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Estado de Minas VIOL�NCIA

'Escravizados do vinho': trabalhadores denunciam casos de surras e choques

Os trabalhadores, de acordo com as autoridades, haviam sido recrutados na Bahia pelas empresas F�nix Presta��o de Servi�os e Oliveira & Santana


01/03/2023 21:22 - atualizado 01/03/2023 21:22

Os trabalhadores dizem ainda que era preciso esperar longas horas após as jornadas de trabalho até que uma van os trouxesse de volta ao alojamento
Os trabalhadores dizem ainda que era preciso esperar longas horas ap�s as jornadas de trabalho at� que uma van os trouxesse de volta ao alojamento (foto: Arquivo - Inspe��o do Trabalho)
Desde que foram resgatados em Bento Gon�alves na quarta-feira (22), os trabalhadores da colheita da uva relataram diferentes epis�dios de viol�ncia envolvendo surras com cabo de vassoura, mordidas, choques el�tricos e ataques com spray de pimenta, al�m de m�s condi��es de trabalho e de habita��o.

 

Nos depoimentos, os trabalhadores tamb�m denunciam pr�ticas como vales, multas e descontos no sal�rio. A soma desses fatores levou o MTE (Minist�rio do Trabalho e Emprego) e o MPT (Minist�rio P�blico do Trabalho) a considerarem a situa��o como um regime de trabalho an�logo � escravid�o.

 

Os trabalhadores, de acordo com as autoridades, haviam sido recrutados na Bahia pelas empresas F�nix Presta��o de Servi�os e Oliveira & Santana, de mesmo dono, e prestavam servi�os �s vin�colas Aurora, Garibaldi e Salton. Eles ficavam alojados na Pousada do Trabalhador, no bairro Borgo.

 

Nesta quarta-feira (1º), o MPT se re�ne com representantes das tr�s vin�colas. Elas alegam desconhecer as m�s condi��es a que os trabalhadores terceirizados eram submetidos.

 

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As primeiras acusa��es, ap�s a fuga de seis trabalhadores na noite do dia 21, foram feitas ao MTE. A Comiss�o de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa tamb�m est� reunindo relatos dos trabalhadores, que no s�bado (24) embarcaram de volta � Bahia. A comiss�o apura ainda den�ncias de jornadas de trabalho irregulares em parreirais e vin�colas da regi�o.

 

Segundo um dos depoimentos, feito ao MTE, na v�spera da fuga tr�s trabalhadores foram espancados em repres�lia � publica��o em uma rede social de um v�deo mostrando as condi��es das roupas, que estavam molhadas, e da comida que eles haviam recebido naquele dia.

 

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Conforme o depoimento, eles foram abordados por capangas da empresa t�o logo chegaram na pousada do trabalho na colheita. O denunciante diz ter sido trancado em uma sala, onde teria sido contido com uma gravata e atacado com spray de pimenta, espancado com cabos de vassoura e mordido no ombro. Dois colegas teriam sofrido agress�es semelhantes.

 

A reportagem conversou com um dos seis trabalhadores que fugiram, que repetiu o que foi relatado nos depoimentos. Ele critica as m�s condi��es de estadia —com poucos banheiros e sempre entupidos— e afirma que a comida era fria e, �s vezes, azeda.

 

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O homem afirma que trabalhada das 6h �s 22h. Segundo ele, o combinado era receber R$ 4.000 ap�s 45 dias, mas o montante sofreria descontos que n�o foram previamente combinados. Ele diz que percebeu que estava sendo explorado.

 

O trabalhador diz ainda que alguns colegas eram obrigados a sair da cama com gritos, ouviam xingamentos, sofriam choques el�tricos ou eram amea�ados.

 

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O epis�dio da surra depois da publica��o do v�deo levou o grupo e outros tr�s trabalhadores a decidir fugir durante a noite, segundo a investiga��o. Por volta das 22h do dia 21, eles teriam pulado a janela da pousada para a cobertura do im�vel ao lado e, dali, saltaram pelos fundos da pens�o. O grupo, ent�o, teria ido para a rodovi�ria, onde metade comprou passagens para Porto Alegre e outra, para Caxias do Sul. As primeiras den�ncias foram feitas � Pol�cia Rodovi�ria Federal de Caxias do Sul.

 

A reportagem teve acesso ainda a depoimentos de outros trabalhadores, que tamb�m narram agress�es f�sicas e psicol�gicas.

 

Em um dos depoimentos, um trabalhador de 36 anos diz que havia sido contratado por R$ 4.000, mas que ao chegar soube que perderia a passagem de volta caso faltasse a um dia de trabalho e que o alojamento, que deveria ser incluso, seria descontado em folha ao final do contrato. A situa��o fazia com que os trabalhadores continuassem trabalhando mesmo que estivessem doentes, afirma ele.

 

Por isso, os trabalhadores fariam vales com o dono do alojamento, e teriam um saldo de R$ 400 para gastar em um mercadinho pr�ximo. Os valores seriam descontados do pagamento final, afirmam nos depoimentos. O trabalhador diz que teve que pegar dois vales de R$ 100, e que recebeu uma multa de R$ 300 por danificar um arm�rio ao se apoiar para descer de um beliche.

 

Os trabalhadores dizem ainda que era preciso esperar longas horas ap�s as jornadas de trabalho at� que uma van os trouxesse de volta ao alojamento, o que ocorreria por vezes �s 23h, para reiniciar a jornada acordando �s 5h do dia seguinte.

 

Na ter�a-feira (28), o MPT realizou uma audi�ncia com representantes legais da empresa F�nix Servi�os de Apoio Administrativo, que contratava os trabalhadores, e cujo propriet�rio Pedro Augusto de Oliveira Santana foi preso e liberado sob fian�a.

 

No encontro, o MPT prop�s que a empresa pague cerca de R$ 600 mil em danos morais para os trabalhadores resgatados. O valor n�o impede que eles busquem tamb�m repara��es individuais na Justi�a —a resposta ser� dada pela empresa em nova audi�ncia na quinta-feira (2). At� agora, o MPT vem fiscalizando o pagamento de cerca de R$ 1 milh�o em verbas rescis�rias dos contratos.

 


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