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Estado de Minas ENTREVISTA

'Imuniza��o em massa previne variantes', garante pesquisador da UnB

Virologista Bergmann Morais Ribeiro ressalta necessidade de garantir ampla testagem e chegada de vacinas, para imuniza��o da maioria da popula��o


08/09/2021 07:37 - atualizado 08/09/2021 16:21

Bergmann Ribeiro é professor do Departamento de Biologia Celular da Universidade de Brasília (CEL/UnB)
Bergmann Ribeiro � professor do Departamento de Biologia Celular da Universidade de Bras�lia (CEL/UnB) (foto: Minervino J�nior/CB/D.A Press - 2/4/20)
Quase dois anos ap�s a chegada da COVID-19 ao pa�s, o novo coronav�rus se tornou mais conhecido pela popula��o e pelos pesquisadores. No entanto, o combate � doen�a encontra obst�culos que envolvem negacionismo, desinforma��o e falta de pol�ticas p�blicas nacionais consonantes com as dos entes federativos. Enquanto isso, a vacina��o com duas doses esbarra em quest�es log�sticas, e a testagem massiva - medida importante para acompanhar a evolu��o da pandemia - n�o ocorre da maneira como deveria.

Em entrevista ao Correio Braziliense , o virologista Bergmann Morais Ribeiro fala sobre como a falta dessas pol�ticas prejudica o combate � COVID-19, da mesma forma que a aus�ncia de uma conscientiza��o coletiva. O pesquisador refor�a que, ao mesmo tempo em que o poder p�blico precisa conseguir vacinas, de modo a atender a maior parcela da popula��o e evitar o surgimento de variantes, as pessoas devem respeitar as medidas de seguran�a sanit�rias.

"Foi comprovado que as vacinas realmente funcionam, como mostrado em v�rios pa�ses, e que elas diminuem as taxas de infec��o. (...) Estamos aprendendo com o v�rus, pois o conhecemos h� apenas dois anos. Ent�o, n�o podemos relaxar quanto aos cuidados at� que o n�mero de mortes e infec��es diminua", pontua.

Por que o novo coronav�rus continua em muta��o?
Muta��o � algo inerente aos v�rus. Todos eles passam por isso quando se reproduzem nas c�lulas. Alguns acumulam varia��es mais lentamente do que outros, mas elas mudam com o tempo. Isso tamb�m ocorre com outros seres vivos, mas bem mais devagar. O ser humano leva anos para se reproduzir, e os v�rus produzem milh�es de descendentes em uma �nica infec��o, em um �nico hospedeiro, em poucas horas.

N�s produzimos descendentes a cada 20 anos, e o v�rus, milh�es em um dia. Quando os produz, ele insere muta��es. As que aumentam a capacidade de espalhamento da infec��o viral geralmente s�o fixadas no genoma do v�rus. As que s�o deletadas, que fazem mal ao v�rus, desaparecem. Isso aconteceu com as variantes que circulam atualmente: as cepas delta e P1 (gama) t�m muta��es que favoreceram o espalhamento delas.

Qual a import�ncia de tomar a segunda dose da vacina?
Para evitar que esses v�rus se reproduzam, quanto mais pessoas vacinadas, menor a chance de espalhamento da infec��o. Apesar de as pessoas vacinadas poderem se infectar, a probabilidade de reprodu��o (do v�rus) � bem menor e, como a pessoa tem uma prote��o, ela vai conseguir eliminar a infec��o rapidamente. A imuniza��o tamb�m evita o aparecimento de variantes, e as chances de uma pessoa ter um quadro grave e ir para o hospital s�o bem menores.

Existe a possibilidade de uma nova onda no Brasil e no DF, como ocorre em outros pa�ses?
Sim, com certeza. Ainda n�o conseguimos vacinar com a segunda dose a maior parte da popula��o. Estamos abaixo dos 30% ou 40% (de brasileiros imunizados), e isso torna as pessoas mais suscet�veis ao v�rus, principalmente a essas variantes mais transmiss�veis. Se ela come�ar a se espalhar rapidamente entre quem n�o foi vacinado ou n�o tomou a segunda dose, pode haver uma nova onda da infec��o. Por isso, devemos tomar cuidado, sair de m�scara, manter o distanciamento e n�o relaxar (com as medidas n�o farmacol�gicas).

Qual a import�ncia da testagem e por que ela ocorre t�o pouco hoje?
A testagem � superimportante porque, se voc� detectar algu�m que est� com o v�rus, essa pessoa tem de fazer a quarentena e ficar isolada, para n�o infectar outra pessoa. Existem v�rios quadros assintom�ticos: a pessoa est� infectada e n�o sabe que est�, por exemplo. At� tr�s dias antes de aparecerem os sintomas, ela pode estar transmitindo o v�rus para outros indiv�duos. Se n�o � feita a testagem da popula��o, voc� n�o sabe qual � a real circula��o dele e, quanto mais souberem dessa circula��o, melhor para tra�arem uma estrat�gia e evitar a dissemina��o da doen�a.

Qual � a import�ncia do sequenciamento gen�tico do v�rus e, em um cen�rio ideal, quantas amostras devem ser sequenciadas por m�s?
Ela � muito importante para conhecermos como esse v�rus tem mudado, como ele entra na c�lula, como se reproduz e para tra�armos estrat�gias de combate. Al�m disso, o desenvolvimento de vacinas � voltado para o combate dos novos v�rus, n�o para os que circulavam anteriormente. Como a testagem est� baixa e as pessoas que fazem os exames s�o s� as que apresentam sintomas, temos perdido o real conhecimento da atual circula��o (do v�rus). Era necess�rio fazer uma testagem em massa, mas isso n�o ocorre.

As autoridades t�m de olhar o que ocorre em outros lugares do pa�s? No Rio de Janeiro, por exemplo, a que predomina � a delta, e houve um aumento significativo de casos provocados por ela...
As autoridades, de alguma maneira, t�m de conseguir mais vacinas, porque essa � a �nica maneira de evitar a circula��o do v�rus. Se n�o h� vacina nem interven��es n�o farmacol�gicas, uso de m�scara ou manuten��o do distanciamento, n�o podem aumentar a flexibiliza��o, porque isso s� vai aumentar a dispers�o da doen�a.

A variante delta predomina entre as amostras sequenciadas no DF. Quais s�o as implica��es dessa constata��o?
No in�cio de agosto, 30% (das amostras) era representada pela variante delta, e 70%, pela gama. No fim do m�s, mais de 70% era da variante delta. Isso mostra que se trata de uma cepa mais transmiss�vel, que infecta mais gente e, por isso, mais pessoas t�m risco de ir para o hospital. As vacinas s�o eficazes contra a delta, mas o imunizante vai perdendo a efic�cia a partir de quando o v�rus adquire muta��es. A vacina consegue controlar, mas com uma efic�cia menor, porque ela foi produzida para (combater) um genoma diferente.

Pode surgir uma nova variante que nossos anticorpos n�o reconhe�am, e muita gente voltar� a ser infectada e hospitalizada. Acho que o governo devia fazer uma campanha massiva de esclarecimento da popula��o com rela��o � vacina��o, porque � a �nica maneira que temos para diminuir a circula��o das variantes. Se muita gente estiver vacinada, a probabilidade de surgimento de novas cepas diminui muito. Precisamos educar as pessoas e mostrar a elas que as vacinas sempre funcionaram. Sempre tomamos, contra diversas doen�as, e ningu�m questionava.

Agora, com as fake news, come�aram a fazer esses questionamentos. Mas foi comprovado que as vacinas realmente funcionam, como mostrado em v�rios pa�ses, e que elas diminuem as taxas de infec��o. Existem pessoas idosas cujo sistema imunol�gico envelhece, e tomar a terceira dose � necess�rio para refor�ar a imuniza��o. E estamos aprendendo com o v�rus, pois o conhecemos h� apenas dois anos. Ent�o, n�o podemos relaxar quanto aos cuidados at� que o n�mero de mortes e infec��es diminua, porque essa doen�a ainda pode causar muito mais estragos.

Colaborou Yasmim Valois (estagi�ria sob supervis�o de J�ssica Eufr�sio)

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