Stephanie Crispino
CEO da Tribo
Voc� provavelmente j� ouviu a uni�o entre duas palavras que talvez soem distantes: capitalismo consciente. Em um mundo que tem demonstrado n�veis cada vez maiores de incerteza e em um Brasil no qual vemos escancarada as necessidades refletidas nos objetivos de desenvolvimento sustent�vel, ou ODS, da ONU, precisamos repensar quais s�o as diretrizes que ditam os resultados e o dia a dia dos neg�cios.
Capitalismo consciente, nova economia, a pr�pria Agenda 2030 da ONU ou um termo ainda mais comum no vocabul�rio de neg�cios de hoje, ESG, mostram qual � esse novo farol que pode guiar o futuro do trabalho e das empresas. Isso porque refor�am a import�ncia de as organiza��es assumirem a sua responsabilidade nessa mudan�a. Vivemos uma realidade interconectada e cada empresa dentro de uma certa cadeia produtiva tem o seu papel nesse despertar. Das empresas de telefonia m�vel, de energia at� mesmo a fabricante do fio de cobre, que levam luz, internet e, assim, permitem o acesso ao trabalho e aos estudos para milhares de pessoas que hoje fazem isso de suas pr�prias casas.
Afinal, qual � esse papel das empresas? A responsabilidade n�o s� pelo aspecto econ�mico que tem sido refor�ado desde a famosa frase “as empresas existem para dar retorno aos seus acionistas”, ideia publicada em um artigo no The New York Times, em 1971, por Milton Friedman. Mas tamb�m pelo seu impacto no entorno, seja ele ambiental, como a �rea de sustentabilidade vem se destacando com cada vez mais afinco dada a emerg�ncia das mudan�as clim�ticas, seja ele social. Qualquer organiza��o, desde que come�amos com essa estrutura econ�mica, tem intrinsecamente uma fun��o social e uma responsabilidade pelo seu impacto nas pessoas que fazem parte do seu time, seus consumidores e a comunidade como um todo que � impactada direta ou indiretamente pelas suas atividades.
Essas novas diretrizes para um capitalismo mais consciente, sustent�vel e, por que n�o dizer, saud�vel do que o que vivemos hoje pede justamente por assumir a responsabilidade de cuidar das pessoas e de reduzir as desigualdades que o atual sistema capitalista gera. O lucro n�o � a raz�o pela qual existimos, mas uma das consequ�ncias alcan��veis necess�rias para a sobreviv�ncia, por�m insuficiente para o impacto.
Se a maior prioridade da empresa � gerar lucro, ser� apenas isso que ela priorizar� frente a decis�es dif�ceis. H� um foco maior no interesse dos acionistas e quando isso se torna a �nica prioridade, os demais stakeholders sofrem, colocando em risco a sustentabilidade do neg�cio no m�dio e longo prazos. Se queremos pessoas que "vestem a camisa" e t�m "cabe�a de dono", precisamos criar uma proposta de valor como empresa que realmente permita n�o s� o reconhecimento financeiro justo, mas tamb�m a realiza��o profissional e o bem-estar das pessoas. Gerar lucro para acionistas n�o � um motivador que gera engajamento. Compreender o prop�sito, valores e outros aspectos culturais da empresa far� toda a diferen�a para criar um engajamento estrat�gico e, assim, conectar o que � importante para as pessoas com o que � importante para a empresa. Todo desafio de neg�cio �, na verdade, um desafio de gente.
A mesma l�gica vale para a vis�o da comunidade como um dos stakeholders-chave dos neg�cios. A empresa precisa reconhecer o seu atual impacto e o quanto dele � negativo ou positivo na sociedade como um todo. O mundo precisa de empresas que maximizar�o o seu impacto, e n�o apenas o seu lucro. O lucro � uma forma de continuar gerando cada vez mais impacto. Temos a consci�ncia de que neste novo capitalismo que surge, fazer o bem � o fim. Lucrar � s� mais um meio.
