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Estado de Minas PROGRESSITAS

Homem preso no M�xico acusado da morte de Marielle � ex-vereador do Rio

Pol�tico filiado ao partido Progressistas foi detido em Canc�n foi detido em meados de 2019 durante o governo de Bolsonaro


12/09/2023 19:29 - atualizado 12/09/2023 19:30
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Por Bruno Fonseca, da Ag�ncia P�blica
 
Marielle Franco
Marcello Siciliano foi detido no M�xico por estar entre os suspeitos de participar da morte de Marielle Franco (foto: Renan Olaz/CMRJ)
O ex-vereador do Rio de Janeiro e suplente de deputado federal pelo Progressistas (PP) Marcello Moraes Siciliano � o homem que foi detido em Canc�n, no M�xico, durante o governo de Jair Bolsonaro. O motivo era que, na �poca, ele esteve entre os suspeitos de participar da morte de Marielle Franco.
 
Siciliano chegou a ser apontado como principal suspeito de ter dado a ordem para o assassinato. Por�m, a testemunha que o citou � �poca mudou de ideia e passou a negar que o relato fosse verdadeiro. Questionado pela reportagem, o Minist�rio P�blico do Rio de Janeiro disse que as investiga��es do caso Marielle correm sob sigilo e n�o informou se Siciliano segue investigado.
 
A interrup��o da viagem no M�xico aconteceu porque Siciliano estava com visto para os Estados Unidos suspenso — justamente pelas suspeitas de envolvimento no assassinato de Marielle. Isso gerou um alerta �s autoridades mexicanas, que detiveram o ex-vereador.
 
A Ag�ncia P�blica confirmou junto a fontes em Bras�lia que foi Siciliano o homem parado em 23 de julho de 2019, quando embarcava com sua fam�lia rumo �s praias de Canc�n, no caribe mexicano. A informa��o sobre o bloqueio havia sido obtida sem o nome dele por meio da Lei de Acesso � Informa��o.
 
A P�blica revelou que a situa��o levou o advogado de Siciliano a acionar o Itamaraty. Um documento do Minist�rio das Rela��es Exteriores da �poca, assinado pela ent�o c�nsul-geral do Brasil no M�xico, Wanja Campos da N�brega, mostra que o caso foi retransmitido para a embaixada brasileira mexicana, � do Panam� e ao escrit�rio do Itamaraty no Rio.
 
O problema de Siciliano, contudo, n�o se resumiu a uma viagem frustrada para Canc�n em 2019. Agora, a P�blica apurou que a situa��o se conecta a outra hist�ria mais recente, que ganhou os notici�rios e que envolve o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid. Para resolver o problema do visto de viagem, Siciliano teria falsificado dados de vacina para o ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.

Segundo um inqu�rito da Pol�cia Federal, Siciliano teria participado de um esquema com Mauro Cid para uma troca de favores. O ajudante de Bolsonaro resolveria o problema do visto de Siciliano que, em troca, ajudaria a falsificar registros de vacina��o em nome da esposa de Cid, Gabriela Santiago Cid. Segundo a investiga��o, Siciliano entrou na jogada atrav�s do capit�o da reserva e ex-candidato a deputado estadual Ailton Gon�alves Moraes Barros, que teria oferecido a ajuda de Siciliano para Cid.
 
Devido �s investiga��es, a PF cumpriu um mandado de busca na casa de Siciliano no dia 3 de maio deste ano.
 
A P�blica procurou Siciliano e o Diret�rio do Partido Progressistas no Rio de Janeiro, que n�o responderam at� a publica��o. A reportagem j� havia questionado o Itamaraty sobre a situa��o no M�xico, mas o minist�rio tamb�m n�o respondeu.

Uma m�o lava a outra; juntas, combinam falsificar documentos

Segundo a investiga��o da Pol�cia Federal, Mauro Cid teria falsificado o cart�o de vacina da sua esposa, Gabriela Cid, em novembro de 2021. O cart�o fake foi emitido em nome da Secretaria de Estado de Sa�de do Governo de Goi�s. A pol�cia encontrou a assinatura e um carimbo do m�dico Farley Vinicius Alencar de Alc�ntara, sobrinho do sargento Luis Marcos dos Reis.
 
Mauro Cid
Siciliano teria participado de um esquema com Mauro Cid para uma troca de favores (foto: Geraldo Magela/Ag�ncia Senado)
 O problema: o militar n�o teria conseguido inserir os dados no sistema Conecte SUS, do Minist�rio da Sa�de. Eles tentaram ent�o fazer essa inser��o via Secretaria do Rio de Janeiro, usando dados da Secretaria de Sa�de do Munic�pio de Duque de Caxias. � a� que Siciliano entra na jogada.
 
O nome aparece por meio de outro pol�tico do Rio de Janeiro, o capit�o reformado do Ex�rcito Ailton Gon�alves Moraes Barros, que foi acionado por Cid. Em conversa com Cid, Barros diz que Siciliano ajudou a inserir os dados falsos de vacina��o, conforme a apura��o policial.
 
“Quem � esse garoto? Esse garoto, Marcello Siciliano, era um vereador do Rio de Janeiro e que foi acusado de ser o mandante da morte da Marielle”, consta no inqu�rito. “[…]Nessa �poca a pol�cia pediu a suspens�o do visto dele. Para ele n�o sair enquanto estava sendo investigado, mas n�o tem nada, n�o foi indiciado, n�o foi nada, e ele quer conversar com o c�nsul justamente sobre isso”, diz adiante na transcri��o policial.
 
Em outro trecho, Barros se refere ao “amigo”, explicando que ele teve um problema com a embaixada. “Quem resolveu? Este �ltimo amigo que eu te fiz o pedido dele a� para a embaixada, ele resolveu. Agora. J� me deu retorno; 100% de baixa. Resolvido, manda pra mim a foto da identidade dela, a frente verso e o CPF”, consta.
 
Em troca, Cid deveria arranjar um encontro de Siciliano com o c�nsul dos Estados Unidos no Brasil. Em determinado ponto da conversa, Barros chega a afirmar que saberia quem seria o respons�vel pelo assassinato de Marielle. “Eu sei dessa hist�ria da Marielle, toda irm�o, sei quem mandou. Sei a porra toda. Entendeu? Est� de bucha nessa parada a�”, diz.
 
Cid ficou detido desde 3 de maio no Batalh�o da Pol�cia do Ex�rcito de Bras�lia. Foi solto nesta semana ap�s fechar um acordo de dela��o premiada. A decis�o que concedeu liberdade provis�ria ao militar e homologou a dela��o premiada foi do ministro do Supremo Alexandre de Moraes.
 
Al�m dessa investiga��o, na qual Cid faria parte de um esquema que teria alterado os certificados de vacina��o dele, do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e da fam�lia de ambos, o militar � suspeito de mais irregularidades e esquemas criminosos que est�o sendo investigados pela PF. S�o eles: o caso da venda ilegal de joias da Presid�ncia; de trama golpista com integrantes do Ex�rcito; de fake news sobre vacina��o; e de ter ajudado Bolsonaro a compor o discurso que o ex-presidente fez em uma reuni�o com embaixadores, na qual ele atacou as urnas eletr�nicas e colocou em d�vida a credibilidade do sistema eleitoral brasileiro.

J� Ailton Barros foi preso preventivamente na Opera��o Venire da Pol�cia Federal. Antes de ser preso, o capit�o reformado do Ex�rcito j� havia sido investigado por suposto acordo com narcotraficantes e expulso do Ex�rcito ap�s uma s�rie de puni��es disciplinares, que inclu�am tentativa de abuso sexual de civis em acampamentos militares, mentiras em depoimentos e humilha��o de colegas de menor patente.
 
Marcello Siciliano (PP)
Marcello Siciliano (PP) chegou a ser apontado como principal suspeito de ter dado a ordem para o assassinato da ent�o vereadora (foto: Tomaz Silva/Ag�ncia Brasil.)
 

 Quem � Marcello Siciliano?

O nome de Siciliano, ex-vereador do Rio de Janeiro pelo Partido Humanista da Solidariedade (PHS) e suplente de deputado federal nas �ltimas elei��es pelo Progressistas, apareceu associado � morte de Marielle em 2018, ano do assassinato da ex-vereadora.
 
Na �poca, uma testemunha afirmou �s pol�cias Federal e Civil que o pol�tico teria combinado a morte de Marielle junto ao ex-policial militar Orlando Oliveira de Ara�jo, conhecido como Orlando Curicica, que � acusado de chefiar uma mil�cia em Jacarepagu�, na Zona Oeste do Rio. No ano passado, Curicica foi condenado a 25 anos de pris�o por ordenar o assassinato de Carlos Alexandre Pereira Maria, o cabe�a, l�der comunit�rio da regi�o.
 

Ainda em 2018, quando a pol�cia Civil e o Minist�rio P�blico do Rio cumpriram mandado de busca e apreens�o na casa de Siciliano, o pol�tico rebateu as acusa��es: “Continuo indignado com essa acusa��o maligna que fizeram a meu respeito. […] Quero que isso se resolva, minha fam�lia est� sofrendo, tenho certeza que a fam�lia da Marielle n�o merece isso, merece a verdade. A verdade tem que vir � tona”, alegou.

Depois, foi revelado que a den�ncia partiu de Rodrigo Jorge Ferreira, o Ferreirinha, sargento da PM do Rio. Ele foi preso em 2019 acusado de obstruir as investiga��es do assassinato de Marielle.


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