
Como Tolst�i enxergava o casamento? O autor do maior �pico dos tempos modernos (Guerra e paz) e do mais perfeito romance dram�tico oitocentista j� escrito (Anna Kari�nnina) via com ceticismo a institui��o do matrim�nio. Talvez ceticismo seja um eufemismo para o homem que chegou ao final do s�culo 19 mais popular, adorado e temido do que o czar. Li�v Tolst�i (1828-1910) ficou 44 anos casado com S�fia e tiveram 13 filhos. Isso foi o suficiente para que o conde excomungado da Igreja Ortodoxa chegasse � conclus�o de que os la�os conjugais s�o t�o fr�geis que a solu��o � tornar-se asceta.
As quatro novelas reunidas em ordem cronol�gica, publicadas pela editora Todavia em nova e excelente tradu��o de Rubens Figueiredo (com breves introdu��es elucidativas), poderiam ser embaladas por um �nico e grande t�tulo. Algo como Casamento: uma biografia.
Felicidade conjugal tem o sabor de estreia liter�ria, embora Tolst�i tenha escrito e publicado alguns anos antes Inf�ncia. Ele tinha 31 anos e ainda n�o havia conhecido S�fia, mas seu arguto poder de observa��o dos sal�es da aristocracia � qual pertencia e suas aventuras amorosas sem grande comprometimento – embora haja fortes ind�cios de um filho bastardo com uma mujique – foram o bastante para essa admir�vel e um tanto ing�nua novela ser conclu�da em 1859.
Dividida em duas partes, a breve narrativa � premonit�ria da pr�pria uni�o do autor com uma mulher com idade para ser sua filha e prefigura tamb�m a oposi��o t�o cara a Tolst�i entre a pureza do campo e a corrup��o da cidade, numa R�ssia cujo capitalismo avan�ava selvagemente.
Vendo-se �rf� de m�e (seu pai j� morrera quando a hist�ria come�a), uma jovem de 17 anos passa a limpo a hist�ria de seu casamento com Siergui�i, amigo de seu pai e pelo qual ela se apaixona na primeira metade do livro. No in�cio, ela o v� como substituto paterno, mas aos poucos e por viver numa propriedade rural isolada da sociedade com a governanta e a irm� mais nova, a adora��o filial se transmuta em paix�o:
“Ele n�o era mais um velho tio, que me acarinhara e me orientara, era uma pessoa igual a mim, que me amava e me temia e a quem eu tamb�m temia e amava.” Mas a alegria dura apenas alguns meses enquanto os dois vivem s� para si at� que: “De s�bito, seu rosto pareceu-me velho e desagrad�vel”.
O leitor atento de Anna Kari�nnina vai notar algo parecido quando Anna, depois de conhecer Vr�nski, reencontra o marido e sente repugn�ncia por suas orelhas. Tolst�i era um mestre desses pequenos detalhes da intimidade que secretam grandes mudan�as de sentimento.
� medida que os bailes e recep��es ocupam a vida da protagonista, a rela��o vai se dissolvendo: “Desapareceram completamente os seus acessos de alegria na minha presen�a, o comportamento juvenil, despareceram o seu perd�o e indiferen�a em rela��o a tudo, que antes me indignavam, n�o lhe apareceu mais o olhar profundo que, antes, sempre, me deixava confusa e me alegrava, sumiram as ora��es, os �xtases em comum, deixamos at� de ver-nos com frequ�ncia, ele estava continuamente de viagem, e n�o temia, n�o lamentava deixar-me sozinha”.
Ent�o, o inevit�vel acontece. Brigas, rancores, �dios s�o os ingredientes explosivos da rela��o quando o primeiro filho nasce. Ao passo que � essa crian�a a respons�vel pela transforma��o da tal felicidade do t�tulo, numa das mais belas passagens do livro. A cena acontece quando a narradora (os dois est�o de volta ao campo) se d� conta do amor do marido pelo rebento.
“A partir desse dia, terminou meu romance com meu marido; o sentimento antigo tornou-se uma recorda��o querida, algo imposs�vel de se trazer de volta, e o novo sentimento de amor aos filhos e ao pai dos meus filhos deu in�cio a uma nova vida, de uma felicidade completamente diversa, e que ainda n�o acabei de viver...”
As retic�ncias assinalam o que estaria por vir, o que s� aconteceu d�cadas depois quando o que muitos (incluindo este resenhista) consideram a maior obra-prima do g�nero novela j� publicada.
Os anos que precederam a publica��o de A morte de Ivan Ilitch (em 1886, quase uma d�cada depois da explos�o de cr�tica e popularidade de Anna Kari�nnina) foram enlouquecedores no ciclo familiar dos Tolst�i.
Escreve Rosamund Bartlett, autora de uma monumental biografia do conde: “A vida familiar na casa dos Tolst�i em Moscou nos primeiros meses de 1884 era surreal. Em uma parte da casa, vigiado de perto pelo governador-geral, Tolst�i estava restringindo ao m�nimo suas pegadas na terra e condenando atividades depravadas, tais como uso de adornos f�sicos e a da dan�a nos bailes. Em outra parte da casa, S�fia e T�nia (filha) se vestiam com aprumo em tule e veludo para a bailes de gala da sociedade onde conviviam com o governador-geral. (...) Tolst�i deplorava o dinheiro que a esposa vinha gastando para introduzir T�nia na sociedade moscovita naquele ano. (...) S�fia se queixava com a irm� de que estava farta de viver com o marido, um ‘tolo santo’, que negligenciava suas fun��es de pai e j� n�o demonstrava o menor interesse em tomar parte da vida familiar; (...) Ele (Tolst�i) sentia que era a �nica pessoa s� vivendo em um hosp�cio dirigido por loucos”.
Foi nesse ambiente conflagrado que Tolst�i escreveu A morte de Ivan Ilitch e, quando o senso comum julga suas obras como se seu autor desativasse o modo autobiogr�fico, a verdade � que os anos precedentes � morte do magistrado que d� t�tulo � magn�fica novela se nutriram desse pugilato entre o conde e sua esposa. A trama � simples. O personagem do t�tulo � acometido de uma doen�a que o leva � morte. Em flashback – Tolst�i nunca se contentava em repetir a mesma f�rmula –, descobrimos como a vida do juiz foi recheada de apar�ncias, falsidades e hipocrisias, e s� diante do fim ele enxerga o quanto se ludibriou. E entre os maiores enganos est�, claro, seu casamento com uma dama da sociedade – o �dio do conde � sua classe social s� encontra paralelo na avers�o de Flaubert pela burguesia.
Ele nos conta a hist�ria de seu casamento. “Ivan Ilitch conheceu aquela que viria a ser sua esposa, Praskovya Iodorovna Mikhel, a garota mais fascinante, inteligente e espirituosa do seu c�rculo, e, entre tantas atividades que praticava para se distrair, Ivan Ilitch come�ou um leve e divertido flerte.”
Nosso her�i n�o era predisposto a se casar, mas as exig�ncias sociais se impunham para al�m de suas veleidades. “No in�cio, Ivan Ilitch n�o tinha inten��es definidas de casamento, mas, ao perceb�-la apaixonada, perguntou-se: ‘Afinal de contas, por que n�o casar?’”
Ivan pensava que o casamento tolheria sua liberdade, mas o come�o da sua vida conjugal o surpreendeu e “longe de atrapalhar” seu modo de vida, “at� acrescentou-lhe um novo encanto”.
No entanto, quando a esposa engravida, “(...) um novo elemento, inesperado, desagrad�vel, cansativo e totalmente inapropriado”, surge, algo que ele “nunca poderia ter previsto e do qual n�o havia como escapar”. Ele logo trata de nos esclarecer a natureza desse elemento: “(...) sem raz�o alguma, por puro capricho, como ele dizia, come�ou a perturbar a agrad�vel e decente ordem de sua vida. Sem que houvesse qualquer tipo de justificativa, Praskovya come�ou a mostrar-se ciumenta, a exigir que ele dedicasse toda sua aten��o a ela, punha defeitos em tudo e fazia as mais desagrad�veis e constrangedoras cenas”.
Com o passar dos anos, a vida com a esposa se torna um t�dio que o magistrado suporta entregando-se ao trabalho. A dist�ncia entre marido e mulher s� aumenta, mas isso que poderia t�-lo feito sofrer, ele achava “n�o s� normal, mas at� um objetivo a ser alcan�ado na vida dom�stica.”
Assim continuou por dezessete anos at� Ivan come�ar sua agonia num longo sofrimento at� a extin��o.
Uma breve introdu��o � necess�ria para se entender o tamanho da influ�ncia e poder de seu autor nos �ltimos anos do s�culo 19. A frase faz parte do relato do jornalista brit�nico William Stead, depois de passar uma semana na propriedade rural de Tolst�i: %u201CHomem de g�nio que passa seu tempo plantando batatas e remendando sapatos, um grande artista liter�rio que fundou uma propaganda de anarquia crist�, um aristocrata que passa a vida como campon�s.%u201D
Outros pontos de vista
Se em A morte de Ivan Ilitch as amargas reflex�es sobre o casamento correm em paralelo � morte do juiz, em Sonata a Kreutzer, de 1890, o matrim�nio est� no centro da hist�ria do assassinato da esposa pelo marido, o propriet�rio rural P�zdnichev. Sua trama � contada por um an�nimo narrador que a ouve do uxoricida durante uma longa viagem de trem pela R�ssia – para cada obra nova, Tolst�i buscava outro ponto de vista narrativo. O t�tulo da novela se refere � Sonata para violino e piano nº 9, de Beethoven, de quem Tolst�i era fervoroso admirador, tendo estudado e tocado as partituras do compositor alem�o na juventude e as introduzido em v�rias fic��es.
Naqueles anos, o abismo entre S�fia e Tolst�i aumentava cada vez mais, tendo o conde se esfor�ado em levar uma vida asc�tica, como acordar cedo para ceifar com os camponeses, renunciado a comer carne e a beber �lcool e tentando parar de fumar. No entanto, ele se autopunia por n�o resistir a ter rela��es sexuais com a esposa. Em breve, completariam 25 anos de casados, e S�fia n�o parava de colocar filhos no mundo. Se o jovem Li�v ainda acreditava no casamento, o maduro Tolst�i o condenava cabalmente, e para ilustrar seus malef�cios escreveu sua novela mais pol�mica e escandalosa– certamente a mais discutida de suas obras de fic��o – aquela na qual ele condena o casamento sem ou mesmo com filhos � dana��o.
Sonata a Kreutzer foi publicada em edi��o samizdat (clandestina) e o pre�o de uma c�pia era maior que o valor cobrado por suas obras completas, que a diligente S�fia havia coligindo desde que o marido abdicou de seus direitos autorais. A popularidade de Li�v atingira o �pice, e n�o apenas pelos seus romances, j� naqueles anos traduzidos para as principais l�nguas cultas da Europa, quanto – e era o que importava para ele – por suas ideias e a��es visando reformar a R�ssia com a erradica��o da pobreza, a mudan�a do ensino, laico e religioso, e um revolu��o de costumes voltada para o ideal campon�s e agr�rio.
A novela parte de uma pergunta ouvida no trem sobre o atraso do casamento na R�ssia comparado ao matrim�nio europeu, onde a uni�o se fazia por amor e n�o por conveni�ncia. Ao ouvi-la, P�zdnichev, absolvido sob alega��o de defesa da honra, ele mesmo tentar� responder.
“O que se deve entender por amor verdadeiro?”
A r�plica � simples, a prefer�ncia exclusiva de um homem por uma mulher e vice-versa. Mas por quanto tempo, pergunta. “Por quanto tempo? Ora, muitas ve- zes, por toda a vida.” Quem est� conversando com ele � uma senhora e quem nos conta � o narrador an�nimo que ir� ouvi-lo ao longo de in�meras horas de viagem. O homem treplica:
“Mas isso s� acontece nos romances, nunca na vida real. Na vida, essa prefer�ncia de algu�m por outrem dura anos, o que � muito raro, mais comumente meses, ou ent�o, semanas, dias, horas.” Ele prossegue: “Amar a vida inteira um homem ou uma mulher � o mesmo que dizer que uma vela vai arder a vida toda”.
O que se segue � uma exaltada perora��o acerca do ci�me gerado pela libertinagem, pelo instinto sexual, com cr�ticas severas aos costumes modernos e o conjunto de acusa��es, recrimina��es, queixas, amea�as, insultos, mesquinharias, raiva, petul�ncia, desprezo e orgulho ferido e todo o repert�rio de sentimentos ne- gativos de duas pessoas muito �ntimas, culminando no assassinato de uma delas.
Sonata causou tanto barulho que S�fia teve de pedir pessoalmente autoriza��o ao czar Alexandre III para publica��o. Tchekhov condenou seu grande �dolo em carta a um amigo, considerando-o um d�spota. Tolst�i se viu for�ado a fazer um pronunciamento p�blico dizendo n�o ser contra a procria��o humana como d� a entender seu texto. O livro ainda lhe rendeu a primeira excomunh�o por parte da Igreja Ortodoxa, sob a alega��o de ser “incoerente, indecente e imoral”.
Guia espiritual
No come�o da d�cada de 1890, a lideran�a moral de Tolst�i na R�ssia era enorme. Ele se tornara um guia espiritual, atacando a administra��o czarista que deixava milh�es de camponeses morrerem de fome, a indig�ncia educacional, a indiferen�a da aristocracia e a Igreja Ortodoxa.
Padre Si�rgui come�ou a ser escrito nessa �poca, mas s� viria a ser publicado em 1911, pouco depois da morte do autor, que, como se sabe, “fugiu” do inferno dom�stico e morreu no meio do caminho. Uma breve introdu��o � necess�ria para se entender o tamanho da influ�ncia e poder de seu autor nos �ltimos anos do s�culo 19. A frase faz parte do relato do jornalista brit�nico William Stead, depois de passar uma semana na propriedade rural de Tolst�i: “Homem de g�nio que passa seu tempo plantando batatas e remendando sapatos, um grande artista liter�rio que fundou uma propaganda de anarquia crist�, um aristocrata que passa a vida como campon�s”.
Eis o resumo de um santo e a hist�ria desse starets (velho l�der religioso na R�ssia) � que ser� contada em Padre Si�rgui. Narrada no registro hagiogr�fico, a trajet�ria do jovem aristocrata e grande conquistador de cora��es � ascendente rumo ao despojamento total at� se tornar um peregrino an�nimo, penitente e indigente. Logo no primeiro cap�tulo somos informados de que um belo e rico pr�ncipe pertencente a um regimento militar do imp�rio russo e a um m�s de se casar com uma jovem e bela dama da sociedade renuncia � sua propriedade rural, aos seus bens, � sua posi��o e segue para um mosteiro.
A jovem � a condessa Korotkova, ele se apaixonou por ela e depois de um per�odo inicial de frieza, ficou surpreso quando ela o aceitou, mas a condessa, como todos sabiam menos o pr�ncipe, fora amante do czar Nicolau I, a quem o pr�ncipe amava acima de tudo. E � quando ela revela ao noivo pouco antes do casamento que se entregara ao imperador que o pr�ncipe resolve despedir-se do mundo e tornar-se monge, pois seu orgulho – como o de Tolst�i – estava acima de tudo.
O pr�ncipe de nome Kass�tski viveu sete anos no mosteiro e se ordenou monge, com o nome de Si�rgui. Tolst�i era especialmente supersticioso com o n�mero sete. Depois veio a primeira tenta��o na forma de uma mulher mundana que queria conhec�-lo, o padre resistiu, mas pediu para ser transferido e terminou tornando-se um eremita em sua cela na cavidade de uma rocha do monast�rio. Seis anos depois (pr�ximo de sete), ele se percebe tentado por uma mulher de h�bitos extravagantes, rica, bela, conhecida por suas aventuras e que apostou que o seduziria.
Ele ouve a mulher batendo na porta de sua cela e diz: “Meu Deus! Ser� mesmo verdade o que eu li nas Vidas dos santos? Que o diabo assume a forma de mulher?”. Pois diante essa mulher, desnuda, o monge pegou o cepo e cortou o dedo da m�o direita. Ela ficou t�o horrorizada que se tornou alguns depois uma monja. E outros sete anos se passaram at� o padre mudar de monast�rio de novo.
Como Tolst�i n�o concluiu a novela, h� certos lapsos na narrativa. Ele recebe a visita de uma jovem neurast�nica ou hist�rica e se deixa ceder � lux�ria. Parece que ele a mata e sai ent�o caminhando como peregrino. Tem um sonho com Pachenka, uma menina a quem haviam feito mal quando crian�a, e acredita que somente ao encontr�-la poder� se salvar. Por isso vai atr�s dela. Quando finalmente encontra a mulher, vivendo na pen�ria, ele a toma como sua confessora e diz: “Eu sou um depravado, sou um assassino, sou um blasfemo e um hip�crita”.
Ele peregrinou at� ser preso, e como n�o havia documentos em sua posse e j� despossu�do de tudo o que havia no mundo, n�o se importou de ser degredado para a Sib�ria como vagabundo. No fim, cuida da horta de um propriet�rio e ajuda na educa��o das crian�as.
Andr� Nigri � jornalista e autor do romance Paralisia (2018). Em outubro, publica o livro de contos Com a corda no pesco�o, pela Editora Reformat�rio
As novelas reunidas
Felicidade conjugal
A morte de Ivan Ilitch
Sonata a Kreutzer
Padre Si�rgui
Trecho
No vasto edif�cio da Corte de Justi�a, durante o intervalo de uma sess�o do julgamento dos Melv�nski, os membros da Corte e o procurador se reuniram no gabinete de Ivan Ieg�rovitch Chebek e teve in�cio uma conversa sobre o c�lebre caso Kr�ssov. Fi�dor Vass�lievitch se inflamou, ao demonstrar que a Corte n�o tinha jurisdi��o sobre o caso, Ivan Ieg�rovitch fincou p� em seu ponto de vista, enquanto, de outro lado, Piotr Iv�novitch, que desde o in�cio n�o entrara na discuss�o e dela n�o tomava parte, se limitava a passar os olhos nos exemplares do jornal Vi�domost trazidos pouco antes. – Senhores! – disse ele. – O Ivan Ilitch morreu! – Ser� poss�vel? – Veja, leia aqui – disse para Fi�dor Vass�lievitch, mostrando o jornal ainda fresco, cheirando a tinta. Cercado por um friso preto, estava escrito: “Prask�via Fi�dorovna Golovin�, com sincero pesar, comunica aos parentes e conhecidos o falecimento de seu adorado esposo, membro da C�mara de Justi�a, Ivan Ilitch Golovin, ocorrido no dia 4 de fevereiro deste ano de 1882. O enterro ser� na sexta-feira, � uma hora da tarde”.
Ivan Ilitch tinha sido colega de trabalho dos senhores ali reunidos e todos gostavam dele. Fazia algumas semanas que havia adoecido; diziam que sua doen�a era incur�vel. Fora mantido no cargo, por�m j� estava acertado que, no caso de sua morte, Aleks�iev podia ser nomeado em seu lugar e, para o posto de Aleks�iev, seriam indicados ou V�nnikov ou Cht�bel. Por isso, ao saber da morte de Ivan Ilitch, o primeiro pensamento de todos os senhores reunidos no gabinete foi sobre o efeito que aquela morte podia produzir na transfer�ncia ou na promo��o dos pr�prios membros da Corte ou de seus conhecidos.
(De A morte de Ivan Ilitch)
