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Estado de Minas DESAVEN�A

Opera��o sobre software espi�o refor�a rixa entre Abin e Pol�cia Federal

Mal-estar se arrasta h� meses e envolve controv�rsias sobre bolsonarismo e lava-jatismo


21/10/2023 08:30 - atualizado 21/10/2023 11:07
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Tela de celular exibe caricatura de pessoa amordaçada
(foto: Markus Winkler/Pixabay)
A opera��o deflagrada pela Pol�cia Federal nesta sexta-feira (20) sobre o sistema espi�o usado pela Abin (Ag�ncia Brasileira de Intelig�ncia) refor�ou a disputa de bastidores entre as c�pulas das duas institui��es, expondo um mal-estar que se arrasta h� meses.

Servidores da Abin argumentam n�o ver raz�o para busca e apreens�o na sede do �rg�o, em Bras�lia.

A pr�pria nota oficial divulgada pela ag�ncia transparece essa posi��o: "Todas as requisi��es da Policia Federal e do Supremo Tribunal Federal foram integralmente atendidas pela Abin. A ag�ncia colaborou com as autoridades competentes desde o in�cio das apura��es".

A avalia��o entre essas pessoas � a de que a Pol�cia Federal agiu para desgastar politicamente a dire��o atual.

Reservadamente, integrantes da ag�ncia ressaltam, por exemplo, o fato de a PF ter repassado � imprensa a foto e a informa��o de que localizou US$ 171 mil na casa do n�mero 3 da Abin, atitude que lembraria antigas opera��es espalhafatosas da corpora��o.

Embora ressaltem que tudo tem que ser investigado a fundo, afirmam n�o haver crime no ato de guardar dinheiro vivo, al�m de o servidor ter em sua carreira uma adid�ncia na Embaixada do Brasil na Argentina de 2010 a 2011 --ocasi�o em que recebia pagamentos em d�lar.

O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, e o diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corr�a, ocupam campos divergentes dentro do governo Lula (PT).

Andrei � delegado da PF e coordenou a equipe de seguran�a de Lula na campanha. A PF est� subordinada ao Minist�rio da Justi�a, comandado por Fl�vio Dino.

 

Corr�a tamb�m � delegado federal, foi diretor da PF no segundo mandato de Lula e chegou ao comando da Abin ap�s o petista tirar o �rg�o das m�os dos militares (o Gabinete de Seguran�a Institucional), em mar�o, e aloc�-lo na Casa Civil, hoje comandada por Rui Costa.

Do lado da PF, o argumento � que a investiga��o seguiu os tr�mites normais e que se trata apenas de mais uma apura��o contra a contamina��o bolsonarista nas institui��es.

Policiais ouvidos pela PF lembram que o caso ficaria restrito ao governo Bolsonaro se o atual diretor da Abin n�o tivesse indicado Paulo Maur�cio Fortunato para o cargo de secret�rio de Planejamento e Gest�o, o terceiro posto mais alto da ag�ncia.

Eles lembram que as suspeitas sobre o uso do software surgiram antes mesmo da nomea��o de Corr�a como diretor-geral da Abin e que ele poderia ter evitado esse desgaste.

 

Sobre as buscas na sede da Abin, os policiais relatam que elas eram necess�rias para colher as informa��es pertinentes � apura��o ainda em andamento. A divulga��o da foto do dinheiro, por sua vez, � classificada como padr�o quando s�o encontrados valores em esp�cie.

A disputa de bastidores envolvendo os dois diretores teve um de seus �pices durante a indica��o dos n�meros 2 e 3 da Abin: Alessandro Moretti e Fortunato --este �ltimo alvo da PF e com quem foram encontrados os US$ 171 mil.

Como mostrou a Folha em maio, sob a gest�o de Andrei Rodrigues a Pol�cia Federal vetou nomea��es e cancelou indica��es da gest�o anterior, com a justificativa de recuperar a corpora��o das m�os do bolsonarismo e do lava-jatismo.

Moretti, o n�mero 2 da Abin, tamb�m � delegado federal e foi o n�mero dois de Anderson Torres na Secretaria de Seguran�a do Distrito Federal, entre 2018 e 2021, tendo seguido o chefe no ingresso no governo Bolsonaro. Ele foi diretor de intelig�ncia da PF em 2022, quando Torres era ministro da Justi�a e Seguran�a P�blica.

A rela��o entre Moretti e Andrei come�ou a estremecer antes mesmo da vit�ria de Lula. Moretti � apontado pela atual c�pula da PF como respons�vel por dificultar o trabalho da equipe de seguran�a de Lula durante a campanha eleitoral.

Moretti estava indicado para ser adido do �rg�o na Fran�a, mas acabou barrado por Andrei.

Fortunato, por sua vez, � servidor aposentado da Abin e ocupou cargos de chefia na ag�ncia durante a gest�o do hoje deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), diretor do �rg�o no governo Bolsonaro e amigo da fam�lia do ex-presidente.

Ele rompeu com Ramagem diante do desmantelamento da institui��o, sobretudo das opera��es de contraespionagem, que est�o no centro da atual investiga��o da PF.

Apesar do trabalho na gest�o Bolsonaro, integrantes da Abin afirmam que Moretti e Fortunato n�o podem ser classificados como bolsonaristas e s� viraram alvo de artilharia interna devido � disputa de poder dentro da �rea de intelig�ncia e seguran�a p�blica do governo Lula.

A Abin atribui � gest�o atual da PF, por exemplo, a decis�o do senador Renan Calheiros (MDB-AL), presidente da Comiss�o de Rela��es Exteriores do Senado, de segurar a sabatina de Corr�a por quase dois meses no in�cio do ano.

Renan n�o escondeu o descontentamento com Moretti e Fortunato nem mesmo durante a sabatina, mas disse a pessoas pr�ximas que o pr�prio presidente da Rep�blica tinha dado sinal verde �s indica��es de Corr�a na Abin.

"O senhor est� ciente de que o sr. Paulo Maur�cio Fortunato, nomeado para a Secretaria de Planejamento e Gest�o, � suspeito de tramas para grampear ilegalmente o ministro Gilmar Mendes, ent�o presidente do Supremo Tribunal Federal?", questionou o senador na ocasi�o.

"O Paulo Maur�cio tem um hist�rico de profissional: oficial de intelig�ncia, com opera��es, vem de longos anos", respondeu Corr�a. "Eu sou agente da Pol�cia Federal desde 1980. Se esse � um defeito, eu estou imprest�vel para qualquer governo que se deu de 1980 para c�; se o crit�rio � o presidente da vez."

A tentativa do grupo no entorno da c�pula da PF de evitar as nomea��es na Abin acabou n�o dando certo devido ao argumento de Corr�a de que ambos ocuparam cargos de chefia na PF nos primeiros governos Lula e na gest�o Dilma Rousseff (PT), al�m de serem de sua confian�a.


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