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Estado de Minas

Solte a voz e diga n�o ao ass�dio masculino no carnaval

Folia de Momo combina com divers�o e alegria. Mas, durante os dias da festa, muita gente perde o limite e acha que na folia impera o vale-tudo. � nessa hora que movimentos femininos se unem e decidem soltar a voz para combater a importuna��o sexual


09/02/2020 06:00 - atualizado 09/02/2020 11:27

Não é Não! é um importante coletivo de mulheres no combate aos abusos durante o carnaval. Rede se espalha por 15 estados brasileiros e ganha voz na multidão contra o machismo
N�o � N�o! � um importante coletivo de mulheres no combate aos abusos durante o carnaval. Rede se espalha por 15 estados brasileiros e ganha voz na multid�o contra o machismo (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

Epis�dios de viol�ncia f�sica e sexual contra mulheres s�o cada vez mais recorrentes. Reflexos da vulnerabilidade frente � intoler�ncia e ao machismo, infelizmente algo at� hoje arraigado no Brasil. E os caminhos para solucionar o inc�modo s�o grandes desafios. Mesmo que circunst�ncias assim sejam cotidianas, no carnaval os relatos se amplificam e a hist�ria se repete. Quando se aproxima essa �poca do ano, cresce o alerta e a necessidade de dar visibilidade � quest�o.

Esse � um assunto delicado e complexo e, por outro lado, aumenta a organiza��o da sociedade civil na perspectiva de a��es de enfrentamento ao problema. Iniciativas de combate a tais aborrecimentos s�o verdadeiros gritos pela urg�ncia de transforma��o atrav�s da educa��o e conscientiza��o dos indiv�duos, ainda mais entre os foli�es. Afinal, beijos roubados nem sempre s�o bem-vindos.

Movimento iniciado no Rio de Janeiro em 2017, o coletivo N�o � N�o! � exemplo de uma atitude coordenada para combater a importuna��o sexual contra mulheres no per�odo da festa. Al�m do objetivo de sensibiliza��o da popula��o sobre o tema, uma das frentes de atua��o � identificar e punir os abusadores, que por vezes se perdem na multid�o em poucos segundos, coibindo os excessos para dar voz �s mulheres. A ideia � distribuir tatuagens para elas com os dizeres que batizam o projeto, e o espectro de alcance aumenta dia a dia.
 

'No carnaval, as mulheres est�o mais expostas, com roupas curtas, aproveitando a festa, com o corpo na rua. As pessoas se sentem no direito de assedi�-las. Mas, independentemente do que ela veste ou de onde est�, � algo que n�o deveria existir'

Soraia Cabral, professora de dan�a

 

A origem do N�o � N�o! � um caso grave de ass�dio ocorrido em um ensaio de bloco na capital fluminense, presenciado por cinco amigas. Elas decidiram se unir, conceberam a proposta e, do pr�-carnaval at� os dias oficiais de folia, j� tinham produzido milhares de tatuagens para distribuir entre o p�blico feminino. A abrang�ncia foi, no entanto, muito maior do que imaginaram em um primeiro momento. 

Dali pra frente, perceberam a demanda sobre o tema e o grande potencial da proposi��o para se expandir al�m dos limites da cidade. Em 2018, o movimento j� acontecia em cinco estados – Rio de Janeiro, S�o Paulo, Minas Gerais, Goi�s e Bahia – e no Distrito Federal. Hoje, o n�mero de unidades da federa��o que aderiram � proposta chega a 15: Amazonas, Par�, Piau�, Pernambuco, Bahia, Distrito Federal, Minas Gerais, Rio de Janeiro, S�o Paulo, Esp�rito Santo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paran�, Goi�s e Maranh�o. Ao todo, no Brasil, s�o 80 mulheres na coordena��o ligada ao movimento e, na equipe em Minas Gerais, s�o oito. 

Arquiteta por forma��o com atua��o como produtora cultural e de carnaval, Luiza Alana, de 30 anos, � uma dessas coordenadoras – ela � embaixadora em Minas Gerais do projeto. Luiza participa dos blocos Unidos do Samba Queixinho e A Roda. No estado, no primeiro ano do N�o � N�o!, em 2018, eram sete blocos parceiros e, em 2020, ser�o 35, sem contar outros coletivos e a��es individuais, todos comprometidos com a pauta.

O carnaval � tempo de levantar bandeiras, e em Belo Horizonte � bem politizado. Mas ainda estamos crus em a��es para coibir atitudes de ass�dio. Chamamos a aten��o para a defesa da mulher, abrimos o di�logo. Ao longo dos �ltimos tr�s anos, entretanto, nos deparamos com uma certa dificuldade de entender de onde surge tudo isso. Falamos para as mulheres, mas tamb�m para os homens. Se eles pararem de assediar, j� � um grande avan�o. A �nica regra que respeitamos � disponibilizar as tatuagens apenas para elas.” 

ADESIVOS 


Entre os mecanismos de funcionamento do movimento est�o as campanhas de financiamento coletivo. Quem resolve ajudar o projeto com a doa��o espont�nea de dinheiro ganha recompensas em produtos relacionados ao carnaval, como gl�ter, acess�rios carnavalescos, ecobags, copos e camisas. Do in�cio at� aqui, come�aram a ser elencados representantes e lideran�as em cada regi�o do pa�s, al�m de produtores locais, e as campanhas passaram a ser particularizadas, conforme a regi�o onde acontecem.
 
 “Em 2019, compreendemos que o carnaval � diferente em cada lugar, e demos in�cio �s campanhas locais, firmando parcerias e movimentos pr�prios de acordo com as demandas regionais. O intuito � personalizar o trabalho para melhor�-lo em qualidade”, explica Luiza Alana. 

Em Belo Horizonte, a campanha foi encerrada em janeiro com todas as metas alcan�adas. Foram mais de R$ 12 mil arrecadados, montante que chegou a R$ 200 mil no Brasil. Todo o trabalho � volunt�rio, e a verba � destinada a pagar os produtos que os participantes recebem e uma parcela para produ��o e distribui��o das tatuagens, oferecidas gratuitamente. Na capital, ser�o distribu�das 25 mil tatuagens, 9 mil no interior de Minas Gerais e pelo menos 200 mil no pa�s.

Graduada em design de ambientes e com empregos como recepcionista e professora de dan�a, Soraia Cabral, de 30, � uma das parceiras do N�o � N�o! em Belo Horizonte. O movimento na capital mineira come�ou t�mido e ela, antes apenas apoiadora e neste ano na equipe de coordena��o, assiste ao crescimento vertiginoso da iniciativa em terras mineiras. “O N�o � N�o! trouxe para BH uma pauta importante. Percebemos como as mulheres v�m ganhando for�a para falar sobre o problema, com uma abertura maior, fazendo do corpo uma ferramenta de discuss�o. E acaba que isso chega at� os homens tamb�m. Eles se policiam e entendem que ass�dio � crime. Que quando a mulher fala n�o, � n�o. E isso � diferente do flerte ou da paquera”, diz Soraia, que participa de oito blocos na cidade. 

Ela pondera que epis�dios de ass�dio ocorrem continuamente, mas nesta �poca do ano � um tema ainda mais urgente. “No carnaval, as mulheres est�o mais expostas, com roupas curtas, aproveitando a festa, com o corpo na rua. As pessoas se sentem no direito de assedi�-las. Mas, independentemente do que ela veste ou de onde est�, � algo que n�o deveria existir”, alerta.


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