
"Queria entender por que o governador demonstra tanto �dio pela popula��o de BH, que � t�o mineira quanto os outros mineiros. Esse �dio seria fomentado pelas ratazanas da politicagem? Pelos parasitas da pandemia, que s� querem auferir ganhos pol�ticos �s custas do sofrimento alheio?", ponderou Machado Pinto � CNN, mesmo canal em que Zema comentou a condu��o da virose pela PBH.
"Queria saber por que ele n�o nos deixa trabalhar em paz. Queria conclamar o governador a olhar para o belo-horizontino do jeito que ele tem dito que olha para o resto do estado", questionou.
Apoio 'irris�rio'
De acordo com o gestor municipal, ao contr�rio do que afirmou o governador, a prefeitura expandiu os leitos de UTI da cidade a despeito da falta de suporte o estado. N�meros citados por Machado Pinto apontam que os leitos municipais de terapia intensiva saltaram de 82 para 331. "Isso � um aumento maior que 400%", observou.
O dirigente mencionou ainda o repasse de equipamentos de respira��o e ventila��o pulmonar pelo governo estadual. "Queria dizer que o governador disse que comprou mais de mil respiradores. BH recebeu, destes, apenas 27 – e todos foram para o Hospital Eduardo de Menezes (que pertence � FHEMIG - Funda��o Hospitalar do Estado de Minas Gerais, �rg�o vinculado ao governo de Minas). Nenhum outro hospital recebeu sequer um respirador ou ventilador do governo do estado", argumentou.
Na avalia��o de Machado Pinto, os repasses da gest�o Zema ao munic�pio foram incipientes, an�lise calcada na compara��o com a ajuda concedida pelo governo federal no mesmo per�odo. "Do ponto de vista financeiro, BH recebeu R$ 168 milh�es do Minist�rio da Sa�de. J� do governo do estado, recebeu a irris�ria quantia de R$ 686,6 mil. Ent�o, tudo o que Belo Horizonte conseguiu at� agora foi sem ajuda do governo do estado", concluiu.
Na ocasi�o, o secret�rio esclareceu ainda a estrat�gia da prefeitura para deliberar sobre o funcionamento do com�rcio na capital, que n�o aderiu ao Programa Minas Consciente - protocolos sanit�rios de flexibiliza��o lan�ados por Zema em 30 de abril. Segundo Machado Pinto, as decis�es do prefeitos s�o embasadas por crit�rios estabelecidos pela Universidade de Harvard, que recomenda a intermit�ncia das atividades, de acordo com a curva de crescimento das infec��es.
O gestor admitiu que h� risco de colapso no sistema de sa�de da cidade, que atingiu 87% de ocupa��o dos leitos de CTI nesta semana, �ndice recorde desde o in�cio da pandemia. "Desde que n�o tomemos as medidas", refletiu.
Cr�ticas de Zema
Para o governador Romeu Zema, a situa��o demonstrada no �ltimo boletim epidemiol�gico da capital - lota��o de 87% das vagas de UTI e de 71% dos leitos cl�nicos - � consequ�ncia da falta de investimentos do munic�pio em novos leitos.
"Uma prefeitura rica como a de BH n�o fez o papel que era esperado. (...) A cidade de Belo Horizonte, at� este momento, n�o conseguiu adicionar nenhum leito de UTI. O estado tem leitos, mas a capital, n�o", comparou.
Outra quest�o levantada por Zema � que o prefeito Alexandre Kalil teria recebido alertas sobre a crise na rede de sa�de. Para o mandat�rio de Minas, a situa��o est� sendo melhor administrada em munic�pios que aderiram ao Minas Consciente.
"N�s temos aqui, o nosso programa Minas Consciente, que orienta n�o s� as prefeituras, mas os cidad�os e os empres�rios. Dividimos o estado em 14 regi�es, onde consideramos o n�mero de leitos e o n�vel de contamina��o durante a pandemia. Sempre houve um di�logo franco e aberto. Alguns prefeitos, que adeririam ao programa, est�o tendo um desempenho muito melhor. E aqueles que n�o (caso de Belo Horizonte), acabam enfrentando dificuldades", relatou.
COVID-19 em Minas
Zema e Kalil, que pavimentam eventuais candidaturas ao governo de Minas em 2022, decidiram recuar do processo de flexibiliza��o do com�rcio diante da velocidade do avan�o da COVID-19 no estado, que j� acumula 1.059 �bitos pela doen�a segundo dados da Secretaria de Estado de Sa�de (SES-MG) divulgados nesta quinta.
Entre a primeira e a cent�sima morte, o intervalo foi 38 de dias. A marca de 200 mortos foi batida 15 dias depois. Entre a 300ª e 400ª v�tima, o espa�o foi uma semana. Do 800° para o 900° morto, o tempo transcorrido foi de apenas 4 dias. A taxa de ocupa��o de leitos de UTI em Minas est� em 88%.
Os dois pol�ticos foram alertados por pesquisadores de universidades mineiras desde abril sobre os riscos da retomada da economia no momento em que a curva de infec��es pela COVID-19 no estado e no Brasil ainda � considerada ascendente.
Um dos primeiros apelos p�blicos foi feito em 20 de abril, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, pelo Comit� Permanente de Acompanhamento das A��es de Preven��o e Enfrentamento do Novo Coronav�rus da UFMG. Na ocasi�o, a presidente do grupo, Cristina Alvim, apresentou um estudo cuja conclus�o era de que a reabertura do com�rcio era prematura diante do baix�ssimo �ndice de testagem do estado - 155 por 100 mil habitantes, o menor do pa�s, segundo dados da SES-MG. "Se n�o detectamos precocemente a transmiss�o, quando notarmos o efeito da doen�a na ocupa��o de leitos hospitalares, j� haver� um enorme n�mero de pessoas infectadas", disse a m�dica na �poca.