
A falta de uma boa noite de sono j� faz parte da experi�ncia de vida de Rufo de Assis, de 6 anos. Aos 4, a crian�a sofria de crises de bronquite que n�o a deixavam dormir direito. O fato marcou o pequeno, que at� hoje se lembra bem das noites maldormidas. “Um abra�o da minha m�e, dormir com ela e um rem�dio especial para as crises ajudavam a me sentir melhor e conseguir dormir, mas um dia eu dormi na carteira da escola”, conta.
A professora de l�ngua francesa Ra�ssa Palma, m�e de Rufo, relata que as crises de bronquite eram mais frequentes aos 4 e 5 anos e que, nessa �poca, ela sofria junto com o filho as consequ�ncias de uma noite em claro. “A falta de sono � muito prejudicial em qualquer est�gio da vida, mas nas crian�as � mais. Ele vivia com olheira e um queixo mais retra�do. Ficava sem energia, com sono ao realizar as atividades e isso prejudica o rendimento escolar.”
Ra�ssa conta que a outra filha, Flora de Assis, irm� g�mea de Rufo, tem problemas com a ins�nia. Muito diferente do irm�o, Flora n�o tem problemas respirat�rios e na maioria das noites dorme melhor e a vontade de ficar mais tempo na cama n�o interfere nas atividades do dia a dia. “Ainda assim, a Flora me surpreende com uns quadros frequentes de ins�nia. Sem nenhum motivo aparente, simplesmente acorda durante a noite e, sem reclamar, fica na cama tentando voltar ao sono; quando est� esgotada de tanto tentar, ela me procura. J� aconteceu de amanhecer e ela ainda estar acordada”, diz.

Mesmo sendo irm�os g�meos e apresentarem problemas diferentes, as realidades vividas por eles des�guam em um mesmo rio, o do sono, e que hoje virou pesquisa na Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop).
Pensando nesse fato crescente, a acad�mica do 9º per�odo de medicina da Ufop J�ssica Camargo sempre teve o desejo de pesquisar algo relacionado � pediatria e viu que pesquisas sobre os dist�rbios do sono em crian�as nunca foram feitas na cidade.
“Por gostar muito da pediatria, eu e as alunas Fl�via Drumond e Marcela Assun��o montamos um grupo para o desenvolvimento da pesquisa com o apoio das professoras e m�dicas pediatras Cibelle e Ana Lu�za.”
Pensando nesse fato crescente, a acad�mica do 9º per�odo de medicina da Ufop J�ssica Camargo sempre teve o desejo de pesquisar algo relacionado � pediatria e viu que pesquisas sobre os dist�rbios do sono em crian�as nunca foram feitas na cidade.
“Por gostar muito da pediatria, eu e as alunas Fl�via Drumond e Marcela Assun��o montamos um grupo para o desenvolvimento da pesquisa com o apoio das professoras e m�dicas pediatras Cibelle e Ana Lu�za.”
Assim nasceu a pesquisa “Dist�rbios de sono em crian�as de Ouro Preto”, da Escola de medicina da Ufop que vai avaliar a preval�ncia dos dist�rbios do sono e fatores associados em crian�as de 6 meses a 9 anos na cidade.
De acordo com a professora e coordenadora do projeto Cibelle Louzada, o dist�rbio do sono mais comum na faixa et�ria pedi�trica � a ins�nia. Entretanto, a crian�a tamb�m pode ter seu sono prejudicado por dist�rbios respirat�rios, parassonias, dist�rbios de movimentos relacionados ao sono, dist�rbios do ritmo circadiano e hipersonias de origem central.
Conforme o artigo “Dist�rbios do sono na inf�ncia”, publicado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o sono exerce um papel fundamental no crescimento e desenvolvimento infantil e a ins�nia � o dist�rbio do sono mais prevalente na faixa et�ria pedi�trica, acometendo at� 30% das crian�as.
ISOLAMENTO SOCIAL
A pandemia do novo coronav�rus mexeu com a rotina das pessoas e se tornou um pesadelo na vida de adultos e crian�as. Diferentemente dos fantasmas, de quem, ao acordar, as crian�as j� se sentem aliviadas, a COVID-19 � o novo bicho-pap�o dos pequenos pelo fato de agora estarem privados do conv�vio social.
Segundo a coordenadora do projeto, os familiares de crian�as de 6 meses a 9 anos de Ouro Preto poder�o manifestar interesse em participar do estudo entrando no perfil do projeto no Instagram. Depois, ser� enviado por e-mail o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e um question�rio. Tal question�rio, proposto pelas pesquisadoras, consiste em uma adapta��o do “Question�rio de h�bitos de sono das crian�as (CSHQ-PT)” e do “Question�rio de h�bitos de sono das crian�as para beb�s com menos de 12 meses (CSHQI-PT)”, validados para o idioma portugu�s e publicados no Jornal de Pediatria da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Entre as 50 quest�es do question�rio que ser�o respondidas pelo adulto respons�vel pela crian�a ter�o perguntas in�ditas, a fim de avaliar os impactos da pandemia do novo coronav�rus e do isolamento social no sono das crian�as de 6 meses a 9 anos de idade. Para garantir a seguran�a, tudo ser� feito por via eletr�nica, as participa��es ser�o volunt�rias e an�nimas. As respostas analisadas pelas pesquisadoras e os resultados ser�o divulgados para a popula��o.
LEGADO
A pesquisa contribuir� para melhor identifica��o e manejo dos dist�rbios do sono. Segundo a coordenadora, o sono � fundamental para o desenvolvimento, contribuindo para a sa�de f�sica, controle emocional, fun��o cognitiva e melhora na aten��o e no comportamento na faixa et�ria infantil. Os impactos negativos de um sono inadequado s�o in�meros: problemas de aten��o e mem�ria, impulsividade, ansiedade, irritabilidade, sonol�ncia diurna. “Dist�rbios do sono s�o comuns e, na maioria das vezes, subdiagnosticados na faixa et�ria pedi�trica, tendo impacto negativo n�o apenas na crian�a, mas tamb�m em toda a sua fam�lia.
Para a aluna do 9º per�odo de medicina Ver�nica Vitoreti, a pesquisa possibilitar� confrontar conhecimentos engessados, bem como conhecer melhor a popula��o estudada, o que possibilita a constru��o de interven��es que ir�o beneficiar a comunidade.
“Durante a forma��o acad�mica, a pesquisa nos permite romper com dados preestabelecidos e, assim, incentiva nossa cr�tica e autonomia, para que, ao nos tornar profissionais, j� saibamos identificar, compreender e intervir da melhor forma em um problema”, diz.