
As a��es envolvem Estados que registraram, recentemente, epis�dios de indisciplina dentro das PMs, a maioria ligada � a��o de pol�ticos bolsonaristas, como o Cear�, Rio Grande do Norte, o Esp�rito Santo, e S�o Paulo. Nos dois primeiros, os governadores promoveram um n�mero maior de agentes de seguran�a, fen�meno tamb�m registrado no Distrito Federal como forma de driblar o congelamento de sal�rios do funcionalismo p�blico, como revelou o Estad�o . Ambos foram sacudidos pelas duas mais recentes greves de PMs no Pa�s entre 2018 e 2020.
Outro Estado que conheceu um motim de policiais foi o Esp�rito Santo, em 2017 (mais informa��es na p�g. A6). Ali o governador Renato Casagrande (PSB) decidiu colocar de prontid�o todo o efetivo da PM no pr�ximo dia 7, evitando assim que os policiais da ativa compare�am aos protestos. Por fim, em S�o Paulo a Secretaria da Seguran�a P�blica montou uma gigantesca opera��o na data, a Opera��o Independ�ncia, e mobilizou 27 mil PMs, 3,6 mil deles s� para vigiar os atos da Avenida Paulista e do Vale do Anhangaba�. A Corregedoria da PM deve p�r todo o seu efetivo - cerca de mil homens - nas ruas para vigiar poss�veis transgress�es.
No s�bado (4/9), ao participar de surpresa da CPAC Brasil, confer�ncia da direita realizada em Bras�lia, Bolsonaro defendeu a participa��o de policiais militares nos atos. "Hoje voc� v� alguns governadores amea�ando expulsar policiais militares que porventura estejam de folga no dia 7 e compare�am para festejar o 7 de Setembro. Se n�s falarmos ‘eu n�o sou policial militar, n�o tenho nada a ver com isso’, aguarde que a sua hora vai chegar."
Sal�rios
Para Rafael Alcadipani, professor da Funda��o Getulio Vargas (FGV) e membro do F�rum Brasileiro de Seguran�a P�blica, a onda de promo��es nas PMs � uma forma de driblar o congelamento de sal�rios do funcionalismo p�blico e esvaziar a press�o bolsonarista na base das corpora��es contra os governadores Ele acredita ainda que muito das amea�as veladas de golpe s�o um blefe, uma forma usada por alguns para obter benef�cios e manter privil�gios. "H� um jogo pol�tico pesado. As PMs j� tiveram uma reforma da Previd�ncia vantajosa."
Durante a semana, o comando da PM reuniu todos os coron�is de S�o Paulo para definir os detalhes da Opera��o Independ�ncia. Nos quatro dias do feriado prolongado, a PM contar� com 22 mil homens no patrulhamento do Estado e, no dia 7, esse n�mero subir� para 27 mil. Ao todo 20 helic�pteros e quatro drones far�o a vigil�ncias das cidades. Nos atos, todos os carros de som ser�o revistados e est�o proibidos o porte de bast�es, drones, roj�es ou qualquer outro objeto que possam ser usados contra pessoas.
Na reuni�o do comando, o chefe da Corregedoria da PM, coronel Eduardo Henrique Briciug, apresentou uma lista de quatro crimes militares que os PMs da ativa podem cometer no ato. Al�m disso, o coronel exibiu ainda uma lista de condutas que n�o podem ser feitas pelos policiais.
Representante da bancada da bala paulista, o deputado estadual Coronel Telhada (PP) considerou uma pol�mica desnecess�ria o poss�vel comparecimento dos policiais da ativa aos atos do presidente. "O pessoal j� participou em outras oportunidades. Sempre com as fam�lias e nunca houve problema. Mas alguns colegas resolveram fazer disso plataforma pol�tica. Ano que vem s�o todos candidatos." Para ele, a popula��o n�o deve ter medo de confus�o no dia 7. "Somos contra qualquer tipo de viol�ncia. A popula��o pode contar a com a PM."
Benef�cios
Em meio ao receio quanto � infiltra��o bolsonarista nos quart�is, e sob press�o de associa��es de policiais militares, governadores do Distrito Federal, do Cear� e do Rio Grande do Norte promoveram um n�mero maior de agentes de seguran�a. H� a promessa do governador Ronaldo Caiado (DEM), de Goi�s, de que haver� neste ano o maior n�mero de promo��es e qualifica��es para PMs na hist�ria do Estado.
O aumento na quantidade de promo��es, tanto de pra�as como de oficiais, � uma bandeira da Associa��o Nacional das Entidades Representativas de Policiais Militares e Bombeiros (Anermb) - que conta com 26 entidades locais afiliadas. Na pr�tica, as promo��es contornam as proibi��es impostas pela PEC emergencial, que imp�s um congelamento de vagas e sal�rios aos Estados at� o fim de 2021.
A Anermb defende a reposi��o de vagas que surgem com aposentadorias com m�ximo de promo��es que a lei permita, uma vez que h� crit�rios para a mudan�a de patente. O presidente da associa��o, sargento Leonel Lucas, avalia que essa pr�tica n�o conta com apoio suficiente dos governos. "S�o poucos Estados, s�o poucos governadores que entendem o que est� acontecendo hoje no Brasil." Para ele, a ades�o de policiais �s manifesta��es do 7 de Setembro acontece em raz�o do descontentamento com sal�rios."
No Distrito Federal, ao assinar o decreto que promoveu 2,4 mil policiais na semana passada, o governador Ibaneis Rocha (MDB) discursou contra o risco de insubordina��o na tropa no 7 de Setembro. "Aqui no DF n�o temos esse problema."
No Rio Grande do Norte, foram promovidos mais de 1,7 mil policiais militares desde o in�cio do ano. Desse total, 443 apenas na �ltima semana de agosto, data em que tradicionalmente s�o efetivadas as promo��es no Estado. A maior parte desse contingente promovido � de pra�as, mas tamb�m inclui os oficiais.
A gest�o F�tima Bezerra (PT), desde o in�cio de 2019, diz que j� promoveu cerca de 7,6 mil policiais. Isso representa mais da metade do efetivo da PM potiguar, que � de 13,4 mil. O secret�rio de seguran�a, coronel Francisco Ara�jo, diz que agora n�o h� preocupa��o com reivindica��es da categoria nem com o clima pol�tico nos quart�is em torno do 7 de Setembro. "As promo��es aconteceram em decorr�ncia de uma pol�tica de valoriza��o profissional n�o s� dos militares, mas tamb�m dos civis." Outro Estado que viveu grave crise de seguran�a, o Cear� acelerou as promo��es de PMs neste ano. Foram 3.075 militares promovidos at� agora, entre pra�as e bombeiros, mas o governador Camilo Santana promete que o n�mero chegar� a 6 mil at� o fim do ano na Seguran�a P�blica.
Presidente da Federa��o Nacional de Entidades de Oficiais Militares Estaduais (Feneme), o coronel Marlon Teza alerta que os crit�rios de promo��o devem seguir estritamente a previs�o da lei. "Evidente que h� a tentativa de alguns de tentar fazer essa rela��o (entre promo��es e pol�tica), mas n�s n�o vemos dessa forma porque h� uma lei", disse.