveira Freitas, 40 anos, na v�speras do Dia Nacional da Consci�ncia Negra, escancarou mais uma vez o problema da viol�ncia contra os negros no Brasil.

O assassinato, que ocorreu em um supermercado da rede Carrefour, em Porto Alegre, � um exemplo marcante dos dados expostos pelo Atlas da Viol�ncia de 2020, publicado em agosto deste ano pelo Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea) e pelo F�rum Brasileiro de Seguran�a P�blica.

O documento mostra o crescimento no n�mero de assassinatos de pessoas negras no Brasil e destaca que, em 2018, 75% das v�timas dos 57.956 homic�dios registrados no pa�s eram pessoas negras.

O problema sentido na pele dos brasileiros e das fam�lias das v�timas � confirmado por outras an�lises. Publicado este ano, um relat�rio produzido pela Rede de Observat�rios da Seguran�a mostrou que o negro � a principal v�tima da viol�ncia no pa�s. Segundo o estudo, pretos e pardos s�o 75% dos mortos pela pol�cia.

Outro estudo que apontou viol�ncia contra negros foi o 14° Anu�rio Brasileiro de Seguran�a P�blica, feito pelo F�rum Brasileiro de Seguran�a P�blica. Divulgado em agosto deste ano, o levantamento revelou que do total de 4.971 crian�as e adolescentes mortos em 2019, 75% eram negros.

“Estou de luto. Diante de uma situa��o como essa, todos nos sentimos agredidos; assassinados”, disse o reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, Jos� Vicente. Ele lamentou o epis�dio ocorrido na rede de supermercados Carrefour na noite de quinta-feira, mas ressalta que esse n�o � um caso isolado. “N�o � o primeiro negro que morre”.


O reitor questiona as autoridades que sabem que o racismo existe e mesmo assim n�o fazem nada. “Fico preocupado com aqueles que sabem que o racismo existe e n�o se levantam para fazer nada. Queria saber, agora, onde est� o presidente, onde est�o o Minist�rio P�blico Federal, os Direitos Humanos, as empresas que regulam o servi�o de seguran�a?”

Para Jos� Vicente, o Carrefour deve ser responsabilizado, pois n�o houve um gerente, ou nenhum outro indiv�duo dentro do estabelecimento para interromper a s�rie de agress�es sofridas pela v�tima. “� preciso que haja protocolos para as abordagens dos seguran�as e policiais. � necess�rio que sejam exigidos cursos para esse tipo de servi�o, inclusive abordando a quest�o do negro”, ressalta.

A morte de Jo�o Alberto Silveira Freitas, que est� sob investiga��o para averiguar se houve racismo, � apenas um dos casos que ocorrem no Brasil. Segundo o Atlas da Viol�ncia 2020, para cada indiv�duo n�o negro morto em 2018, 2,7 negros foram assassinados. E a viol�ncia, muitas vezes, se esconde nos pequenos detalhes.

Representatividade

A estudante de pedagogia Tha�s Duarte Oliveira, 32 anos, moradora de Luzi�nia (GO), conta que j� sofreu racismo na inf�ncia e continua a sofrer epis�dios desse tipo de viol�ncia. “Eu sou filha de uma m�e muito branca e de um pai negro. E ouvia constamente que era adotada”, explica.

Por esse motivo, Tha�s decidiu fazer o tema do seu trabalho de conclus�o de curso voltado para a representatividade. A estudante aborda a falta de presen�a de personagens e autores negros na literatura infantil. “Quando eu era crian�a, eu lia muito, mas n�o me sentia representada. N�o havia nenhum personagem negro, nenhum escritor negro. O mais pr�ximo que havia era alguns artistas na televis�o”, critica.

Foi s� depois de abandonar a escola na adolesc�ncia e concluir o ensino m�dio por meio da Educa��o de Jovens e Adultos (EJA) que ela descobriu o empoderamento da negritude. “Para fazer hoje meu trabalho de conclus�o, eu precisei adquirir os livros, porque n�o encontrei nas bibliotecas das escolas e nem na biblioteca nacional livros infantis com negros. Encontrei pouqu�ssimas obras de autores negros, mas somente na biblioteca municipal. Ainda assim, o n�mero � pequeno”, ressalta.

Questionada sobre qual seria a solu��o para um pa�s mais inclusivo, Tha�s � taxativa: “Educa��o. Eu acredito muito na educa��o. E as escolas precisam corrigir seus erros. N�o � apenas falar do negro em 20 de novembro, no dia da Consci�ncia Negra. Os negros est�o nas intitui��es todos os dias, est�o nas salas de aulas todos os dias, em seus trabalhos, todos os dias. E precisam ser respeitados sempre”.

*Estagi�rios sob a supervis�o de Andreia Castro


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