
A capital do Rio Grande do Sul sofre com a superlota��o de leitos nas unidades de terapia intensiva (UTI), a exemplo do drama enfrentado por outras cidades no Brasil, como demonstrou levantamento do Estado de Minas. Nesta quarta-feira (24/2), o Hospital das Cl�nicas de Porto Alegre estava com todas as vagas de UTI para COVID-19 ocupadas e precisou transferir os doentes para a ala de UTI n�o COVID-19.
"Aqui no Hospital das Cl�nicas, temos um cen�rio bem cr�tico", afirma a professora e coordenadora do grupo de trabalho para a prepara��o do enfrentamento ao coronav�rus do HC Porto Alegre, Beatriz Schaan. O n�mero de leitos na unidade foi ampliado de 97 para 105, mas a expans�o n�o desafogou a assist�ncia e todos os leitos est�o ocupados. A situa��o cr�tica n�o � apenas na UTI. O cen�rio atual � de 105 leitos de UTI, 26 emerg�ncia e 60 na enfermaria lotados.
A emerg�ncia COVID-19, que recebia 12 pacientes, est� com 26, mais que o dobro da capacidade. "De ontem para hoje, reorganizamos o espa�o e estamos um pouco mais confort�veis em termos de espa�o f�sico. Enfermeiros, fisioterapeutas e m�dicos foram resgatados de outras �reas. A terapia pedi�trica passou a atender adultos. Todos esses volunt�rios v�m aportando em nossa emerg�ncia e tamb�m no CTI para nos auxiliar com esse volume", diz.
A superlota��o ocorre mesmo depois da expans�o da estrutura do HC, que recebeu dois pr�dios novos. "Esses pr�dios estavam praticamente prontos, mas sem equipamentos e profissionais. Na medida que veio a necessidade de leitos cr�ticos, n�s os ofertamos nos pr�dios. A maior parte da demanda de COVID-19 est� no pr�dio novo", revela a coordenadora. H� espa�o nos anexos, mas faltam recursos humanos.
A m�dica teme que a situa��o possa ficar ainda mais dif�cil. "Sabemos que os pronto-atendimentos na cidade, de onde v�m nossos pacientes, est�o super lotados", diz. Ela lembra que tais unidades encaminham de 90 a 100 pacientes para UTI para todos hospitais da regi�o. "A vinda de paciente � muito cont�nua", afirma.
Diante desse quadro de superlota��o, a solu��o encontrada no HC foi transportar paciente que j� n�o est�o mais contagiantes no UTI COVID-19. "Quando deixa de ser contagiante, depois de duas ou tr�s semanas do in�cio do quadro cl�nico, esse paciente ainda precisando de terapia intensiva passa para a UTI n�o COVID-19. Temos 62 leitos n�o COVID-19 e a metade deles est� ocupada por pacientes COVID que n�o contagiam mais". Ela ressalta que isso faz com que o sistema fique muito tencionado.
Os m�dicos trabalham com algumas hip�teses para explicar a explos�o de casos que necessitam de leitos de UTI: a ida de ga�chos para o litoral e a circula��o de variantes do coronav�rus na capital. A quebra do isolamento se intensificou em dezembro, com a ida ao litoral, principalmente nos finais de semana. "A gente viu muitas aglomera��es nas praias, desde antes do carnaval. Observamos a ida e vida das pessoas nos feriados e carnaval onde n�o houve controle no litoral".
Variantes
No entanto, ela n�o descarta que as variantes do novo coronav�rus, que s�o mais contagiosas, estejam circulando na capital. O HC far� a revis�o do genoma de 40 amostras de pacientes que levantam suspeita de estarem contaminados com as novas variantes. "Vamos ter esse resultado na semana que vem"
Desde sexta-feira, Porto Alegre e regi�o metropolitana est� com a bandeira preta, que na classifica��o sanit�ria permite a abertura apenas dos servi�os essenciais. "� a primeira vez que uma grande quantidade de regi�es fica com bandeira preta", disse. Ela conta que a expectativa era que o governador Eduardo Leite suspendesse a co-gest�o com os munic�pios que permitia aos prefeitos optar por uma bandeira abaixo da indica��o do Estado. "O governador manteve a co-gest�o e permitiu que nosso prefeito sa�sse da bandeira preta para vermelha, ou seja estamos com apenas algumas restri��es, principalmente nos hor�rios de restaurantes, mas n�o h� quase fiscaliza��o", disse.
Diante da superlota��o nas UTIs, os m�dicos solicitam medidas mais restritivas. "Os hospitais fizeram uma carta, encaminhada ao governador, pedindo que haja mais restri��es quanto �s movimenta��es. A gente ainda n�o desitiu." No entanto, a coordenadora do HC afasta a possibilidade de faltar oxig�nio para os pacientes a exemplo do que ocorreu em Manaus, quando as pessoas morreram asfixiadas. O oxig�nio ofertado n�o vem em cilindros. Ficam armazenados em dois tanques que juntos somam 50 mil metros c�bicos de oxig�nio.
O que � o coronav�rus
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas g�stricos
- Diarreia
- Em casos graves, as v�timas apresentam:
- Pneumonia
- S�ndrome respirat�ria aguda severa
- Insufici�ncia renal
- Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus
Mitos e verdades sobre o v�rus
Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.