(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas AFIRMA MINISTRA DO STM

Apoio de Pazuello a Bolsonaro 'p�e em xeque disciplina do Ex�rcito', diz ministra do Superior Tribunal Militar

General da ativa, ex-ministro participou de manifesta��o em apoio ao presidente e pode sofrer puni��o disciplinar


25/05/2021 05:42 - atualizado 25/05/2021 08:28

A participa��o do general Eduardo Pazuello, ex-ministro na Sa�de, em um ato pol�tico de apoio ao presidente Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro "colocou em xeque a disciplina do Ex�rcito", afirma a ministra do Superior Tribunal Militar (STM) Maria Elizabeth Rocha.

No domingo, Pazuello subiu em um caminh�o de som ao lado do presidente, agradeceu o apoio do p�blico e elogiou Bolsonaro — ambos estavam sem m�scara, embora uma lei estadual estabele�a uso obrigat�rio da prote��o no Rio de Janeiro.

Para a ministra, a atitude significou "v�rias transgress�es" ao Regulamento Disciplinar do Ex�rcito, que pro�be o militar da ativa de se manifestar publicamente a respeito de assuntos de natureza pol�tico-partid�ria sem que esteja autorizado previamente.

Segundo Elizabeth Rocha, cabe ao comandante do Ex�rcito, general Paulo S�rgio Nogueira, definir se Pazuello deve receber uma puni��o, que pode variar de advert�ncia at� uma pris�o disciplinar, segundo as normas militares. Ela lembra, por�m, que o presidente Jair Bolsonaro, como chefe supremo das For�as Armadas, tem o poder de reverter decis�es de Nogueira.

"Seria muit�ssimo complicado. Por isso, talvez uma passagem (de Pazuello) pra reserva seja o melhor caminho. Porque a� o general Pazuello, como todo cidad�o civil, vai poder manifestar livremente as suas convic��es ideol�gicas", defende Rocha.

"Sem d�vida alguma ele colocou em xeque a disciplina do Ex�rcito, porque ele se posicionou publicamente, sem estar autorizado, em assuntos de natureza pol�tico-partid�ria, quando ele subiu naquele carro e defendeu o governo", acrescenta ela.


"Sem d�vida alguma ele colocou em xeque a disciplina do Ex�rcito", diz Rocha sobre Pazuello (foto: Divulga��o | Superior Tribunal Militar)

Por outro lado, a ministra diz que a atitude do ex-ministro n�o chega a configurar um crime militar, o que manter� seu caso longe da al�ada do STM. J� eventuais crimes cometidos por Pazuello enquanto comandou o Minist�rio da Sa�de durante a pandemia de coronav�rus est�o sendo apurados pelo Minist�rio P�blico Federal e a Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) da Covid. O general, que dep�s � CPI na semana passada, deve ser novamente convocado ap�s sua presen�a no ato pol�tico que provocou aglomera��o no domingo.

Cr�tica da "politiza��o das For�as Armadas", Elizabeth Rocha considera que Pazuello j� devia ter sa�do da ativa desde que se tornou ministro. Ela ressalta que a proibi��o para a atua��o pol�tica n�o � apenas uma norma disciplinar, mas est� prevista na pr�pria Constitui��o Federal.

"Um militar n�o pode, enquanto estiver na ativa, se filiar a partido pol�tico. E por que isso? Porque os militares det�m as armas da na��o. Eles s�o investidos do monop�lio da for�a leg�tima do Estado. O Estado os arma pra defender a p�tria e a sociedade. Ent�o, realmente, n�o � poss�vel que discursos ideol�gicos, que discursos pol�tico-partid�rios, adentrem os quart�is, porque isso pode comprometer toda a cadeia de comando", explica Rocha.

"� evidente que (os militares) est�o subordinados ao Presidente da Rep�blica como chefe supremo. Mas ele � o chefe supremo das For�as Armadas sob o ponto de vista funcional, operacional, de defesa da p�tria, e s�. A quest�o pol�tica tem que ficar apartada desse discurso", diz ainda.

Apesar da grande repercuss�o em torno da participa��o de Pazuello no ato pol�tico, o comando do Ex�rcito e o Minist�rio da Defesa n�o se manifestaram publicamente sobre o caso ao longo de toda segunda-feira.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, Bolsonaro telefonou para o ministro da Defesa, general Braga Netto, proibindo a divulga��o de qualquer nota ou manifesta��o p�blica a respeito do caso.

Ainda de acordo com a reportagem, o Ex�rcito abriu um processo para apurar se houve transgress�o disciplinar e Pazuello ter� at� quatro dias para manifestar sua defesa.

Amea�as � democracia?

Bolsonaro promoveu uma forte militariza��o da administra��o federal no seu governo, em patamares in�ditos para o atual regime democr�tico. Um relat�rio do Tribunal de Contas da Uni�o do ano passado identificou mais de seis mil militares ocupando cargos civis, sendo cerca de metade deles composta por oficiais da ativa.

Generais ocupam alguns dos principais minist�rios, como a Casa Civil (Luiz Eduardo Ramos), Defesa (Braga Netto) e o Gabinete de Seguran�a Institucional (Augusto Heleno).

Em momentos desafiadores para seu governo, com queda da sua popularidade, com frequ�ncia Bolsonaro apela para o apoio dos militares, falando em "meu Ex�rcito" ou "minhas For�as Armadas".


Pazuello foi acusado por senadores de ter mentido durante depoimento na CPI da Covid(foto: Reuters )
Pazuello foi acusado por senadores de ter mentido durante depoimento na CPI da Covid (foto: Reuters )

Para a ministra Elizabeth Rocha, esse cen�rio "n�o � saud�vel para a democracia".

"O poder civil deve prevalecer sobre o poder militar. Todos os regimes democr�ticos apoiam isso, e a cria��o do Minist�rio da Defesa (como um �rg�o civil acima das tr�s for�as) foi uma sinaliza��o do presidente Fernando Henrique Cardoso nesse sentido", lembra ela.

"Mas isso n�o significa que o poder civil possa chamar os militares e se valer da atua��o da for�a militar toda vez que ele se sinta fragilizado ou comprometido. A destina��o das For�as Armadas n�o � defender os regimes pol�ticos, � defender o Estado nacional", refor�a.

Apesar dessa preocupa��o, a ministra diz que n�o considera que a democracia brasileira esteja hoje "amea�ada" pela politiza��o das For�as Armadas.

Enquanto alguns analistas pol�ticos temem o uso dos militares por Bolsonaro em caso, por exemplo, de o presidente contestar uma eventual derrota na sua tentativa de reelei��o em 2022, Elizabeth Rocha diz que o contexto mundial atual � muito diferente do de 1964, quando ocorreu um golpe militar com apoio do governo dos Estados Unidos.

"Eu acho que a nossa democracia, apesar de todos os percal�os, est� consolidada. E tamb�m (n�o vejo amea�a) porque as conting�ncias geopol�ticas mundiais s�o completamente diferentes de 64, quando havia uma Guerra Fria e o mundo estava dividido em dois blocos de influ�ncia", afirma.

"Eu n�o acredito que o Joe Biden (presidente dos EUA) tenha interesse em reviver a opera��o Brother Sam (uso da Marinha americana para apoiar o golpe de 64). Ent�o, esses riscos eu acho que realmente o Brasil n�o corre mais. Mas o fato � que essa promiscuidade do militar na pol�tica acaba por comprometer a independ�ncia, a imparcialidade e o profissionalismo na caserna", critica.

J� assistiu aos nossos novos v�deos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!


O que � uma CPI?

As comiss�es parlamentares de inqu�rito (CPIs) s�o instrumentos usados por integrantes do Poder Legislativo (vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores) para investigar fato determinado de grande relev�ncia ligado � vida econ�mica, social ou legal do pa�s, de um estado ou de um munic�pio. Embora tenham poderes de Justi�a e uma s�rie de prerrogativas, comit�s do tipo n�o podem estabelecer condena��es a pessoas.

Para ser instalado no Senado Federal, uma CPI precisa do aval de, ao menos, 27 senadores; um ter�o dos 81 parlamentares. Na C�mara dos Deputados, tamb�m � preciso aval de ao menos uma terceira parte dos componentes (171 deputados).

H� a possibilidade de criar comiss�es parlamentares mistas de inqu�rito (CPMIs), compostas por senadores e deputados. Nesses casos, � preciso obter assinaturas de um ter�o dos integrantes das duas casas legislativas que comp�em o Congresso Nacional.

O que a CPI da COVID investiga?


O presidente do colegiado � Omar Aziz (PSD-AM). O alagoano Renan Calheiros (MDB) � o relator. O prazo inicial de trabalho s�o 90 dias, podendo esse per�odo ser prorrogado por mais 90 dias.



Saiba como funciona uma CPI

Ap�s a coleta de assinaturas, o pedido de CPI � apresentado ao presidente da respectiva casa Legislativa. O grupo � oficialmente criado ap�s a leitura em sess�o plen�ria do requerimento que justifica a abertura de inqu�rito. Os integrantes da comiss�o s�o definidos levando em considera��o a proporcionalidade partid�ria — as legendas ou blocos parlamentares com mais representantes arrebatam mais assentos. As lideran�as de cada agremia��o s�o respons�veis por indicar os componentes.

Na primeira reuni�o do colegiado, os componentes elegem presidente e vice. Cabe ao presidente a tarefa de escolher o relator da CPI. O ocupante do posto � respons�vel por conduzir as investiga��es e apresentar o cronograma de trabalho. Ele precisa escrever o relat�rio final do inqu�rito, contendo as conclus�es obtidas ao longo dos trabalhos. 

Em determinados casos, o texto pode ter recomenda��es para evitar que as ilicitudes apuradas n�o voltem a ocorrer, como projetos de lei. O documento deve ser encaminhado a �rg�os como o Minist�rio P�blico e a Advocacia-Geral da Uni�o (AGE), na esfera federal.

Conforme as investiga��es avan�am, o relator come�a a aprimorar a linha de investiga��o a ser seguida. No Congresso, sub-relatores podem ser designados para agilizar o processo.

As CPIs precisam terminar em prazo pr�-fixado, embora possam ser prorrogadas por mais um per�odo, se houver aval de parte dos parlamentares

O que a CPI pode fazer?

  • chamar testemunhas para oitivas, com o compromisso de dizer a verdade
  • convocar suspeitos para prestar depoimentos (h� direito ao sil�ncio)
  • executar pris�es em caso de flagrante
  • solicitar documentos e informa��es a �rg�os ligados � administra��o p�blica
  • convocar autoridades, como ministros de Estado — ou secret�rios, no caso de CPIs estaduais — para depor
  • ir a qualquer ponto do pa�s — ou do estado, no caso de CPIs criadas por assembleias legislativas — para audi�ncias e dilig�ncias
  • quebrar sigilos fiscais, banc�rios e de dados se houver fundamenta��o
  • solicitar a colabora��o de servidores de outros poderes
  • elaborar relat�rio final contendo conclus�es obtidas pela investiga��o e recomenda��es para evitar novas ocorr�ncias como a apurada
  • pedir buscas e apreens�es (exceto a domic�lios)
  • solicitar o indiciamento de envolvidos nos casos apurados

O que a CPI n�o pode fazer?

Embora tenham poderes de Justi�a, as CPIs n�o podem:

  • julgar ou punir investigados
  • autorizar grampos telef�nicos
  • solicitar pris�es preventivas ou outras medidas cautelares
  • declarar a indisponibilidade de bens
  • autorizar buscas e apreens�es em domic�lios
  • impedir que advogados de depoentes compare�am �s oitivas e acessem
  • documentos relativos � CPI
  • determinar a apreens�o de passaportes

A hist�ria das CPIs no Brasil

A primeira Constitui��o Federal a prever a possibilidade de CPI foi editada em 1934, mas dava tal prerrogativa apenas � C�mara dos Deputados. Treze anos depois, o Senado tamb�m passou a poder instaurar investiga��es. Em 1967, as CPMIs passaram a ser previstas.

Segundo a C�mara dos Deputados, a primeira CPI instalada pelo Legislativo federal brasileiro come�ou a funcionar em 1935, para investigar as condi��es de vida dos trabalhadores do campo e das cidades. No Senado, comit� similar foi criado em 1952, quando a preocupa��o era a situa��o da ind�stria de com�rcio e cimento.

As CPIs ganharam estofo e passaram a ser recorrentes a partir de 1988, quando nova Constitui��o foi redigida. O texto m�ximo da na��o passou a atribuir poderes de Justi�a a grupos investigativos formados por parlamentares.

CPIs famosas no Brasil

1975: CPI do Mobral (Senado) - investigar a atua��o do sistema de alfabetiza��o adotado pelo governo militar

1992: CPMI do Esquema PC Farias - culminou no impeachment de Fernando Collor

1993: CPI dos An�es do Or�amento (C�mara) - apurou desvios do Or�amento da Uni�o

2000: CPIs do Futebol - (Senado e C�mara, separadamente) - rela��es entre CBF, clubes e patrocinadores

2001: CPI do Pre�o do Leite (Assembleia de MG e outros Legislativos estaduais, separadamente) - apurar os valores cobrados pelo produto e as diretrizes para a formula��o dos valores

2005: CPMI dos Correios - investigar den�ncias de corrup��o na empresa estatal

2005: CPMI do Mensal�o - apurar poss�veis vantagens recebidas por parlamentares para votar a favor de projetos do governo

2006: CPI dos Bingos (C�mara) - apurar o uso de casas de jogo do bicho para crimes como lavagem de dinheiro

2006: CPI dos Sanguessugas (C�mara) - apurou poss�vel desvio de verbas destinadas � Sa�de

2015: CPI da Petrobras (Senado) - apurar poss�vel corrup��o na estatal de petr�leo

2015: Nova CPI do Futebol (Senado) - Investigar a CBF e o comit� organizador da Copa do Mundo de 2014

2019: CPMI das Fake News - dissemina��o de not�cias falsas na disputa eleitoral de 2018

2019: CPI de Brumadinho (Assembleia de MG) - apurar as responsabilidades pelo rompimento da barragem do C�rrego do Feij�o


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)