O presidente Jair Bolsonaro abriu a maior crise de um governo com as For�as Armadas nos �ltimos 50 anos. Depois de demitir o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo, o chefe do Executivo determinou que os comandantes das FAs deixassem as fun��es.
No Ex�rcito, sai do cargo Edson Pujol; na Marinha, Ilques Barbosa; e na Aeron�utica, Ant�nio Carlos Moretti Bermudez. A expectativa � de que os novos ocupantes dos cargos sejam definidos ainda nesta semana, podendo a decis�o sair hoje, ap�s indica��o do oficialato de cada uma das tr�s institui��es.
No Ex�rcito, sai do cargo Edson Pujol; na Marinha, Ilques Barbosa; e na Aeron�utica, Ant�nio Carlos Moretti Bermudez. A expectativa � de que os novos ocupantes dos cargos sejam definidos ainda nesta semana, podendo a decis�o sair hoje, ap�s indica��o do oficialato de cada uma das tr�s institui��es.
A demiss�o dos comandantes foi comunicada em reuni�o na manh� de ontem, com presen�a do novo ministro da Defesa, Braga Netto; do ex-ministro Fernando Azevedo; e dos comandantes das For�as. De acordo com fontes militares, a reuni�o foi tensa, com momentos acalorados e tapas na mesa. Todos veem o ato de Bolsonaro como uma tentativa de interven��o nas For�as Armadas.
De acordo com fontes, Braga Netto j� chegou � reuni�o com a ordem expressa de Bolsonaro para trocar os comandos — o que poderia ocorrer imediatamente ou de maneira escalonada, com per�odo de transi��o. Os militares se negaram a aceitar qualquer determina��o do chefe do Planalto. A decis�o foi vista como um desrespeito �s FAs, que n�o aceitaram fazer parte de uma jogada pol�tica do Executivo, cujo principal foco seria usar as institui��es contra governadores e prefeitos que adotaram medidas restritivas para conter a covid-19.
Mesmo com a sa�da dos comandantes, a possibilidade de politiza��o das For�as Armadas � descartada por fontes nas institui��es. “A avalia��o � de que os generais devem deixar o recado claro ao governo de que nenhuma das tr�s For�as vai apoiar ou se aventurar em medidas autorit�rias e que as inten��es do presidente n�o ter�o sucesso, caso ele insista. Isso jamais ocorrer�. Nenhum general de ontem, hoje e sempre permitir� isso”, disse um general, ouvido sob a condi��o de anonimato.
Outro oficial, do Alto Comando, afirmou que a troca do ministro da Defesa � comum, mas que efetiv�-la antes do fim do mandato � visto como um ato de hostilidade e desrespeito. De qualquer forma, ele destacou que as institui��es devem manter a independ�ncia. “Trocar ministro � normal. Bolsonaro tem essa prerrogativa. Ministro n�o tem carreira s�lida”, defendeu o militar. “� dif�cil haver interfer�ncia nas For�as Armadas, porque, para comandar, a pessoa tem de ter uma carreira brilhante. N�o � s� chegar e dizer que quer. Um general de quatro estrelas comandou as institui��es mais importantes.”
A apreens�o � grande, no entanto, em rela��o aos novos nomeados, j� que assumir�o sob suspeita de alinhamento pol�tico com o presidente. O comando do Ex�rcito est� no centro das aten��es, por ser respons�vel pela condu��o de um contingente de 220 mil homens.
O mais cotado para assumir a For�a � D�cio Lu�s Schons, chefe do Departamento de Ci�ncia e Tecnologia. Ele tem reuni�o marcada, hoje, com Braga Netto.
Rea��o pol�tica
O Congresso reagiu �s mudan�as. Enquanto alguns parlamentares viram amea�as � democracia, outros avaliaram como situa��es cotidianas. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), disse n�o ver riscos de ruptura institucional na demiss�o de Azevedo e na troca de comando das FAs. Para o parlamentar, as mudan�as fazem parte das prerrogativas de Bolsonaro. Ele alertou, por�m, que n�o se pode permitir que “fatos paralelos sirvam de cortina de fuma�a” para desviar as aten��es do principal problema do pa�s no momento, a pandemia.
Pacheco disse confiar que as FAs continuam comprometidas com o respeito � Constitui��o e ao Estado democr�tico de direito. “Eu n�o consigo antever o que � a inten��o exata do presidente. Minha vis�o � de que se trata de uma troca ministerial dentro dos limites da prerrogativa do presidente da Rep�blica em fazer as suas substitui��es”, afirmou. O parlamentar falou, tamb�m, sobre um requerimento do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), pedindo que Braga Netto seja convidado a dar esclarecimentos ao Senado sobre a troca dos comandos nas For�as. De acordo com ele, o requerimento ser� discutido na reuni�o do col�gio de l�deres, na segunda-feira.
Na avalia��o da deputada S�mia Bonfim (Psol-SP), as mudan�as promovidas pelo presidente na Defesa refletem isolamento e a queda de popularidade do chefe do governo. “Bolsonaro se mostra bastante acuado diante do momento em que aumenta a rejei��o ao seu governo e que ele n�o encontrou, nos comandos das For�as Armadas, um ponto de apoio para sua linha autorit�ria, golpista, mas tamb�m obscurantista de lidar com a pandemia da covid-19”, disparou.