Poeta e ensa�sta mineiro Edimilson de Almeida 'Front', vencedor do Pr�mio S�o Paulo de Literatura em 2021, e 'O ausente', segundo lugar no Pr�mio Oceanos
A primeira vista, o cen�rio onde Edimilson de Almeida Pereira circunscreve seu “Front” parece dist�pico: calor, aridez, corpos jogados de helic�pteros, um lix�o de entulhos eletr�nicos, vaga-lumes el�tricos, sirenes que v�m e v�o, blazers com avisos apocal�pticos afixados no vidro das janelas. Mas nada � o que parece ser. Logo percebemos que fomos persuadidos a acreditar na distopia, ao passo em que a revela��o � muito mais tr�gica: n�o se trata de um futuro catastr�fico, mas do hoje, do agora de qualquer bairro perif�rico deste pa�s monstruoso que exila, dentro dos seus limites territoriais, os cidad�os e cidad�s que considera de segunda classe. Exila-os em um espa�o onde “vive-se no limite da exig�ncia quando tudo o que se tem � a pr�pria vida”.
Quem nos persuade no in�cio (e continuar� nos persuadindo, em outras chaves, at� o final) � o narrador do livro – o “homem-�rvore”. Uma voz sem nome (porque � todos os nomes) e sem rosto (porque � todos os rostos do bairro) que executa, com brilhantismo, seu mon�logo costurado de digress�es. Mais um pouco e vemos que esse mon�logo �, na verdade, rememora��o: por ser um homem-�rvore, enxerga al�m da fila da lot�rica, onde recorda enquanto espera atendimento. E cada galho seu � um tempo e um espa�o. E cada palavra sua � parte de um organismo que n�o estranha nada, colocando cada mem�ria no curso: tanto de um estudo sobre o horror quanto de uma perspectiva sobre o racismo.
Sim, racismo. Afinal de contas, n�o � por causa de uma cor transformada em alvo pelo governo e sociedade que “nossos irm�os erram nos sem�foros presos � alma por um fio”? Nesse sentido, o homem-�rvore � tamb�m uma �rvore geneal�gica.
Algumas p�ginas adiante e vemos as raz�es de o homem-�rvore ser o portador dessa consci�ncia social e refer�ncias te�ricas. N�o � s� porque sua cabe�a “roda mais veloz do que a nossa” (como dizia dele seu amigo de inf�ncia, Silas). Mas porque ele se instruiu com os livros e revistas que encontrava no entulho quando crian�a, guardando consigo peda�os desses c�dices para ler. Da� a passar a observar e comparar tudo foi um pulo, depois do qual come�a a perceber a fun��o da fila, dos helic�pteros, dos avisos amea�adores, chegando � conclus�o de que todos ali est�o socando “o vento sem jamais atingi-lo”.
Ou “afiando a faca sem saber onde aplicar o golpe”. Uma mente aguda e iluminada, que dos detritos da civiliza��o percebe ser poss�vel reagir, como o Hant’a da solid�o ruidosa de Bohumil Hrabal. Uma consci�ncia feroz, cr�tica e urgente, cuja linguagem � um espelho que, estilha�ado, produz luminosos cacos de vidro e estrelas, espalhados pela longa mis�ria do Brasil. Um homem pode dizer muitas coisas antes de ser calado para sempre, � o que parece nos dizer o narrador criado por Edimilson para ocupar esse “Front”: um espa�o estritamente necess�rio para a sobreviv�ncia, contagiado pela evoca��o da revolta e pelo duro aprendizado do amor e sua estranha f�ria.
Talvez por isso o foco principal de “Front” n�o esteja nos personagens, mas na linguagem, j� que � atrav�s do v�rus da linguagem que a mudan�a vir�. Os personagens? S�o figuras inst�veis. Os sobreviventes do monturo. S�o aqueles que, insuflados pela voz que se elevou, n�o apreciam mais o “arame farpado em volta do pesco�o” e trazem em si o gatilho da revolta. Em “Front”, a linguagem � a �nica coisa capaz de acion�-lo.
Uma outra l�ngua, “que excede de tanta sede”, sendo erguida contra a mensagem narcotizante dos manuais de usu�rios encontrados no descarte, atrav�s dos quais o narrador anteviu as v�rias identidades que poderia ter, j� que abriu m�o da pr�pria para criar. Linguagem po�tica e insubmissa, a qual o narrador compara com uma bomba, um meio atrav�s do qual atrapalhar a falsa paz das filas. “Front” reacende o compromisso da literatura com a transforma��o social. Uma transforma��o que � tamb�m formal, pois o livro � obra de um estilista disciplinado, que enxerga nas brechas do texto as janelas pelas quais passar os sussurros da nova Hist�ria. E aqui, para deleite da leitora e do leitor, a m�o do poeta afasta o discurso pol�tico das �guas rasas do panflet�rio e exige, como Maiakovski exigiria, uma nova beleza para uma nova sociedade.
E se escrever � fingir com grande distin��o, Edimilson se distingue pela verossimilhan�a da sua revolta, conduzindo o fluxo da voz do narrador at� libert�-la de vez das amarras do tempo-espa�o, rumo � apoteose final. Um livro � altura das exig�ncias de sua �poca, que, de quebra, j� nos leva a conhecer, na ep�grafe, uma romancista absolutamente genial: Simone Schwarz-Bart. Pois Edimilson de Almeida Pereira �, acima de tudo, um grande professor.
* Tadeu Sarmento � autor de
“Associa��o Robert Walser para s�sias an�nimos”, entre outros livros.
Ganhou o 2º Pr�mio Pernambuco de Literatura e o Pr�mio Governo de
Minas Gerais de Literatura de 2016 com “Um carro capota na Lua”,
publicado pela Tercetto. Em 2017, conquistou o 13º Pr�mio Barco a
Vapor com “O cometa � um sol que n�o deu certo”, publicado pela
Edi��es SM. Em 2021, lan�ou “O gato da �rvore dos desejos” (Editora
Edimilson de Almeida Pereira nasceu em Juiz de Fora (MG), em 1963. � poeta, ensa�sta e professor de literatura portuguesa e literaturas africanas de l�ngua portuguesa na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Sua obra inclui publica��es nas �reas de poesia, literatura infantojuvenil e ensaio. Entre os livros de poesia, est�o “Zeos�rio blues” (2002), “Lugares ares” (2003), “Casa da palavra” (2003), “Relva” (2015), “Guelras” (2016), “Qvasi” (2017) e “Poesia +“ (2019).
J� as publica��es voltadas para o p�blico infantojuvenil incluem “Os reizinhos de Congo” (2004) e “O primeiro menino” (2013). Nos ensaios, destaque para “Malungos na escola: quest�es sobre culturas afrodescendentes e educa��o” (2007) e “Entre Orfe(x)u e Exunouveau: An�lise de uma est�tica de base afrodiasp�rica na literatura brasileira”. Em 2020, lan�ou os romances “O ausente” (Relic�rio) e “Front” (N�s), ambos premiados em 2021.
O narrador art�fice e o mergulho na palavra
* “O ausente”
* Edimilson de Almeida Pereira
* Relic�rio Edi��es
* 124 p�ginas
* R$ 45,90
A vida foi e voltou, o c�u escureceu e clareou. Cruzei de ponta-cabe�a a Bocaina e o Cervo, dormi ao relento em Erv�lia, sarei e adoeci em Boa Morte, revivi em Contendas, tive paz no Rio Vermelho. Fiz meu nome, me fizeram uma rara pessoa: Inoc�ncio, o que dispensava o chap�u da fam�lia para ser visto de longe.
(Edimilson de Almeida Pereira, “O ausente”, p. 117)
Escrever a carne, escrever e narrar o que vai noite adentro, consumindo e macerando cada minuto n�o dormido, entre ranger de dentes e olhos semicerrados. O mundo nomeado, classificado em categorias diversas e etiquetado pela palavra se det�m a partir de narrativas como aquela registrada no romance “O ausente” (Relic�rio, 2020), de Edimilson de Almeida Pereira, mineiro nascido em Juiz de Fora, poeta, romancista, pesquisador e professor titular da UFJF.
O livro acaba de obter o segundo lugar no Pr�mio Oceanos 2021, em suas primeiras incurs�es pela prosa ficcional. O intelectual continua a percorrer o caminho liter�rio j� consolidado pela sua s�lida produ��o de poesia.
O p�blico leitor ter� ainda grata surpresa ao entrar em contato com suas publica��es na seara infantojuvenil, que, somadas � incurs�o de Edimilson para o p�blico adulto, resulta em mais de
40 livros publicados.
O trabalho como professor e pesquisador resulta em outra seleta lista de t�tulos dedicados aos seus estudos sobre a comunidade dos Arturos e Irmandades do Ros�rio at� sua numerosa cole��o de livros e artigos referentes �s literaturas brasileira, portuguesa e de �frica. Confiram a p�gina dedicada ao escritor no Portal literafro e a lista que sempre agrega a si mais um livro ou dois, simultaneamente, como � o caso de outro romance publicado no ano de 2020, “Front”, pela Editora N�s (SP).
“Front”, que nos apresenta o narrador-personagem via prosa po�tica de alta qualidade, foi agraciado pelo Pr�mio S�o Paulo de Literatura 2021 como o melhor romance de fic��o. Esse concurso, em sua 14ª edi��o, vem selecionando, desde 2008, “romances em l�ngua portuguesa, originalmente editados e publicados no Brasil”, como nos informa o site.
Retomamos aqui nossa leitura de “O ausente”. Inoc�ncio � o personagem tamb�m conhecido por Inoc e Esse de Agora, que desfia e recomp�e a narrativa como quem cria um ros�rio de diferentes contas. Narrador personagem que nos captura enredo adentro, apresentando similaridade com o Riobaldo de “Grande sert�o: veredas” (1956), com o eu l�rico presente na poesia de Manoel de Barros e tecendo a partir de recortes da po�tica pr�pria de Edimilson de Almeida Pereira. Esta �ltima carater�stica pode ser mais percept�vel ao p�blico j� familiarizado/iniciado com sua poesia.
Se o verso drummondiano advertia que a luta contra as palavras � a mais v�, tanto o narrador personagem em “O ausente” quanto o eu po�tico de sua poesia n�o recusam o desafio de ora enfrentar a correnteza da linguagem, ora deixar-se levar, ora remar/escrever com t�cnico afinco, ora brincar nos deslizes n�o propositais a que somos lan�ados ao nos aventurar na fic��o ou poesia. O romance remete necessariamente ao ato de narrar hist�rias ficcionais fruto da viagem pela linguagem ou, baseando-se em fatos “reais”, reescrever levado por um “e se”, imaginando desfechos outros que para n�s n�o s�o conhecidos/acontecidos.
Divis�o em tr�s partes
A trama est� dividida em tr�s partes – “ausente”, “rumores” e “sempre-viva” – sendo que a primeira e a �ltima se apresentam mais concisas que o “miolo” ou “recheio”, na qual experimentamos nos aproximar daquilo que nos � apresentado pela perspectiva da voz-pensamento de Inoc�ncio. E nos vemos jogando dados numa mesa invis�vel ao tentar acompanhar qual dos tr�s nomes do narrador vem derramando diante de nossos olhos os acontecimentos do Ausente, nome da localidade escolhida por Inoc�ncio e Djanira/Deja para se instalarem de forma mais definitiva no mundo. E nesse mundo habitado/desabitado da linguagem � o modo que nos apresenta a voz narrativa de Inoc�ncio e, ainda, de Deja: voz-pensamento dessa narra��o po�tica, do inconsciente e do mundo on�rico.
Interessa sobremaneira observar a posi��o do corpo de Inoc�ncio/Inoc/Esse de Agora enquanto escutamos/lemos suas falas-escritas: ele est� deitado e sua voz narra sem se valer da garganta – voz-pensamento – e intenta preencher os espa�os do Ausente e das veredas de seu entorno. Essa narra��o se d� justamente quando o corpo da personagem permanece em repouso, tentando recuperar no inconsciente os “rastros-res�duos” de suas perip�cias e desventuras pelos dias e noites vivenciados at� ali, no tempo de narrar. � sempre mais adiante, buscando fugir do semimergulho bem pr�ximo � superf�cie da linguagem e da palavra. A sina da personagem � curar as pessoas pelas palavras, gestuais apreendidos no vazio do tempo. Deja, por sua vez, � professora forjada na lida di�ria com a comunidade e a natureza.
"A narrativa que se inicia e termina sendo narrada a partir de um corpo que permanece na mesma posi��o de repouso. Similaridade a outras narrativas que se valeram do mesmo recurso – hist�ria que sempre retorna ao ponto de partida – aponta para textos como ‘Vidas secas’, de Graciliano Ramos, que veio como exemplo mais v�vido"
Este detalhe, a natureza, � de import�ncia fundamental e necess�ria ao casal de personagens. Tecer aprendizados ao modo de teia ou rizoma, pois n�o se encontram “desligados” de tudo que os cerca. Um miniensaio de utopia embutido no romance � palavra materializada no universo da linguagem: “No quintal, um galo estoura a escurid�o” (PEREIRA, 2020 p. 29); “Ao inv�s de mirar no bicho, testa a pontaria no dicion�rio” (idem, p. 41); “Somos todos arrastados pelas �guas em dire��o ao oco” (idem, p. 64); “Todos os meus parentes escondidos p�em a cara � mostra: um louva-a-deus, um besouro carapa�a de guerra, as formigas e os mais seres com asas e sem asas” (idem, p.109). Os excertos recolhidos ao longo da leitura servem aqui como alguns exemplos desse modo de (re)conex�o com a natureza: gente-bicho-pedra-ar-raio-fogo-�gua, personagens transubstanciadas na fric��o das palavras com seus significados di�rios. N�o se esque�am, n�s nomeamos o mundo.
As vidas das personagens
Para pensar o espa�o ficcional do Ausente e derredores apresentados no enredo, retomo a ep�grafe desse breve texto e recolhida no romance. Criar/come�ar o mundo pela palavra � of�cio vocal, vocacionado? O escritor insufla vida �s suas personagens � medida que s�o descritas, agem ou se acuam. Ao nomear lugares, vilas e cidades pode se escolher, mas nem sempre algo mimetizado do espa�o, da pr�pria localidade. Lembro-me de uma pr�tica de leitura na inf�ncia: buscar nos mapas os locais impressos por tantas est�rias. Depois, apreendemos com a poesia, especialmente, que a exist�ncia f�sica daquelas cidades e vilas n�o precisava ser “real”, pois importava mais o sabor sonoro ao nomear cada uma delas e pr�prio jogo/gesto de registrar/grafar todas as letras das palavras.
A velhice das personagens � notadamente o ponto de partida escolhido pela voz-pensamento de Inoc�ncio, que, com diferenciados esfor�os, parece retirar do subconsciente recorda��es de todo o seu percurso no mundo. Nesse ato de rememorar a si mesmo, as perguntas parecem ser t�o contumazes quanto as respostas que apontam sempre em outra dire��o, rumo �s incertezas de um ros�rio e das contas inexatas, tanto �s de um colar/ros�rio quanto �s somas, multiplica��es, divis�es e subtra��es feitas de cor.
Indagar a si mesmo a partir do mundo, tentando recolher e identificar os fragmentos da vida n�o sonhada, mas aquela que foi vivida. Nessa recolha de imagens, formas, sons e sil�ncios, vai tamb�m deslizando a voz de Inoc e se entremeando � pausa n�o dita pelo Esse de Agora. Qual outro sinal/significado para as rachaduras nas paredes e no ch�o de uma velha casa? Pode ser apenas uma maneira de aplacarmos o espanto diante de nossa n�o percep��o de como e quando aquelas rachaduras foram parar ali...
A narrativa que se inicia e termina sendo narrada a partir de um corpo que permanece na mesma posi��o de repouso. A similaridade a outras narrativas que se valeram do mesmo recurso – hist�ria que sempre retorna ao ponto de partida – aponta para textos como “Vidas secas”, de Graciliano Ramos, que veio como exemplo mais v�vido. No entanto, a circularidade proposta pela narrativa de Edimilson de Almeida Pereira apresenta ao p�blico leitor um corpo pensante e, mesmo em repouso, mergulhado na pr�pria linguagem.
Cabe ainda pensarmos a temporalidade, que, � primeira vista, assim de chofre, � hist�ria ocorrida no intervalo de uma madrugada a outra. Em registro cronol�gico seria equivalente �s 24 horas de romances como “Ulisses”, do irland�s James Joyce, bem como “Os ratos”, do ga�cho Dyon�lio Machado (n�o por coincid�ncia, este �ltimo tem data de publica��o pr�xima ao do j� mencionado romance de Graciliano Ramos).
O que foi modificado naquele mesmo corpo ao longo dos anos n�o se descobre facilmente em rela��o ao que foi transformado internamente para Inoc�ncio/Inoc/Esse de Agora. A pobreza material n�o se compara � riqueza de sensa��es e aprendizados de leitura do mundo e de suas subjetividades. Pelo menos � o que deixa transparecer a voz-pensamento durante alguns pontos da jornada. E nesse ponto se diferencia do arranjo ficcional criado para Riobaldo – poderoso jagun�o e dono de terras – pois aquele que habita o Ausente fia sua hist�ria rememorada em condi��o de rebeldia imaterial, l� no fundo da linguagem, para a qual o narrador-personagem transp�e/transporta as experi�ncias via prosa po�tica, esmiu�ando atr�s dos guardados em antigos ba�s e gavetas, remotas grotas no rec�ndito do esquecimento.
H� que se mencionar o inc�modo de Inoc�ncio que o uso da palavra e da fala por terceiros quando se referem aos seus dons de cura – “Dizem, dizem, dizem” – pois, pelo que se percebe bem na superf�cie da palavra, tudo pode ser fala esvaziada de valor ou sentido, frases ditas apenas no calor do momento, antes e depois da cura dos enfermos.
A escolha feita aqui para nomear a narra��o do romance, a partir de uma voz-pensamento, � no intuito de demarcar diferen�a em rela��o ao conceito de “fluxo de consci�ncia” t�o caro a tantos textos de alta voltagem, como podemos identificar em “O ausente”. A voz-pensamento de Inoc�ncio seria elencada em outra classifica��o: o fluxo das hist�rias busca no subconsciente o fio da meada, os fios da “costura da vida”. E tudo navega rio abaixo, rio acima, nessa cantilena sem m�sica de violas, ritmada, entretanto por cantos de p�ssaros, estrondar de trov�o e �guas nas cachoeiras, ranger de porteira e o sibilar das l�nguas e das serpentes. Especialmente, aquela representada no momento em que consome a si mesma, significando continuidade, talvez at� ao infinito.
* Ad�lcio de Sousa Cruz � professor da Universidade Federal de Vi�osa (UFV)