
As mensagens refor�am ind�cios de que, embora negue, Wassef atuava de forma efetiva na prote��o e abrigo de Queiroz e familiares. Segundo as investiga��es, "Anjo" � o codinome de Wassef, que defendeu o senador Fl�vio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no processo que apura o esquema de "rachadinha" na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). M�rcia est� foragida desde o dia 18, quando a Justi�a do Rio determinou a pris�o dela e de Queiroz. Ele foi detido em uma casa de Atibaia (SP) que funcionava como escrit�rio de Wassef e enviado para o pres�dio Bangu 8. O advogado deixou a defesa do senador ap�s a pris�o do ex-assessor de Fl�vio.
Nas conversas obtidas pelo MP, M�rcia assume que poderia fugir caso tivesse a pris�o decretada. "A gente n�o pode mais viver sendo marionete do Anjo. 'Ah, voc� tem que ficar aqui, tem que trazer a fam�lia'. Esquece, cara. Deixa a gente viver nossa vida. Qual o problema? V�o matar? Ningu�m vai matar ningu�m. Se fosse pra matar, j� tinham pego um filho meu aqui", diz M�rcia, em mensagem enviada a Fl�via no fim do ano passado. O MP teve acesso ao material em dezembro, quando foram cumpridos mandados de busca em endere�os ligados a Queiroz e um celular da ex-assessora foi apreendido.
Os planos de Wassef, segundo os di�logos apreendidos, inclu�am alugar uma casa em S�o Paulo para abrigar toda a fam�lia de Queiroz. Naquele momento, o Supremo Tribunal Federal (STF) estava prestes a autorizar a retomada da investiga��o sobre as rachadinhas (apropria��o de parte dos sal�rios dos servidores) no antigo gabinete de Fl�vio, ent�o paralisada devido � discuss�o sobre o uso de informa��es do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). As conversas mostram que M�rcia e Ana Fl�via, que passou seis meses com Queiroz em Atibaia enquanto trabalhava no escrit�rio, achavam a ideia ruim.
Com o passar dos dias, os �udios enviados por M�rcia � amiga eram cada vez maiores e mais frequentes. Em algum deles, M�rcia alternava choro com relatos sobre como a situa��o mexia com sua sa�de f�sica e emocional. "Sei que tamb�m t� acabando com a (sa�de) dele (Queiroz)". Em outra mensagem, a conversa revela que o ex-assessor de Fl�vio tamb�m n�o concordava com os planos de Wassef.
Segundo a advogada, Queiroz disse isso ao advogado, mas Wassef insistia no plano de esconder a fam�lia. "Ele (Queiroz) n�o quer ficar mais a�, n�o", diz M�rcia, antes de ponderar: "Ele (Anjo) vai fazer terror, n�?" Quando Wassef passava uns dias em Atibaia, Ana Fl�via tomava cuidado ao falar com M�rcia. A fim de evitar que o chefe ouvisse a conversa, ela ia para o quintal.
Aos poucos, enquanto as duas demonstravam inc�modo com a situa��o, tamb�m come�avam a questionar a efic�cia da estrat�gia do defensor. "O Anjo tem ideias boas, sim, mas na pr�tica a gente sabe que n�o � igual �s mil maravilhas que ele fala", comenta Ana Fl�via. A advogada diz que havia conversado at� com a mulher de Wassef na tentativa de frustrar a ideia de alugar uma casa para abrigar a fam�lia Queiroz em S�o Paulo.
M�rcia revela, nos �udios, achar que o marido estava no "limite" e temia que o estado emocional dele prejudicasse o tratamento do c�ncer. Segundo a ex-assessora, Queiroz mantinha a compostura em Atibaia, mas, quando ia para o Rio, despejava toda a carga sobre ela. "Chega a ser insuport�vel a conviv�ncia com ele", diz. "Estou vendo que ele est� no limite dele".
Essa preocupa��o levava M�rcia a evitar se lamentar na presen�a do marido. � not�ria a diferen�a entre as mensagens enviadas ao companheiro e a Ana Fl�via. Enquanto para a advogada chegavam �udios e textos grandes, as conversas com o marido se limitavam a informa��es pragm�ticas ou, no m�ximo, coment�rios sucintos, como ao dizer que achava "exagero" morar em S�o Paulo.
Os di�logos entre M�rcia e Queiroz costumavam se dar mais no campo da descontra��o. Ele enviava, por exemplo, fotos de churrasco, pizza e o que mais estivesse comendo. M�rcia revela, nas mensagens trocadas com a amiga, se preocupar com a alimenta��o do marido. Segundo ela, Queiroz n�o sabe fazer comida saud�vel e se alimenta de "besteiras".
Enquanto a defesa de M�rcia e de Queiroz afirma que n�o trabalha com a hip�tese de dela��o premiada, interlocutores da fam�lia sondaram escrit�rios de advocacia do Rio que trabalham com o instrumento nos �ltimos dias. O Estad�o apurou que um advogado que j� defendeu clientes famosos foi sondado, mas disse que n�o trabalhava com dela��o. Outros escrit�rios foram procurados.
Procurada, Ana Fl�via, que n�o � investigada no caso, disse que n�o vai comentar. Tamb�m afirmou que n�o tem nada a ver com o processo, j� que apenas trabalhava no escrit�rio de Wassef. Fl�vio Bolsonaro e Wassef n�o responderam at� a conclus�o desta edi��o. Em outras ocasi�es, o advogado negou que o apelido "Anjo" se refere a ele e disse que o abrigo a Queiroz em seu im�vel teve car�ter "humanit�rio". As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.