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Estado de Minas M�DIA E PODER

Governo aposta em corrup��o para nivelar o jogo na CPI

Sem uma linha de defesa, embora tenha uma vers�o para confundir, governo apanha no palanque da CPI enquanto espera desembrulhar a corrup��o dos governadores


20/05/2021 06:59

Ex-ministro Pazuello passou mal e sessão da CPI foi suspensa(foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)
Ex-ministro Pazuello passou mal e sess�o da CPI foi suspensa (foto: Jefferson Rudy/Ag�ncia Senado)


Renan Calheiros poderia ter tido o mesmo destino de Eduardo Cunha, o presidente da C�mara que capitaneou o impeachment de Dilma Rousseff. Afastado da presid�ncia por uma decis�o monocr�tica do ministro Teori Zavascki, em maio de 2016, acabou cassado e preso em menos de cinco meses. 

Na sua autobiografia recente, Tchau, Querida, atribui sua desgra�a a Rodrigo Maia, que traiu um compromisso de que se afastaria em troca de que seu processo fosse enviado para dar em nada na Comiss�o de �tica e se elegesse um aliado, Rog�rio Rosso, para o seu lugar.

Seu prontu�rio era menos robusto do que o de Renan, com ent�o 12 processos no STF, al�m do que determinou o seu afastamento da presid�ncia, em liminar do ministro Marco Aur�lio. S� que ele n�o recebeu a notifica��o da decis�o, e o plen�rio do Supremo, sabidamente de dois pesos e quatro medidas, n�o teve culh�o para enfrent�-lo.

— Atitude inconceb�vel, intoler�vel e grotesca — rendeu-se Marco Aur�lio.

Sobreviveu e riu por �ltimo como o principal remanescente da cepa dos mais poderosos presidentes do Senado, da estatura de Ant�nio Carlos Magalh�es, Jos� Sarney e Jader Barbalho, autoridade mundial em colocar bodes na sala e fingir que est� agindo com esp�rito p�blico.

A ponto de chamar depoentes de mentirosos sem ruborizar e, embalado pela notoriedade que reabilitou, at� dar conselho a Jair Bolsonaro, a quem vem destruindo como relator da at� agora mais arrasadora das CPIs

Em entrevista recente, para n�o dizer que se trata apenas de um carrasco no papel que mais gosta, pontificou que a trag�dia do presidente na comiss�o poderia ser menor, desde que tivesse uma linha de defesa m�nima que fizesse frente a seus ataques.

De fato, Bolsonaro, um pato do baixo clero com uma tradi��o de cuspir para cima, fez por merecer toda a pancadaria que vem sofrendo na inquisi��o senatorial. N�o tanto pelos erros formais que v�m sendo descobertos, mas por ter tripudiado sobre a maior das desgra�as que o pa�s j� viveu.

� certo tamb�m que, diante do tamanho da trag�dia e do desespero leg�timo por descobrir um culpado, a CPI tem se excedido al�m do que � padr�o nesse tipo de espet�culo do mais circense dos poderes.

Na tradi��o brasileira, as CPIs s�o criadas para torrar os governos. N�o necessariamente para derrub�-los, porque dependem da forma��o complicada de maiorias, mas lev�-los moribundos at� a elei��o. 

� institucionalmente um instrumento da minoria, que age intencionalmente de s� ouvir o que quer, e da maioria interessada em palanque. � exce��o do relator e do autor do pedido de sua forma��o que carregam o piano — Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues no caso atual — o restante em geral comparece para fazer cena.

A m�dia em geral, pequena ou grande, a-do-rou por exemplo o pronunciamento massacrante da senadora K�tia Abreu contra Ernesto Ara�jo. Mas ela n�o compareceu interessada em perguntar nada, como de fato n�o perguntou. Queria repetir, com as mesmas frases e �nfases de motosserra, o discurso que havia feito com sucesso igual semanas antes, na sess�o que recebeu o chanceler para degol�-lo.

Piorou muito desde as transmiss�es pelas TVs legislativas e ainda mais com o advento das selfies e das auto transmiss�es simult�neas em rede social. At� se transformar no show sangrento de cumplicidade nacional quando pega um pato manco pela frente, como Jair Bolsonaro.

De fato, como pontifica Renan do alto de sua bem fundada experi�ncia de d�cadas de passeio sobre as pedras do p�ntano de Bras�lia, ele n�o tem uma linha de defesa m�nima. Embora tenha uma vers�o. Que n�o � t�o boa, mas n�o t�o ruim quanto faz crer a algaravia palanqueira da CPI. 

O governo apostou numa vacina, sim, a da Oxford/Astrazeneca, ainda em julho. Estava cercado de brucutus em defesa da imunidade de rebanho, incluindo o m�dico deputado Osmar Terra, mas tamb�m de cientistas respeit�veis da Anvisa e da centen�ria Fiocruz, ent�o defensores de uma vacina nacional, mais barata, com pretens�es de exporta��o.

Seu problema � que n�o tinha prazo. Era razo�vel acreditar, na ocasi�o, que se tratava de fal�cia toda conversa de vacina em quatro meses, dado a experi�ncia cient�fica de que nenhuma poderia ser confi�vel em menos de tr�s anos de testes.

Certo que o governo rejeitou seguidas propostas da Pfeizer e s� andou no final de outubro, quando Jo�o D�ria sinalizou que vacinaria o primeiro cidad�o e tiraria a primeira foto, ainda em dezembro.

Por c�lculo eleitoral, como de fato anda, ou n�o, tamb�m � certo que p�s os bondes nos trilhos, nas interlocu��es de F�bio Wajngarten e, enfim, de Pazuello e do pr�prio presidente, junto � China, � �ndia e � Pfeizer.

Em torno disso, h� toda uma s�rie de erros perif�ricos, negacionismodesprezo a m�scaras e aglomera��esagress�es ao embaixador do pa�s que deveria fornecer a mat�ria prima da vacina. Que alimentam o palanque da CPI, mas n�o invalidam sua tese, a de que tudo era discut�vel se o principal, uma vacina boa e barata, estava sendo providenciado.

Pol�ticos espertos operam com uma vers�o, boa ou ruim. Colocam na pra�a para explicar ou pelo menos, como ensinava Chacrinha, um antepassado de Renan, confundir. 

Por pior que seja, � melhor do que nenhuma ou patrocinar o vexame de mandar auxiliares inexperientes e atarantados — WajngartenErnesto Pazuello — mentir, dissimular ou mandar ficar calados diante de uma plateia de serpentes.

Achar que eles enganariam um serpent�rio de cobras criadas capitaneadas por dois malandros velhos, como Omar Aziz e Renan Calheiros, � de uma inabilidade de baixo clero impressionante.

Como n�o � poss�vel que Bolsonaro seja t�o imbecil, porque ningu�m chega a Bras�lia sem ter aprendido o m�nimo do que Renan sabe, � poss�vel conceder que tenha a sua linha de defesa. Nas entrelinhas dos discursos insossos de sua tropa de choque, parece relacionada com os desvios de verbas federais da pandemia por governadores.

Bolsonaro e sua tropa sinalizam contar com o momento em que v�o desembrulhar respiradores, camas ou seringas superfaturados, que t�m impacto midi�tico t�o forte ou maior do que a ret�rica em torno de eventuais desvios administrativos ou op��es de governo. Como perdem todas, n�o conseguiram colocar essa carro�a na frente dos bois de piranhas que v�m sendo convocados.

Desde que a UDN moralista denunciou o mar de lama que levou Get�lio para o t�mulo, � sabido que nada melhor para nivelar o jogo pol�tico no Brasil do que corrup��o. O PT, herdeiro da UDN ou "UDN de macac�o", como se disse, e Bolsonaro sabem muito bem disso.

No meio da lama, ficam todos iguais. At� relevamos o que neles, �s vezes, nem � o mais importante. 

� o que Bolsonaro tem. Uma vers�o, ainda que ruim, e a expectativa de que se comece a desembrulhar o tipo de pacote, n�o ret�rico, que se pode pegar com as m�os.

Itatiaia e Menin

H� mist�rio excitante por descobrir depois da compra da r�dio Itatiaia, revelada com exclusividade pelo Estado de Minas.

O que vai ser da velha emissora, sucesso comercial e de audi�ncia apesar do modelo anos 50 de gest�o familiar e emocional, nas m�os do novo Midas da constru��o civil, dos sistemas banc�rios e de comunica��o.

Como impor, sem perder dinheiro e seu p�blico cativo, os valores opostos de racionalidade e profissionalismo empresarial do dono da MRV, do Inter, de galp�es log�sticos, de metade do Atl�tico e de uma vin�cola que usa rolhas de silicone?

Ou, mais ainda, os de isen��o jornal�stica sobre a qual o dono da CNN vem adorando pontificar?


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