
Desliza sobre o vasto mundo, em vasta inspira��o, abra�ada por ainda mais vasto cora��o. Uma poesia que atravessa as d�cadas, o s�culo e o mil�nio. Triunfa sobre o tempo: “n�s gritamos: sim! ao eterno”. � assim que neste ano de seu 120º anivers�rio de nascimento, o itabirano Carlos Drummond de Andrade, um dos maiores poetas brasileiros, retorna ao Grupo Editorial Record e ser� tamb�m publicado em algumas edi��es hist�ricas pela Editora Jos� Olympio, duas casas com as quais o autor trabalhou em vida.
Veja tamb�m: Leia posf�cios de Ailton Krenak e Mia Couto para novas edi��es de Drummond
Os primeiros quatro livros escolhidos para abrir a cole��o de 63 obras s�o pilares drummondianos, uma porta de entrada para as novas gera��es de leitores. “Alguma poesia”, o primeiro do autor, publicado em 1930 e embebido na est�tica modernista; “Sentimento do mundo”, escrito em 1940, no contexto da Segunda Guerra Mundial, quando Drummond j� havia deixado Minas e se mudado para o Rio de Janeiro; “Claro enigma”, de 1951, em que ele incorpora formas cl�ssicas de poesia em l�ngua portuguesa; e “Antologia po�tica”, de 1962, no qual Drummond faz o primeiro balan�o de sua obra, selecionando aqueles que considera os poemas mais pertinentes para integrar nove se��es, ou “pontos de partida”: 1) O indiv�duo; 2) A terra natal; 3) A fam�lia; 4) Amigos; 5) O choque social; 6) O conhecimento amoroso; 7) A pr�pria poesia; 8) Exerc�cios l�dicos; 9) Uma vis�o, ou tentativa de, da exist�ncia.
A nova cole��o de Drummond integra um projeto editorial ambicioso e in�dito no pa�s, com ampla converg�ncia da obra impressa e canais digitais acessados por c�digo QR, dispon�vel nas capas das obras, em que o leitor acessar� v�deos e grava��es de leituras pelo pr�prio Drummond, al�m de informa��es detalhadas sobre quest�es levantadas durante o processo de fixa��o dos textos e imagens de edi��es anteriores.
Quem faz o convite � o pr�prio poeta:
“Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terr�vel, que lhe deres:
Trouxeste a chave?”
(“Procura da poesia”, em “Antologia Po�tica”)
Os quatro relan�amentos contemplam cada v�rgula, cada quebra, cada espa�amento, em minucioso trabalho de arqueologia po�tica conduzido pelos especialistas Edm�lson Caminha – que se dedica ao estudo de Drummond h� mais de quatro d�cadas, e o poeta Alexei Bueno. Pela primeira vez, est�o sendo consultadas anota��es do autor em exemplares, al�m de outras fontes da biblioteca pessoal da fam�lia. Tudo para que as novas edi��es tornem os poemas, na medida do poss�vel, fidedignos � exata intencionalidade do autor. Em livros com dezenas de edi��es ao longo de d�cadas, como � o caso das quatro primeiras obras da nova cole��o, s�o frequentes pequenas diferen�as do texto em verso em rela��o a grafias e quebras de linhas. Muitas vezes, esses ajustes foram sugeridos pelo pr�prio Drummond.
Presente em “Antologia po�tica”, o poema “Confid�ncia do itabirano” � exemplo do que ocorre no processo de fixa��o.
“De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofere�o:
esta pedra de ferro, futuro a�o do Brasil;
este S�o Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sof� da sala de visitas;
este orgulho, esta cabe�a baixa...”
Em trabalho de escava��o sobre as muitas camadas da poesia, revisando textos e inclusive uma grava��o do pr�prio autor de 1978, Edm�lson Caminha manteve o verso: “esta pedra de ferro, futuro a�o do Brasil”, que n�o est� presente em algumas edi��es. “� um trabalho de detetive, de arque�logo, feito literalmente com lupa e que revela diversas camadas da poesia de Drummond”, define Edm�lson Caminha.
“Os livros t�m personalidades pr�prias e cada capa tamb�m, essa era a ideia, para que o p�blico que n�o conhece tenha esse sentimento da variedade e riqueza da obra do Drummond”, explica o escritor Rodrigo Lacerda, editor-executivo da Editora Record. Para aproximar Drummond de jovens, os quatro livros trazem posf�cios de leitores cativos do poeta, conhecidos do p�blico em diferentes �reas de atua��o. O escritor mo�ambicano Mia Couto assina o posf�cio de “Claro enigma”; a cantora Z�lia Duncan, o de “Antologia po�tica”; o ativista indigenista e escritor Ailton Krenak escreve para “Sentimento do mundo”; e o estilista Ronaldo Fraga para “Alguma poesia”. Cada qual aborda a faceta do autor com a qual mais se identifica.
Z�lia Duncan assinala a contemporaneidade da poesia, que renasce a cada novo olhar: “A poesia n�o se repete, se reencarna, est� sempre come�ando de novo, a partir de uma nova leitura. Basta abrir as comportas e tudo que � genuinamente po�tico jorra novamente”. Ailton Krenak destaca o estranhamento drummondiano sobre o “modo de operar desse mundo, o homem em choque com a vida”. Ronaldo Fraga v� o autor como aquele “que continua procurando criar pontes entre as suas diferen�as”.
Mia Couto identifica na obra a descri��o do confronto entre o mundo e o ser, ambiguidade assumida por Drummond como equivocada. “As fronteiras que separam a realidade e o humano s�o fluidas e movedi�as. No final das contas, o homem veste-se com a pele do mundo e o mundo s� existe aos olhos do humano. O ferro de Itabira entranhou-se para sempre no ch�o das almas”, afirma Mia Couto, salientando que Drummond busca interlocu��o sobre essa ambiguidade da condi��o humana em gigantes da literatura como Cam�es, Fernando Pessoa, Dante e o poeta lusitano S� de Miranda, que registra: “Entre o doente e o s�o/ mente cada hora a espia; / na meta do meio-dia/ andais entre o lobo e o c�o”. � assim, “Entre o lobo e o c�o”, o t�tulo da primeira se��o de 18 poemas de “Claro Enigma”.
Mia Couto identifica na obra a descri��o do confronto entre o mundo e o ser, ambiguidade assumida por Drummond como equivocada. “As fronteiras que separam a realidade e o humano s�o fluidas e movedi�as. No final das contas, o homem veste-se com a pele do mundo e o mundo s� existe aos olhos do humano. O ferro de Itabira entranhou-se para sempre no ch�o das almas”, afirma Mia Couto, salientando que Drummond busca interlocu��o sobre essa ambiguidade da condi��o humana em gigantes da literatura como Cam�es, Fernando Pessoa, Dante e o poeta lusitano S� de Miranda, que registra: “Entre o doente e o s�o/ mente cada hora a espia; / na meta do meio-dia/ andais entre o lobo e o c�o”. � assim, “Entre o lobo e o c�o”, o t�tulo da primeira se��o de 18 poemas de “Claro Enigma”.
De Itabira para o mundo
Nascido em 1902, Carlos Drummond de Andrade dedica muito de sua obra � sua terra natal, Itabira. Em “Confid�ncia do itabirano”, presente no livro “Sentimento do mundo”, o autor menciona a fotografia na parede que resta da cidade de sua inf�ncia, devastada pela minera��o predat�ria, assim como a casa da fazenda da inf�ncia, que n�o existe mais, submersa por uma represa. Mortos os pais, sem refer�ncias l�ricas de onde veio, restam-lhe saudades e dor:
“Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcion�rio p�blico.
Itabira � apenas uma fotografia na parede.
Mas como d�i!”
Reconhecido como um dos principais poetas da segunda gera��o modernista da d�cada de 1930, Drummond iniciou a sua vida liter�ria com a publica��o de alguns poemas em revistas especializadas, ap�s a Semana de Arte Moderna (1922). Certo da dificuldade de sobreviver da escrita, torna-se funcion�rio p�blico em 1929, carreira burocr�tica que vai ser permeada por extensa, desafiadora e diversa obra, nas palavras de Rodrigo Lacerda: um ecl�tico conjunto de “poesias, contos e cr�nicas, livros com v�rios tons, v�rios climas, poemas mais bem-humorados, poemas mais filos�ficos, mais densos”.
De inclina��o solit�ria ao desencanto, embora tido como “t�mido”, de acentuada veia ir�nica, Carlos Drummond de Andrade era muito falante entre amigos. Entre esses, confidenciava certa avers�o por locais p�blicos, o que talvez explique por que, em seus �ltimos anos, tenha mantido uma vida discreta ao lado da esposa, Dolores Dutra de Morais, tamb�m mineira (da cidade de Mar de Espanha), com quem partilhou 62 anos de cumplicidades e teve dois filhos: Carlos Fl�vio, que viveu apenas 30 minutos – a quem � dedicado o poema “O que viveu meia hora” – e a escritora Maria Julieta Drummond de Andrade (1928-1987).
Ao se casar, em 1949, com o escritor e advogado portenho Manuel Gra�a Etcheverry, com quem teve tr�s filhos – Carlos Manuel, Luis Maur�cio e Pedro Augusto, Maria Julieta se mudou para Buenos Aires, onde lecionou literatura na Universidade de Buenos Aires e foi diretora do Centro de Estudos Brasileiros. Ela faleceu aos 59 anos, v�tima de um c�ncer, em 1987. Devastado, Drummond morreu 12 dias depois, de infarto.
Ao se casar, em 1949, com o escritor e advogado portenho Manuel Gra�a Etcheverry, com quem teve tr�s filhos – Carlos Manuel, Luis Maur�cio e Pedro Augusto, Maria Julieta se mudou para Buenos Aires, onde lecionou literatura na Universidade de Buenos Aires e foi diretora do Centro de Estudos Brasileiros. Ela faleceu aos 59 anos, v�tima de um c�ncer, em 1987. Devastado, Drummond morreu 12 dias depois, de infarto.
A obra drummondiana apresenta quatro fases marcantes indicadas por estudiosos. Na fase gauche ou fase do “eu maior que o mundo” (1930-1940), o humor e a ironia s�o caracter�sticas que se somam ao isolamento e ao individualismo. Presente em “Alguma poesia” e em “Antologia po�tica”, “Poema de sete faces”, foi escrito em 1930 e � um dos mais populares, no qual o autor se declara um homem de esquerda: “Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida”. Uma de suas estrofes mais conhecidas:
“Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu n�o era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, n�o seria uma solu��o.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto � meu cora��o. “
Marcada por uma poesia engajada com os problemas sociais e no contexto de seu ativismo no conturbado per�odo da Segunda Guerra Mundial e na ditatura de Get�lio Vargas, a segunda fase da obra de Drummond � chamada social ou fase do “eu menor que o mundo” (1940-1945). Nessa se insere o livro “Sentimento do mundo”. Em uma estrofe do poema “Os ombros suportam o mundo”, Drummond desabafa:
“Chega um tempo em que n�o se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depura��o.
Tempo em que n�o se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou in�til.
E os olhos n�o choram.
E as m�os tecem apenas o rude trabalho.
E o cora��o est� seco.”
A terceira fase da obra de Drummond � a do n�o ou fase do “eu igual ao mundo" (1950-1962), constitu�da por uma poesia mais metaf�sica, reflexiva e pessimista. O poeta sofre o desencanto que o afasta do engajamento social, abordando temas como morte e vida, inf�ncia e velhice, amor e tempo. “Claro enigma” se enquadra nessa vertente, que traz poemas como “Cantiga de enganar”:
“O mundo n�o vale o mundo, meu bem.
Eu plantei um p�-de-sono,
brotaram vinte roseiras.
Se me cortei nelas todas
e se todas se tingiram
de um vago sangue jorrado
ao capricho dos espinhos,
n�o foi culpa de ningu�m.
O mundo,
meu bem,
n�o vale
a pena, e a face serena
vale a face torturada.
H� muito aprendi a rir,
de qu�? De mim? Ou de nada?
O mundo, valer n�o vale.”
A �ltima fase da obra de Drummond � a da mem�ria (1970-1980), que compreende o per�odo de lembran�as da inf�ncia na cidade natal, al�m de reflex�es universais sobre o tempo e a mem�ria. A principal obra dessa fase “Boitempo” (1973) e est� programada para ser relan�ada pela Record, assim como todo o conjunto da obra nos pr�ximos seis anos, ao ritmo m�dio de oito volumes ao ano, segundo informa o editor-executivo, Rodrigo Lacerda.
Amiga pessoal de uma vida, acostumada a ser chamada de “musa de Carlos Drummond de Andrade”, a grande poeta Olga Savary (1933- 2020) definia o amigo como um “inquieto tranquilo”, de conforma��o fr�gil por fora, mas “bicho de concha, caramujo” por dentro, “um homem que sabia o que queria, um poeta senhor do seu of�cio, a direcion�-lo para onde bem entendia, r�deas na m�o”, descreve ela em entrevista � revista L�ngua e Literatura, vinculada � Faculdade de Filosofia, Letras e Ci�ncias Humanas (FFLCH) da Universidade de S�o Paulo (USP), edi��o 1987-1988, publicada ap�s a morte do amigo.
A Drummond, Olga dedicou o livro “Altaonda” – em celta, drum significa “alta” e ond, “onda” – em que tais peculiaridades de sua personalidade s�o ressaltadas em seu retrato “de raro sal de ferro, violento”, em que o “rigor da ordem” se instala sob o “ardor da chama”, um homem de “hist�ria simples com alguma coisa de fatal”, ao mesmo tempo em permanente inspira��o, uma “est�tua banhada por �guas incans�veis”.
De muitos e tumultuosos sil�ncios, Carlos Drummond de Andrade costumava retrucar quando solicitado a comentar sobre a sua obra ou acontecimentos do mundo: “N�o me perguntem nada; est� tudo dito l�, nos poemas que escrevi, nos meus livros”. Este � o permanente convite: reviver o poeta, do eterno sentimento do mundo, que se coloca as mesmas profundas e atormentadas perguntas que pairam sobre a condi��o humana.
ENTREVISTA
Pedro Drummond, neto de Carlos Drummond de Andrade
“Trabalhar com a obra � uma forma de atenuar a saudade”
O que os fez decidir pela volta � Record, ap�s deixar a Companhia das Letras?
A volta da obra de Carlos � Editora Record � uma forma de retomar os passos que ele mesmo deu em 1984. Trata-se da maior editora brasileira, com um time de excelentes profissionais, que, al�m de muito receptivos a novas ideias, conhecem como poucos o mercado editorial e est�o antenad�ssimos com os atuais meios de comunica��o digital. Mas h� um fator muito importante que facilitou a reaproxima��o entre n�s: a amizade e o respeito que unem nossas fam�lias desde o tempo dos saudosos Alfredo e Sergio Machado.
Como Drummond pode ser lido pelas novas gera��es?
Com a mesma emo��o que sua obra sempre causou em seus leitores. Se h� alguma diferen�a, estar� na forma de transmitir essa emo��o liter�ria: hoje, as novas edi��es podem contar com v�rios canais de intera��o que antes n�o existiam. Os novos leitores poder�o complementar a leitura do livro atrav�s de c�digos QR, com informa��es atualizadas em canais digitais, tais como as quest�es levantadas durante a fixa��o dos textos, imagens de edi��es anteriores, grava��es, v�deos etc., e a possibilidade de compartilhar esse conte�do. E todo esse trabalho � orientado por um motivado conselho editorial.
Como a fam�lia avalia a escolha dos primeiros t�tulos reeditados?
Achamos que a equipe da Record est� realizando um excelente trabalho de an�lise das condi��es do mercado e, naturalmente, estamos contentes pelo rumo que est� sendo tomado.
Haver� textos ou antologias in�ditas?
Entre as novidades que a Editora Record est� programando, temos o projeto da edi��o de colet�neas tem�ticas das cr�nicas publicadas originalmente no Correio da Manh� e no Jornal do Brasil entre 1954 e 1984, abordando temas atuais, como a luta para preservar o meio ambiente, a democracia, o cinema, a arte... H� bastante trabalho pela frente. Estamos dando continuidade ao que o pr�prio Carlos fazia quando montava seus livros com textos que tinha publicado nos jornais.
O que � mais marcante na mem�ria afetiva que voc�s t�m do av�?
Sobre as lembran�as que Carlos nos deixou, n�o h� uma que seja mais marcante do que a outra. Cada dia posso recordar de algo que, naturalmente, me comove. Vivo com saudade de toda a minha fam�lia. S� sobramos meu irm�o Luis Mauricio e eu. Se n�o fosse por meu filho Miguel, fruto de meu relacionamento com a jornalista itabirana Joziane Vieira, minha fam�lia poderia estar em vias de extin��o. Trabalhar com a obra de Carlos � uma forma de atenuar a saudade. Por isso sou muito grato a todos aqueles que colaboram conosco.
Em que idade leu pela primeira vez Carlos Drummond de Andrade?
Desde a minha inf�ncia, Carlos nos escrevia cartas que mam�e nos lia. Depois, pelo que me lembro, comecei a ler sua obra com mais regularidade quando comecei a apreciar poesia, entre 12 e 13 anos de idade. Tive a sorte de ter pais que sempre nos estimularam a ler.
Como era o relacionamento com o av�? Convivinham muito?
Nosso relacionamento era muito bom, com afeto e bom humor, como costumam ser os av�s com seus netos. Durante toda a minha inf�ncia passamos os ver�es com vov� e Carlos. Com minha mudan�a para o Brasil, em 1980, passei a estar mais perto de meus av�s e a conviver eles at� o fim de suas vidas.
ENTREVISTA
Rodrigo Lacerda, editor-executivo da Editora Record
“Queremos atrair os jovens leitores”
Como foi o processo de escolha dessas quatro obras para o relan�amento da cole��o de Carlos Drummond de Andrade?
Constitu�mos um conselho editorial formado pelos titulares da obra, os dois netos do Drummond – o Lu�s Maur�cio e o Pedro –, a Sonia Machado e a Roberta Machado, donas da Editora Record, o Edmilson Caminha, que � o fixador de textos de tr�s desses livros – “Alguma poesia”, “O sentimento humano” e “Claro enigma”. O “Antologia po�tica” foi fixado pelo Alexei Bueno, poeta cariosa. Eu, como editor do selo Record, e a L�via Viana, editora do selo Jos� Olympio. Porque a ideia � que a volta do Drummond para a Record seja tamb�m a volta para a Jos� Olympio, que foi editora muito importante na carreira dele. Ent�o, a Record far� edi��es regulares da obra dele e alguns livros ser�o publicados pela Jos� Olympio em edi��es hist�ricas, com material fac-s�mile, fotos, coisas desse g�nero.
Drummond tem muitos livros que se pode dizer s�o pilares da obra dele. N�o d� pra trazer todos de uma vez. Mas esse conjunto � uma porta de entrada muito boa, com livros que marcam tr�s fases do Drummond – “Alguma poesia”, “Sentimento do mundo” e “Claro Enigma”, e a �ltima obra, a “Antologia po�tica”, que � o primeiro balan�o dos primeiros 30 anos de carreira. Ent�o, esse conjunto de quatro livros oferece v�rios caminhos para o leitor entrar na obra do autor. A ideia era essa, demonstrar de sa�da a riqueza da obra dele. A gente ainda tem pela frente “Rosa do Povo”, “Fazendeiro do ar”, “As impurezas do branco”, tem muita coisa pela frente.
Drummond tem muitos livros que se pode dizer s�o pilares da obra dele. N�o d� pra trazer todos de uma vez. Mas esse conjunto � uma porta de entrada muito boa, com livros que marcam tr�s fases do Drummond – “Alguma poesia”, “Sentimento do mundo” e “Claro Enigma”, e a �ltima obra, a “Antologia po�tica”, que � o primeiro balan�o dos primeiros 30 anos de carreira. Ent�o, esse conjunto de quatro livros oferece v�rios caminhos para o leitor entrar na obra do autor. A ideia era essa, demonstrar de sa�da a riqueza da obra dele. A gente ainda tem pela frente “Rosa do Povo”, “Fazendeiro do ar”, “As impurezas do branco”, tem muita coisa pela frente.
Com que regularidade v�o ser publicados os novos lan�amentos?
Temos novos lan�amentos previstos em julho e depois vamos lan�ar os livros finais do ano de 2022 na data do anivers�rio de Drummond, em outubro. A gente planeja lan�ar de oito a 10 livros por ano, nos primeiros seis anos. A obra dele tem 63 livros, entre cr�nicas, infantis, livros de poesia e tem contos tamb�m. Depois, outros projetos podem surgir, pois tem sempre gente escrevendo sobre Drummond. N�s podemos ter ideia de antologias de outro perfil. Coisas in�ditas que est�o aparecendo, pelo menos em livros, em muitos casos. Ent�o, esses 63 podem virar mais.
Qual � a import�ncia de Drummond no contexto da literatura brasileira?
Na segunda metade do s�culo 20, talvez ele seja o poeta mais importante. O que acho muito bonito na obra de Drummond � a imensa variedade. Essa riqueza. Voc� tem muitos Drummonds, isso n�o � necessariamente verdade em rela��o a outros poetas. Ent�o, Drummond tem uma sensibilidade muito male�vel, em que ele usava todos os recursos, ent�o me parece que isso � o grande diferencial dele.
Drummond trata tem�ticas que s�o muito de Minas Gerais, mas ao mesmo tempo s�o tem�ticas universais – o mineiro sente de perto principalmente a quest�o da explora��o do min�rio –, mas a intera��o do homem com a natureza, esse relacionamento, � uma quest�o muito universal. Como Drummond evolui no tempo?
Na quest�o da explora��o dos recursos naturais do planeta, Drummond � absolutamente contempor�neo. Alguns poemas parece que escreveu ontem. Por isso, para o livro “Sentimento do mundo” chamamos para escrever o posf�cio o Ailton Krenak. � um bom exemplo de como certos poemas se ressignificam ao longo do tempo. Com uma cr�nica e um poder ultrajovem, uma s�rie de temas da sociedade contempor�nea, o feminismo. Tem mil caminhos, mil interpreta��es novas. E uma obra muito aberta. � totalmente atual.
� a primeira vez no Brasil que a Record adota essa abordagem de m�ltiplas converg�ncias entre o livro impresso e canais virtuais para um autor brasileiro?
Nosso prop�sito � atrair o p�blico jovem, que ainda n�o conhece Drummond. Cada obra traz posf�cios de leitores ilustres, �ndices de primeiros versos dos livros de poemas, que � algo mais tradicional, uma cronologia que contextualiza os principais fatos liter�rios e pol�ticos do Brasil e do mundo tr�s anos antes e tr�s depois da publica��o de cada obra. E na capa do livro vamos ter um c�digo QR que vai levar o leitor ao ambiente digital, onde vai encontrar bibliografia sobre Drummond mais completa do que tem no livro impresso, vai encontrar uma cronologia de vida e obra completa, do nascimento � morte, e vai encontrar um registro das variantes encontradas na fixa��o dos textos.
Como o ambiente digital � m�vel, podemos ter trabalho constante de atualiza��o; cada livro novo que publicarmos de Drummond vai entrar na bibliografia sobre ele. Temos planos de colocar material de �udio, Drummond lendo os seus poemas, ou material audiovisual com outras pessoas lendo poemas do Drummond. Ent�o, esse ambiente digital vai ser algo interativo que complementa o material do livro impresso de v�rias formas. S�o v�rias estrat�gias para atrair todo tipo de p�blico para a obra dele.
Como o ambiente digital � m�vel, podemos ter trabalho constante de atualiza��o; cada livro novo que publicarmos de Drummond vai entrar na bibliografia sobre ele. Temos planos de colocar material de �udio, Drummond lendo os seus poemas, ou material audiovisual com outras pessoas lendo poemas do Drummond. Ent�o, esse ambiente digital vai ser algo interativo que complementa o material do livro impresso de v�rias formas. S�o v�rias estrat�gias para atrair todo tipo de p�blico para a obra dele.

“Claro enigma”
• Carlos Drummond de Andrade
• Posf�cio Mia Couto
• Record
• 100 p�ginas
• R$ 44,90
“Antologia Po�tica”
• Carlos Drummond de Andrade
• Posf�cio de Z�lia Duncan
• Record
• 368 p�ginas
• R$ 4,90
“Alguma poesia”
• Carlos Drummond de Andrade
• Posf�cio de Ronaldo Fraga
• Editora Record
• 128 p�ginas
• R$ 49,90

“Sentimento do mundo”
• Carlos Drummond de Andrade
• Posf�cio de Ailton Krenak
• Editora Record
• 96 p�ginas
• R$ 44,90