
A bancada iniciou as atividades legislativas em um cen�rio diferente do que havia no ano passado. Durante o governo de Jair Bolsonaro, os evang�licos tiveram forte protagonismo nas duas casas legislativas e, tamb�m, no Executivo, uma vez que o ent�o presidente, grande aliado das igrejas neopentecostais, defendia as pautas de costumes, como combate ao aborto e � libera��o do uso de drogas.
Segundo o novo presidente da frente, por�m, mesmo n�o estando "na bancada do poder", a firmeza na defesa de pautas conservadores "n�o ser� amenizada".
"A frente respeita as autoridades, mas as tratativas s�o institucionais, nunca individuais. A firmeza na defesa dessas pautas n�o ser� amenizada. Continuaremos como uma Frente que n�o est� no balc�o do poder para amenizar as pautas que s�o nossas, que s�o caras para n�s. Mas sempre de um jeito respeitoso", declarou Eli Borges ao Correio (leia a entrevista ao lado).
A divis�o da presid�ncia foi costurada na semana retrasada, ap�s um racha in�dito na bancada. Desde sua cria��o, em 2003, o presidente da Frente foi decidido por aclama��o. Dessa vez, houve divis�o entre apoiadores de Eli e de Silas. O senador Carlos Viana (Podemos-MG) e o deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) tamb�m lan�aram seus nomes ao cargo, mas retiraram a candidatura.
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O presidente anterior, S�stenes Cavalcante (PL-RJ), e Cezinha de Madureira (PSD-SP), com quem dividiu o mandato em per�odos de um ano, foram os fiadores do acordo firmado. A proposta inicial de que Eli e Silas tamb�m dividissem a presid�ncia por um ano cada foi rejeitada, levando a uma tentativa frustrada de vota��o ocorrida na em 2 de fevereiro, na abertura do ano legislativo.
Segundo a frente, houve um problema t�cnico no sistema da C�mara dos Deputados utilizado para o pleito, devido ao alto tr�fego no primeiro dia de atividade legislativa. Durante a vota��o, havia mais votos do que parlamentares registrados na lista de presen�a. Ap�s discuss�o e amea�as de judicializa��o caso o resultado do pleito fosse oficializado, S�stenes decidiu pela nulidade do processo e convocou nova elei��o para 15 de fevereiro. Com o acordo da semana passada, por�m, a sess�o n�o ocorrer�.
Rachadinha
Eli Borges est� iniciando seu segundo mandato na Casa, e � considerado relativamente novo, em compara��o com outros membros da frente. Silas C�mara, por sua vez, j� presidiu o grupo e completou 20 anos de mandato. Silas, por�m, sofreu forte resist�ncia para assumir o cargo. O parlamentar firmou um acordo no fim do ano passado em um processo no qual era acusado de rachadinha, por desvio de sal�rios de assessores entre 2000 e 2001. Silas confessou e se comprometeu a pagar multa de R$ 242 mil para anular o processo como forma de compensa��o ao Er�rio.
Tanto Eli quando Silas apoiaram a reelei��o de Jair Bolsonaro, mas o deputado do Republicanos se aproximou mais do governo Lula e foi apoiado pela base governista � presid�ncia da bancada evang�lica.
Em seu primeiro discurso aos parlamentares, na quarta, Eli Borges declarou que a Frente atua na "luta contra uma s�rie de ideologias", e que ter� que trabalhar sobre os temas de forma equilibrada e institucional.
A expectativa � que os evang�licos atuem mais fortemente contra pautas identit�rias, como as que envolvem o aborto ou os direitos de pessoas LGBTQIA . Ap�s assumirem protagonismo na gest�o de Bolsonaro, parlamentares da frente temem perder espa�o, mesmo com os acenos de Lula ao p�blico religioso - considerado gesto insuficiente. Eles criticam, por exemplo, a linguagem neutra usada pelo novo governo na posse de ministros, e n�o v�em a��es concretas que sinalizem participa��o ou di�logo com evang�licos no Executivo.
Por�m, apesar de uma grande parcela dos membros ser bolsonarista, aliados fortes de Lula como Andr� Janones (Avante-MG) e Benedita da Silva (PT-RJ) tamb�m fazem parte do grupo. Parlamentares de partidos como o MDB, PSD e Uni�o Brasil, que comp�em a base governista, devem manter sua atua��o alinhada �s pautas de Lula, devido aos acordos partid�rios.
A bancada tenta agora ampliar seu tamanho e influ�ncia dentro da Casa. Segundo Eli Borges, o n�mero de parlamentares alinhados � causa evang�lica cresceu 15%. Tamb�m chama a aten��o a conquista de espa�os de decis�o dentro da C�mara. Nas elei��es da Mesa Diretora a Frente conseguiu o 1º vice-presidente, deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP) e o 2º vice-presidente, S�stenes Cavalcante. A forma��o na nova legislatura ainda n�o foi oficialmente computada, mas a estimativa � que a Frente seja composta por 132 deputados e 14 senadores.