
A presidente Dilma Rousseff (PT) disse nessa ter�a-feira (25), em entrevista a uma r�dio paulista, que n�o pode garantir um 2016 “maravilhoso” para o Brasil. Na segunda-feira, ela j� havia reconhecido que demorou para perceber que a situa��o econ�mica do pa�s era mais grave do que imaginava. No mesmo dia, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, um dos homens de confian�a da petista, anunciou corte de minist�rios. Dilma abaixou o tom e mudou o discurso. E as �ltimas declara��es da presidente a distanciam cada vez mais da candidata que, durante a campanha eleitoral, afirmou com convic��o que o pa�s n�o passava por crise de tamanha dimens�o, que a redu��o de minist�rios era “lorota” e que n�o aumentaria tarifas ou mexeria em direitos trabalhistas.
A posi��o da presidente sobre a crise era bem diferente em mar�o deste ano. “O Brasil passa por um momento dif�cil, mais dif�cil do que tivemos em anos recentes, mas nem de longe estamos vivendo uma crise das dimens�es que alguns dizem que estamos vivendo”, disse, num evento em S�o Paulo, quando minimizou os problemas na economia.
Ao justificar a mudan�a de opini�o, Dilma ressaltou que as dificuldades s� ficaram mais claras entre novembro e dezembro, depois da reelei��o, o que a fez demorar para perceber a gravidade da crise. “Fico pensando o que � que podia ser que eu errei. Em ter demorado tanto para perceber que a situa��o podia ser mais grave do que imagin�vamos. E, portanto, talvez tiv�ssemos de ter come�ado a fazer uma inflex�o antes”, afirmou na segunda-feira.
As formas que a presidente tem escolhido para enfrentar a crise econ�mica tamb�m se distanciam das propostas que ela defendeu durante as elei��es. O pacote de ajuste fiscal, tratado agora como um ato de “coragem”, mexe em direitos trabalhistas como seguro-desemprego, abono salarial e aux�lio-doen�a. Durante a campanha, Dilma afirmou que n�o mudaria direitos na legisla��o trabalhista “nem que a vaca tossisse”. A petista tamb�m chegou a tratar como “lorota” a possibilidade de reduzir minist�rios, assim como o represamento do aumento das tarifas.
'IRRESPONSABILIDADE' Para o senador A�cio Neves (PSDB), o discurso adotado na campanha petista tinha fins eleitoreiros. “A a��o do governo n�o foi de desconhecimento, foi de irresponsabilidade porque optou por vencer as elei��es mesmo sabendo da gravidade da situa��o”, afirmou o senador. "A verdade � que a presidente estabeleceu a mentira como m�todo. Foi assim que ela se conduziu durante toda a campanha eleitoral, e infelizmente, continua se conduzindo assim”, disse. (Com ag�ncias)
O vaiv�m da ret�rica
CRISE ECON�MICA
Mar�o de 2015
"O Brasil passa por um momento mais dif�cil que em anos recentes, mas nem de longe uma crise das dimens�es que dizem que estamos vivendo."
Nessa ter�a-feira
"Espero uma situa��o melhor, n�o tem como garantir que 2016 v� ser maravilhosa.”
Na �ltima segunda-feira
“Fico pensando o que � que errei. Em ter demorado tanto para perceber que a situa��o podia ser mais grave do que imagin�vamos. E, portanto, talvez tiv�ssemos come�ado a fazer uma inflex�o antes.”
REDU��O DOS MINIST�RIOS
julho de 2014
Dilma disse que a redu��o era “lorota”, pois n�o trazia “economia real” aos cofres p�blicos. “N�o tiro o Minist�rio da Micro e Pequena Empresas nem que a vaca tussa”, disse. “Pesca n�o saiu do ch�o ainda. Ela vai decolar”.
na �ltima segunda-feira
“At� o fim de setembro apresentaremos uma reforma administrativa. A redu��o de 10 minist�rios � a meta”, afirmou o ministro Nelson Barbosa.
DIREITOS TRABALHISTAS
setembro de 2014
“Eu n�o mudo direitos na legisla��o trabalhista. O que podemos fazer, no caso da lei do menor aprendiz, foram adapta��es”, disse Dilma. “Agora, lei de f�rias, 13º, fundo de garantia, hora-extra, isso n�o mudo nem que a vaca tussa”, completou.
abril de 2015
“A crise significou um conjunto de medidas, mas tamb�m � importante afirmar que mantivemos direitos trabalhistas, direitos previdenci�rios e pol�ticas sociais. Mas propusemos ao congresso algumas corre��es nas pol�ticas de seguridade social para evitar distor��es e excessos, n�o para tirar direitos.”
AUMENTO DE TARIFAS
novembro de 2014
“Onde � que est� o tarifa�o? Ele j� aconteceu! Essa hist�ria de que represamos (tarifas) � lorota. Ao longo do ano inteiro houve pagamento pelo uso de (usinas) t�rmicas. O governo suavizou um pouco para n�o ser aquele impacto.”
No �ltimo dia 11
“� verdade, sem sombra de d�vida, que as contas de luz aumentaram e, por isso, lastimamos. Mas elas aumentaram justamente porque, diante da falta de energia para sustentar a exist�ncia de luz, tivemos de usar as termel�tricas e por isso pagar bem mais do que pagamos se houvesse apenas energia hidrel�trica no nosso sistema.”
ENFRENTAMENTO DA CRISE
julho de 2014
“O que acho que fizemos certo foi impedir que o tradicional efeito da crise, que � desempregar, arrochar sal�rio e fazer com que a popula��o pagasse o pato da crise. Impedimos que isso acontecesse. Minimizamos os efeitos da crise sobre a economia brasileira.”
junho de 2015
“N�s temos agora (...) de sustentar toda uma pol�tica contra a crise; temos de fazer uma escolha: ajustar o mais r�pido poss�vel a economia para voltarmos a crescer.”
INFLA��O
julho de 2014
“Usam dois pesos e duas medidas para julgar meu governo. Ela (a infla��o) n�o est� descontrolada. Ela est� no teto da banda (o centro da meta � de 4,5%; o teto da banda, de 6,5%). Vamos ficar nesse teto da banda.”
Na �ltima segunda-feira
“N�s nos preocupamos imensamente com as duas coisas. Primeiro � a queda no emprego. Segundo � a infla��o.”