ButanVac: vacina 100% brasileira utiliza ovos durante produ��o; entenda
Novo imunizante do Instituto Butantan multiplica v�rus em ovos embrion�rios de galinha e torna o processo mais pr�tico e barato. Seguran�a do m�todo � garantida
De acordo com o Instituto Butantan, a pesquisa ser� realizada de acordo com os mais altos padr�es internacionais �ticos e de qualidade. Como ainda n�o foi testada em humanos, os resultados desta fase cl�nica que v�o determinar se a vacina � segura e tem resposta imune capaz de prevenir a COVID-19.
Para explicar o m�todo, a reportagem consultou as informa��es disponibilizadas pelo pr�prio Instituto Butantan.
Como funciona
A tecnologia da ButanVac funciona assim: ela utiliza um vetor viral que cont�m a prote�na Spike do coronav�rus de forma �ntegra. O v�rus utilizado como vetor nesta vacina � o da Doen�a de Newcastle (DNC), uma infec��o que afeta aves.
Por esta raz�o, o v�rus se desenvolve bem em ovos embrionados permitindo efici�ncia produtiva num processo similar ao utilizado na vacina da gripe. Em contraste com o v�rus da influenza, o v�rus da Doen�a de Newcastle n�o causa sintomas em seres humanos, sendo uma alternativa apontada pelos especialistas como “muito segura” segura na produ��o.
Al�m disso, o v�rus � inativado para a formula��o. Isso facilita sua estabilidade e deixa a vacina ainda mais segura.
Mais segura
“� a mesma tecnologia usada para a produ��o da vacina da gripe”, afirmou Dimas Covas, presidente do Instituto Butantan, durante coletiva de imprensa nesta sexta (26/3).
Segundo Dimas Covas, esta nova vacina pode ser mais segura contra a COVID-19 do que outros imunizantes j� disponibilizados no mercado.
“� produzida em ovo embrion�rio, mas ela se utiliza da estrutura base de um v�rus que infecta aves, chamado Newcastle. Esse v�rus foi modificado geneticamente e expressa a prote�na S. S� que essa prote�na S � uma super prote�na S. Ela desenvolve imunidade de uma forma muito mais efetiva do que essas outras vacinas que usam a prote�na S”, afirmou.
Por dentro da tecnologia A raz�o de os especialistas acreditarem que ela pode ser mais efetiva � que ela utiliza dois m�todos em um: v�rus inativado e vetor viral.
A plataforma de v�rus inativado � a usada nas vacinas da gripe e na CoronaVac, desenvolvida pela chinesa Sinovac e que est� sendo envasada no pr�prio Butantan. Nesse tipo de vacina, o v�rus � colocado inteiro dentro dela, mas n�o � capaz de causar a doen�a, pois est� “morto”.
J� a tecnologia de vetor viral � usada na vacina AstraZeneca, da Universidade de Oxford – que tamb�m est� sendo aplicada no Brasil. Nesse tipo de vacina, um outro v�rus – o v�rus vetor, o adenov�rus – � modificado geneticamente para "carregar" uma parte do c�digo gen�tico do coronav�rus dentro dele.
Assim, nenhum dos dois v�rus tem o poder de causar a doen�a, j� que esse material gen�tico � o que d� instru��es ao organismo para produzir a prote�na S do coronav�rus. A prote�na, ent�o, ativa c�lulas chave do sistema imune: os linf�citos B e T.
Seis passos para entender
A Butanvac vai usar as duas plataformas. Leandro Lobo, professor e pesquisador em microbiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, publicou, em sua conta no Twitter, uma explica��o de forma did�tica para entender todo o fluxo de produ��o do novo imunizante.
A Butanvac � um h�brido entre vacina recombinante e inativada
Os cientistas colocaram o gene da prote�na S (spike) do coronav�rus em um vetor viral, que � como um cavalo de Tr�ia p transportar esse gene. O vetor � o Newcastle disease v�rus (NDV) Mas pq eles fizeram isso? %uD83D%uDC47
Confira abaixo o texto de Leandro, que tamb�m trabalha com divulga��o cient�fica e � editor da revista Ci�ncia Hoje:
A Butanvac � um h�brido entre vacina recombinante e inativada. Os cientistas colocaram o gene da prote�na S (spike) do coronav�rus em um vetor viral, que � como um cavalo de Tr�ia para transportar esse gene. O vetor � o Newcastle Disease V�rus (NDV). Mas porque eles fizeram isso?
O NDV � da fam�lia Paramyxoviridae, que tem outros representantes famosos como o v�rus do sarampo, caxumba, v�rus que causam doen�as respirat�rias e muitos que causam doen�as em animais...o pr�prio NDV � um v�rus de aves, e � a� que est� o pulo do gato do instituto Butantan!
Veja, multiplicar v�rus em ovos embrion�rios de galinha � um processo muito pr�tico e barato. O problema � que o Sars-CoV2 n�o se multiplica nesses ovos. Os cientistas resolveram isso colocando um peda�o do coronav�rus no NDV (v�rus de ave)! Agora a produ��o pode ser feita em ovos
Outra vantagem � que o NDV pode ser manipulado em laborat�rio de n�vel de seguran�a 2 (BL2) ao inv�s do BL3 usado para o Sars-cov-2. Laborat�rios BL3 s�o muito caros de se manter. Isso torna a vacina muito mais barata!
O NDV causa doen�a em aves, mas em humanos � quase inofensivo. A maioria dos casos s�o assintom�ticos, ou no m�ximo sintomas de uma gripe leve. Ademais, o v�rus � inativado e fragmentado antes de se transformar em vacina. Ent�o � muito seguro!
Os fragmentos do NDV podem contribuir para estimular nosso sistema imune, funcionando como um adjuvante. Ent�o quando nossas c�lulas encontram os fragmentos da prote�na Spike do coronav�rus, v�o desenvolver uma resposta muito mais forte e robusta.
"Esse � o resultado do investimento em ci�ncia! Vamos aguardar os testes cl�nicos, mas temos em m�os uma vacina com bom potencial imunizante e muito barata! Se tudo der certo, o Brasil exportar� essa vacina, e provavelmente com um pre�o acess�vel para pa�ses em desenvolvimento", complementou o professor.
(foto: Arte/EM)
O que � o coronav�rus
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte. V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 � transmitida?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
