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Estado de Minas CONSELHEIRO PARALELO

CPI da Covid: quem � Carlos Wizard, bilion�rio citado por Pazuello e 'conselheiro' do governo na pandemia

Empres�rio formou conselho de especialistas para ajudar o governo Bolsonaro na crise de sa�de. Defensor de um suposto tratamento precoce e contr�rio ao lockdown, Wizard pode ser convocado a depor da CPI da Covid.


19/05/2021 21:38 - atualizado 20/05/2021 07:55


Carlos Wizard se apresenta como um empreendedor social de sucesso(foto: Instagram | Reprodução)
Carlos Wizard se apresenta como um empreendedor social de sucesso (foto: Instagram | Reprodu��o)

O ex-ministro da Sa�de Eduardo Pazuello confirmou em depoimento � CPI da Covid, nesta quarta-feira (19/05), ter sido aconselhado pelo empres�rio bilion�rio Carlos Wizard e que chegou a oferecer um cargo a ele na sua pasta.

Wizard j� teria declarado em uma entrevista � TV Brasil ter passado um m�s em Bras�lia no ano passado como conselheiro do ent�o ministro e sido convidado por ele para assumir uma secretaria.

O empres�rio preferiu n�o aceitar o cargo para seguir atuando de forma independente junto ao governo federal, que tinha um conselho paralelo ao Minist�rio da Sa�de sobre as a��es de combate � pandemia, segundo disse o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (MDB-MS).

"Foi neste momento que eu tive, ent�o, a oportunidade de conhecer autoridades m�dicas que s�o reconhecidas tanto no Brasil quanto no exterior, como a doutora Nise Yamaguchi, doutor Roberto Zeballos, doutor Anthony Wong, Dante Serra, e muitos outros que participam desse conselho cient�fico independente", disse Wizard.

"Ou seja, s�o volunt�rios que est�o dedicados, dedicando seu tempo, sua habilidade, sua experi�ncia, compartilhando com a popula��o o tratamento precoce."

Em seu depoimento � CPI, que investiga as a��es e poss�veis omiss�es do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) no combate � pandemia, Pazuello afirmou que foi ele quem convidou Wizard a contribuir.

O general afirmou que conheceu o empres�rio em 2018, durante a opera��o realizada em Boa Vista, em Roraima, para receber o grande n�mero de imigrantes venezuelanos que chegavam ao Brasil fugindo da crise em seu pa�s.

Pazuello coordenou estes esfor�os em Roraima. Wizard e sua mulher, que s�o m�rmons, atuaram por dois anos em atividades sociais para acolher os venezuelanos no Estado. O empres�rio e o ex-ministro se tornaram amigos por causa disso.

"Quando fui chamado pra c�, o puxei, e pedi ajuda por ele ser um grande link entre o Minist�rio da Sa�de e a compreens�o da parte social, do p�blico", disse Pazuello na CPI.


Empresário e ex-ministro se conheceram em 2018 em Roraima(foto: Instagram | Reprodução)
Empres�rio e ex-ministro se conheceram em 2018 em Roraima (foto: Instagram | Reprodu��o)

Por causa de suas empresas, Wizard n�o aceitou o convite para ser secret�rio, de acordo com o ex-ministro.

Pazuello disse que Wizard prop�s reunir m�dicos em um conselho para ajudar o minist�rio. O ex-ministro disse, no entanto, que fez apenas uma "meia reuni�o" e que isso foi suficiente para "n�o aceitar" a proposta.

"Na primeira vez que sentei para ouvir as ideias dos m�dicos, n�o gostei da din�mica da conversa. Foi uma �nica vez, n�o tive aconselhamento nem assessoramento de grupos de m�dicos."

Pazuello declarou ainda que nunca viu Wizard em Bras�lia para falar com o presidente da Rep�blica.

O empres�rio deve ter a oportunidade de esclarecer qual foi seu papel junto ao governo no combate � pandemia.

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) pediu que Wizard seja convocado a depor a comiss�o, mas o requerimento, apresentado na segunda-feira (17/05), ainda n�o foi votado.

Quem � Carlos Wizard


Empresário fundou a rede de escolas Wizard e adotou o nome do negócio(foto: Instagram | Reprodução)
Empres�rio fundou a rede de escolas Wizard e adotou o nome do neg�cio (foto: Instagram | Reprodu��o)

O curitibano Carlos Roberto Martins tem 64 anos e � mais conhecido por ter criado em 1987 a franquia de escolas de ingl�s Wizard, da qual adotou o nome.

Ele conta que teria aprendido o m�todo de ensino usado nestas escolas na Igreja dos Santos dos �ltimos Dias, da qual � seguidor.

Wizard comprou outras empresas de educa��o, criando o Grupo Multi, e, conforme noticiou o jornal Valor, decidiu vender o neg�cio para o grupo brit�nico Pearson, por R$ 1,95 bilh�o, em 2013

Ele criou ent�o uma gestora de investimentos, a Sforza, � frente da qual tamb�m est�o dois de seus seis filhos, Charles e Lincoln.

A gestora tem em seu portf�lio neg�cios como as redes Mundo Verde, KFC e Pizza Hut, al�m de empresas de educa��o, esportes e servi�os financeiros, entre outros.

Wizard prefere se apresentar hoje como um empreendedor social e faz as vezes de guru dos neg�cios.

� autor de livros como Desperte o milion�rio que h� em voc�, Sonhos n�o t�m limite (sua biografia), Do zero ao milh�o e Meu maior empreendimento.

Ele tamb�m costuma dar li��es a quem deseja ser um empreendedor de sucesso por meio de suas redes sociais.

"O imposs�vel � s� uma opini�o", diz em um dos seus posts no Instagram, sua rede social mais popular, com 282 mil seguidores.

"L�deres n�o aguardam, l�deres agem", afirma ele em outra publica��o.

"L�deres focam na solu��o, n�o no problema", diz Wizard em mais um post.

Foi o que ele fez diante da pandemia, quando se tornou um dos principais defensores do uso da cloroquina e de outros medicamentos contra a covid-19, mesmo que n�o houvesse comprova��o cient�fica de efic�cia.


Wizard teria formado um conselho de especialistas, do qual Nise Yamaguchi (ao centro) fez parte, para aconselhar o governo Bolsonaro(foto: Instagram | Reprodução)
Wizard teria formado um conselho de especialistas, do qual Nise Yamaguchi (ao centro) fez parte, para aconselhar o governo Bolsonaro (foto: Instagram | Reprodu��o)

Wizard disse � revista �poca que o que o motivou a agir assim foi ter perdido um sobrinho para a doen�a e acreditar que ele poderia ter sido salvo caso tivesse recebido um suposto tratamento precoce.

O empres�rio tamb�m falou contra as medidas mais r�gidas de isolamento social, porque teriam um impacto negativo sobre a economia e seriam pouco eficazes no combate � pandemia.

"Todos os estudos indicam que o lockdown, por si s�, n�o reduz o n�mero de �bitos", afirmou � revista Isto� em agosto do ano passado.

Sem forma��o na �rea - ele � graduado em ci�ncia da computa��o e estat�stica por uma universidade dos Estados Unidos, onde morou -, ele se apoiava num conselho de especialistas que ele pr�prio havia formado.

Proximidade com o governo


Empresário tornou-se uma figura frequente na órbita do governo federal(foto: Instagram | Reprodução)
Empres�rio tornou-se uma figura frequente na �rbita do governo federal (foto: Instagram | Reprodu��o)

Seja por essa afinidade com as opini�es do governo seja pela amizade com Pazuello, Wizard tornou-se uma figura frequente na �rbita do governo Bolsonaro.

Exibe nas redes sociais fotos com os principais nomes do primeiro escal�o do Planalto, como o vice-presidente Hamilton Mour�o, os ministros Paulo Guedes, Damares Alves e Andr� Mendon�a, al�m da primeira dama Michele e do pr�prio presidente.

Apesar disso, costuma dizer que n�o � pol�tico nem tem pretens�es pol�ticas.

Nos �ltimos tempos, o empres�rio se empenha em uma campanha, junto com Luciano Hang, dono da rede Havan e um dos aliados de primeira hora de Bolsonaro.

Wizard se refere a Hang como seu amigo e diz que eles t�m trabalhado juntos para aprovar no Congresso Nacional uma lei que permita a empresas comprar vacinas.

O texto j� foi aprovado na C�mara e est� desde o in�cio de abril no Senado. A demora na sua aprecia��o j� rendeu cr�ticas de Wizard aos senadores.

"Enquanto o Senado n�o aprova a doa��o de vacinas aos trabalhadores pelos empres�rios, o prefeito de Nova York oferece vacinas gratuitas aos brasileiros. Em sua opini�o, qual � raz�o do Senado aprovar a CPI da Covid e desaprovar a doa��o de vacinas aos trabalhadores? Qual ser� a real motiva��o?", perguntou o empres�rio em uma rede social.

Wizard pode ter em breve a chance de tirar essa d�vida pessoalmente.

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O que � uma CPI?

As comiss�es parlamentares de inqu�rito (CPIs) s�o instrumentos usados por integrantes do Poder Legislativo (vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores) para investigar fato determinado de grande relev�ncia ligado � vida econ�mica, social ou legal do pa�s, de um estado ou de um munic�pio. Embora tenham poderes de Justi�a e uma s�rie de prerrogativas, comit�s do tipo n�o podem estabelecer condena��es a pessoas.

Para ser instalado no Senado Federal, uma CPI precisa do aval de, ao menos, 27 senadores; um ter�o dos 81 parlamentares. Na C�mara dos Deputados, tamb�m � preciso aval de ao menos uma terceira parte dos componentes (171 deputados).

H� a possibilidade de criar comiss�es parlamentares mistas de inqu�rito (CPMIs), compostas por senadores e deputados. Nesses casos, � preciso obter assinaturas de um ter�o dos integrantes das duas casas legislativas que comp�em o Congresso Nacional.

O que a CPI da COVID investiga?


O presidente do colegiado � Omar Aziz (PSD-AM). O alagoano Renan Calheiros (MDB) � o relator. O prazo inicial de trabalho s�o 90 dias, podendo esse per�odo ser prorrogado por mais 90 dias.



Saiba como funciona uma CPI

Ap�s a coleta de assinaturas, o pedido de CPI � apresentado ao presidente da respectiva casa Legislativa. O grupo � oficialmente criado ap�s a leitura em sess�o plen�ria do requerimento que justifica a abertura de inqu�rito. Os integrantes da comiss�o s�o definidos levando em considera��o a proporcionalidade partid�ria — as legendas ou blocos parlamentares com mais representantes arrebatam mais assentos. As lideran�as de cada agremia��o s�o respons�veis por indicar os componentes.

Na primeira reuni�o do colegiado, os componentes elegem presidente e vice. Cabe ao presidente a tarefa de escolher o relator da CPI. O ocupante do posto � respons�vel por conduzir as investiga��es e apresentar o cronograma de trabalho. Ele precisa escrever o relat�rio final do inqu�rito, contendo as conclus�es obtidas ao longo dos trabalhos. 

Em determinados casos, o texto pode ter recomenda��es para evitar que as ilicitudes apuradas n�o voltem a ocorrer, como projetos de lei. O documento deve ser encaminhado a �rg�os como o Minist�rio P�blico e a Advocacia-Geral da Uni�o (AGE), na esfera federal.

Conforme as investiga��es avan�am, o relator come�a a aprimorar a linha de investiga��o a ser seguida. No Congresso, sub-relatores podem ser designados para agilizar o processo.

As CPIs precisam terminar em prazo pr�-fixado, embora possam ser prorrogadas por mais um per�odo, se houver aval de parte dos parlamentares

O que a CPI pode fazer?

  • chamar testemunhas para oitivas, com o compromisso de dizer a verdade
  • convocar suspeitos para prestar depoimentos (h� direito ao sil�ncio)
  • executar pris�es em caso de flagrante
  • solicitar documentos e informa��es a �rg�os ligados � administra��o p�blica
  • convocar autoridades, como ministros de Estado — ou secret�rios, no caso de CPIs estaduais — para depor
  • ir a qualquer ponto do pa�s — ou do estado, no caso de CPIs criadas por assembleias legislativas — para audi�ncias e dilig�ncias
  • quebrar sigilos fiscais, banc�rios e de dados se houver fundamenta��o
  • solicitar a colabora��o de servidores de outros poderes
  • elaborar relat�rio final contendo conclus�es obtidas pela investiga��o e recomenda��es para evitar novas ocorr�ncias como a apurada
  • pedir buscas e apreens�es (exceto a domic�lios)
  • solicitar o indiciamento de envolvidos nos casos apurados

O que a CPI n�o pode fazer?

Embora tenham poderes de Justi�a, as CPIs n�o podem:

  • julgar ou punir investigados
  • autorizar grampos telef�nicos
  • solicitar pris�es preventivas ou outras medidas cautelares
  • declarar a indisponibilidade de bens
  • autorizar buscas e apreens�es em domic�lios
  • impedir que advogados de depoentes compare�am �s oitivas e acessem
  • documentos relativos � CPI
  • determinar a apreens�o de passaportes

A hist�ria das CPIs no Brasil

A primeira Constitui��o Federal a prever a possibilidade de CPI foi editada em 1934, mas dava tal prerrogativa apenas � C�mara dos Deputados. Treze anos depois, o Senado tamb�m passou a poder instaurar investiga��es. Em 1967, as CPMIs passaram a ser previstas.

Segundo a C�mara dos Deputados, a primeira CPI instalada pelo Legislativo federal brasileiro come�ou a funcionar em 1935, para investigar as condi��es de vida dos trabalhadores do campo e das cidades. No Senado, comit� similar foi criado em 1952, quando a preocupa��o era a situa��o da ind�stria de com�rcio e cimento.

As CPIs ganharam estofo e passaram a ser recorrentes a partir de 1988, quando nova Constitui��o foi redigida. O texto m�ximo da na��o passou a atribuir poderes de Justi�a a grupos investigativos formados por parlamentares.

CPIs famosas no Brasil

1975: CPI do Mobral (Senado) - investigar a atua��o do sistema de alfabetiza��o adotado pelo governo militar

1992: CPMI do Esquema PC Farias - culminou no impeachment de Fernando Collor

1993: CPI dos An�es do Or�amento (C�mara) - apurou desvios do Or�amento da Uni�o

2000: CPIs do Futebol - (Senado e C�mara, separadamente) - rela��es entre CBF, clubes e patrocinadores

2001: CPI do Pre�o do Leite (Assembleia de MG e outros Legislativos estaduais, separadamente) - apurar os valores cobrados pelo produto e as diretrizes para a formula��o dos valores

2005: CPMI dos Correios - investigar den�ncias de corrup��o na empresa estatal

2005: CPMI do Mensal�o - apurar poss�veis vantagens recebidas por parlamentares para votar a favor de projetos do governo

2006: CPI dos Bingos (C�mara) - apurar o uso de casas de jogo do bicho para crimes como lavagem de dinheiro

2006: CPI dos Sanguessugas (C�mara) - apurou poss�vel desvio de verbas destinadas � Sa�de

2015: CPI da Petrobras (Senado) - apurar poss�vel corrup��o na estatal de petr�leo

2015: Nova CPI do Futebol (Senado) - Investigar a CBF e o comit� organizador da Copa do Mundo de 2014

2019: CPMI das Fake News - dissemina��o de not�cias falsas na disputa eleitoral de 2018

2019: CPI de Brumadinho (Assembleia de MG) - apurar as responsabilidades pelo rompimento da barragem do C�rrego do Feij�o


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