
Diante dos dados, os pesquisadores associam essa realidade ao fato de as pessoas que recorrem a estes medicamentos, a exemplo da ivermectina, acabarem se descuidando quanto aos modos mais seguros de evitar a doen�a, entre eles, o isolamento f�sico e o uso de m�scara.
"Tomar um medicamento preventivo pode produzir uma falsa sensa��o de seguran�a e prote��o contra a doen�a, levando ao descaso com outras medidas preventivas. At� hoje, as interven��es n�o farmac�uticas t�m sido uma fonte debate no Brasil, dificultando os esfor�os de controle do SARS-CoV-2 e h� conflitantes posi��es entre os governos estadual e federal no Brasil sobre o plano de a��o de combate � COVID-19, o que leva a um cen�rio que contribui para a dissemina��o do v�rus", afirma o estudo.
Dos participantes da pesquisa, 38,64% dos que testaram positivo tinham tomado algum rem�dio para evitar a contamina��o da doen�a. Enquanto entre os que n�o tomaram nada, a taxa de infec��o ficou em 25,99%.
A conclus�o � parte de um estudo que buscou entender os fatores de risco para a pandemia em Manaus.
O artigo foi submetido a uma revista cient�fica e est� sendo avaliado para ser publicada.
Caos na sa�de
Manaus enfrentou por duas vezes um colapso no sistema de sa�de.
A primeira foi no inicio da pandemia e outra vez em janeiro deste ano, quando acabou o oxig�nio nos hospitais e pacientes tiveram que ser transferidos para outros estados. ^
O estudo tamb�m constatou a preval�ncia maior de infec��es por COVID-19 em fam�lias de baixa renda, em pessoas com menos de 59 anos e em casas em que algu�m j� estava infectado.
A preval�ncia da doen�a na popula��o da cidade, segundo a pesquisa, � de 30%.
"A renda familiar foi o mais forte fator de predi��o de infec��o, com uma redu��o de 33% nas casas de renda mais alta em compara��o com o grupo mais baixo. O acesso � sa�de prim�ria para o grupo economicamente vulner�vel sempre foi um fator limitante em todo o mundo; durante a pandemia em curso, essa desigualdade foi ainda mais evidente", destacam os pesquisadores.
Para a pesquisa, participaram 3.046 moradores da capital amazonense.
Em todos eles foram feitos exames de anticorpos para o novo coronav�rus, o que permitiu rastrear casos assintom�ticos tamb�m.
Al�m do exame, os participantes tiveram que responder um question�rio com informa��es pessoais.
No Rio Grande do Norte
Em entrevista � TV Globo, na semana passada, a infectologista Marise Reis, integrante do comit� cientifico para a COVID-19 da Secretaria de Sa�de do Rio Grande do Norte, afirmou que mais de 90% dos pacientes internados com a doen�a em UTIs do estado tomaram ivermectina tentando evitar a doen�a.
"Ent�o significa que ela n�o � capaz de fazer o que promete", afirmou.
Sem comprova��o
O presidente da Rep�blica, Jair Bolsonaro, e o pr�prio Minist�rio da Sa�de j� fizeram propagandas do chamando Kit COVID, uma s�rie de medicamentos para prevenir a COVID-19, como hidroxicloroquina e ivermectina.
No entanto, nenhum desses medicamentos tem efic�cia comprovada contra a doen�a.
Pelo contr�rio, v�rios estudos j� mostraram que cloroquina n�o tem a��o contra a infec��o pelo coronav�rus.
No caso da ivermectina, a fabricante do rem�dio ressaltou, em comunicado, que n�o h� nenhuma evid�ncia de que o medicamento combata a doen�a causada pelo novo coronav�rus.
O Supremo Tribunal Federal (STF) est� investigando a conduta do ministro da Sa�de, Eduardo Pazuello, no colapso da sa�de p�blica de Manaus.
A Corte quer saber se houve omiss�o do general para evitar o colapso no Amazonas. Uma das quest�es � o gasto feito com rem�dios sem efic�cia em detrimento de outras medidas.